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Corujão-orelhudo morre após engolir sonda e ficar com o objeto retido no estômago; espécie é a única do gênero nas Américas | Presidente Prudente e Região
Uma ave da espécie Bubo virginianus, conhecida popularmente como corujão-orelhudo, morreu após engolir uma sonda, que possui partes de plástico e de metal, enquanto um morador de Presidente Prudente (SP) tentava dar-lhe água. A história foi relatada pela médica veterinária Amanda Abonizio, que atendeu à ave na tentativa de salvá-la. Esta ave de rapina é a maior e também a única espécie deste gênero nas Américas. Amanda informou ao g1 que ficou sabendo da situação do animal quando uma mulher, que estava com a ave, ligou para ela perguntando o que poderia fazer. A veterinária não estava na cidade e recomendou que ela levasse o corujão para a Polícia Militar Ambiental. Uma bióloga entrou em contato com a veterinária, relatando que estava com a ave, pois ela não se apresentava bem de saúde. O animal deu entrada na clínica de Amanda, apresentando prostração e desidratação e com temperatura em torno de 35°C, o que para as aves caracteriza hipotermia severa. Além disso, a veterinária notou também uma lesão no olho esquerdo, ” que pode ser a causa inicial de o animal estar no chão, no dia em que foi encontrado”. Após uma avaliação, o animal foi encaminhado para radiografia de cavidade celomática, que confirmou a suspeita de ingestão de uma sonda rígida de alimentação. O objeto estava na região do proventrículo e do ventrículo da ave (estômago). “O animal foi internado para realização dos primeiros socorros, onde foi instituído tratamento de suporte. Por acesso intraósseo, foi possível administrar fluidoterapia e medicações adequadas. Além de intenso aquecimento do animal”, relatou a médica veterinária. Sonda foi retirada do estômago do corujão-orelhudo, mas a ave não resistiu — Foto: Amanda Abonizio/Cedida A profissional começou a estudar qual a melhor forma, e menos invasiva, para a retirada da sonda, que é um artefato tipicamente usado na alimentação de aves. “Pelo quadro crítico, ficou definido que seria realizada a remoção por endoscopia, o que dispensaria procedimento cirúrgico”, pontuou Amanda. No entanto, o corujão, que era macho, não resistiu ao quadro de saúde apresentado e morreu. Corujão-orelhudo chegou a passar por procedimentos veterinários, mas não resistiu — Foto: Amanda Abonizio/Cedida De acordo com o relato da veterinária, a ave chegou a apresentar melhora e responder ao tratamento durante a noite, porém, “mesmo com todo suporte, não mantinha temperatura dentro do normal e, infelizmente, o pior aconteceu”. A veterinária ainda fez um alerta às pessoas, quando encontrarem animais silvestres machucados, atropelados ou filhotes, de que eles exigem cuidados diferentes de acordo com cada espécie. “O que eu gostaria de deixar é um apelo pedindo para que os civis, quando encontrarem animais silvestres debilitados ou filhotes, se conscientizem e não tentem tratá-los em casa por conta própria. Além de ser proibido legalmente [isso], esses animais exigem uma série de cuidados diferentes de acordo com cada espécie!”, reforçou Amanda. Ela também orientou sobre o que fazer quando as pessoas estiverem em uma situação dessa. “Ao encontrar um animal silvestre, deve-se acomodar em uma caixa de transporte/papelão, retirando o animal das vias, e procurar imediatamente a Polícia Militar Ambiental, ou ainda o médico veterinário especializado e habilitado no atendimento de silvestres”, finalizou a profissional. Em nota ao g1, a Polícia Militar Ambiental informou que animais silvestres vítimas de maus-tratos, em vulnerabilidade ou apreendidos são destinados para centros de triagem autorizados pelo Departamento de Fauna do Estado de São Paulo. “No caso em referência, fomos procurados por uma pessoa com um animal silvestre bastante debilitado. Buscamos contatos para o atendimento imediato, porém, existe necessidade de deslocamentos para outros municípios conforme o tipo de animal e características do problema apresentado. Diante da necessidade de atendimento mais urgente, a ave foi encaminhada para uma veterinária com especialidade em animais silvestres que se prontificou a dar o primeiro atendimento ao animal”, pontuou a corporação. Exame de raios-X constatou que o corujão-orelhudo havia engolido a sonda — Foto: Cedida A ave da espécie Bubo virginianus, conhecida como jucurutu, corujão-orelhudo e mocho-orelhudo, possui 52 centímetros e pesa mais de um quilo. Está distribuída dos Estados Unidos à América do Sul. No Brasil, aparece na Amazônia, no Centro-Oeste, no Nordeste e ainda no leste do país. Esta ave de rapina é a maior e também a única espécie deste gênero nas Américas. Ela vive à beira da mata, em capões e no campo (em geral perto d’água), caça pequenos mamíferos e aves e, normalmente, usa o ninho de outras aves para colocar seus ovos ou o faz no chão. Mesmo sendo grande, dificilmente é avistada durante o dia. Neste período, prefere se esconder em meio à folhagem ou em ninhos abandonados. Mesmo à noite, quando normalmente sai para se alimentar, é mais ouvida do que propriamente vista. Essa coruja, quando está na época reprodutiva, de julho a dezembro, costuma emitir um som peculiar, como se falasse “joão-curutu”. Corujão-orelhudo chegou a passar por procedimentos veterinários, mas não resistiu — Foto: Amanda Abonizio/Cedida Fonte: G1 |
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