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Footing: Como era o comportamento que marcou gerações e contribuiu para a formação de famílias ao longo da história de Presidente Prudente
Casais lembram como se dava a paquera entre as décadas de 1950 e 1970. Footing marcou gerações em Presidente Prudente; saiba como era realizado Imagine-se em uma viagem no tempo para Presidente Prudente (SP) ainda nas décadas de 1950 a 1970, quando ainda era apenas uma “cidade menina”. As moças trajavam seus melhores vestidos e saias rodadas e os rapazes saíam das vilas para caminhar na área central. Esse era o footing. Do inglês, “ir a pé”, o ponto de encontro que era realizado na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho marcou gerações que por ali buscavam se divertir e, quem sabe, encontrar o amor (assista ao vídeo acima). 📱 Participe do Canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Footing ocorria na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente (SP) Prudente de Antigamente Nesta reportagem especial, publicada neste 14 de setembro em que a cidade completa 107 anos de fundação, o g1 explica como acontecia o footing e por que tantas vidas ficaram marcadas pelo passeio. A diretora do Museu e Arquivo Histórico “Prefeito Antônio Sandoval Netto” e secretária municipal de Cultura, Valentina Tereshkova Trugilo Romeiro, explicou que o footing ocorria desde quando a Praça Nove de Julho era só um passeio público e, ainda assim, o ponto de encontro de muitos jovens. Desde então, cerca de três gerações passaram por ali. Footing ocorria na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente (SP) Museu e Arquivo Histórico “Prefeito Antônio Sandoval Netto” Flertar, trocar olhares, sorrir, tentar namorar, cativar um pretendente e conquistar uma paquera eram ações que faziam parte do encanto das noites no fim de semana. Era um momento de beleza, como também era algo natural e integrava a organização de qualquer cidade, descreveu o escritor Benjamin Teodoro de Resende, de 91 anos. Os rapazes ficavam parados nas beiradas das calçadas, tanto da direita quanto da esquerda, enquanto as moças se dividiam e passavam em grupos de três a cinco mulheres, todas de braços dados, ao centro. “O footing era uma super paquera. Naquele tempo, nem se falava em mandar beijo, era apenas mais os olhares que funcionavam e isso era um jeito da gente tentar começar um namoro. Funcionava pelo carinho, pela atenção dos jovens da época que iam para esses lugares e que dali nascia um namoro e, logo depois, com um tempo, o casamento. Funcionava como um encanto da cidade e para os jovens”, detalhou Resende. Roberto Gonzáles Montero e Aparecida Guimarães Montero estão juntos há 49 anos Cedidas Nas ondas do alto-falante 🔈 Roberto Gonzáles Montero, de 76 anos, descreveu que o footing era organizado por um serviço de alto-falantes. Havia um no Edifício Cruzeiro do Sul, que era um bar, e outro na Praça da Bandeira, os quais eram interligados e tocavam músicas e as notícias do dia. Além disso, os rapazes tinham o costume de pagar para que o locutor da época, Wolfgang Bendrath Júnior, lesse o bilhete que escreviam dedicando uma canção para a amada. Geralmente, as declarações descreviam as aparências, as roupas e quem estava acompanhando tanto a mulher quanto o homem. A sonoplastia também datava o encerramento do footing, às 22h, quando as moças corriam para voltar para a casa. Além de servir para informação e entretenimento, visto que, na época, não eram todas as pessoas que tinham condição financeira de ter um rádio em casa. “Era um ponto de encontro, você podia encontrar com uma colega, com a própria namorada, com um amigo. Nossas opções de lazer, naquela época, eram a fonte luminosa, a banda Sete de Setembro, que tocava das 20h às 22h no coreto da Praça Nove de Julho e iam em torno de 300 pessoas, logo após a missa e tinha também o alto-falante que tocava, dava as informações e o apresentador era o Bendrath Júnior, que foi um dos últimos”, lembrou ao g1. Roberto Gonzáles Montero contou que começou a frequentar o footing com 16 anos Júlia Guimarães/g1 Montero também explicou que o footing era um passeio normal, mas, como não havia televisão naquela época, era o predileto do domingo, dia em que mais enchia de pessoas. “O movimento era imenso. Inclusive, esse footing continuava ao redor da fonte luminosa, que era toda colorida, era muito bonita e também onde era o antigo bar do Jardineiro, naquela calçada continuava ali também, onde hoje é a Polícia Militar”, pontuou. Ele também detalhou que perto do passeio, na Praça Nove de Julho, havia um tipo de palanque, onde eram realizados comícios e shows com bandas e cantores vindos de São Paulo (SP), como a dupla Ouro & Prata. Nas idas e vindas pela Rua Tenente Nicolau Mafei, em 1971, Roberto começou a namorar a esposa, Aparecida Guimarães Montero, de 73 anos. Aparecida Guimarães Montero contou que gostava de passear pelo Centro de Presidente Prudente (SP) Júlia Guimarães/g1 Cida, como é chamada pelos familiares e amigos, detalhou que conhecia o marido havia mais de três anos, mas não dava bola para ele porque estava namorando outras pessoas. “Eu conheci o Roberto no footing e ele lá, sempre pedindo para descer comigo. Ele vivia no meu pé. Depois, como eu não estava namorando com ninguém, falei para ele que eu iria tentar. Fiquei namorando para tentar porque eu queria ter uma família, queria casar e ter uma família porque eu morava longe da minha mãe, ela morava no São Judas e eu morava no emprego”, explicou ao g1. Aparecida Guimarães Montero detalhou como funcionavam os casamento na época Júlia Guimarães/g1 Ela também relembra que, naquela época, a mulher para qual trabalhava não a deixava sair, apenas no fim de semana, mas, como todas as moças, deveria estar em casa às 22h. “Eu não ia para lugar nenhum, eu só ia passear, andar na rua. Eu gostava de andar, passear, paquerar os outros. Paquerava um monte, nossa, cada esquina eu tinha um. [risos] Naquele tempo não tinha outra coisa, só tinha aquilo para a gente ir. Saía do serviço e ia no footing no domingo. Só ia no domingo também. Em dias de semana, diziam que tinha, mas eu nunca fui”, pontuou Aparecida. “Eu só tinha uma amiga, uma colega que se chamava Dinaura, eu ia no emprego dela, que era ali na Rua Barão do Rio Branco. Eu ia lá ou ela vinha cá, em casa. A gente ia junto e depois ela dormia comigo”, completou. Após apresentar Roberto para a família, ela contou que o pai, inicialmente, não foi a favor do casamento. E, após o confrontar, pois não desejava “ficar na casa dos outros a vida inteira”, se casou com 24 anos. Roberto Gonzáles Montero contou que começou a frequentar o footing com 16 anos Júlia Guimarães/g1 Hoje, Aparecida e Roberto estão casados há 49 anos e têm um casal de filhos, três netas e um neto. Eles relatam que muita coisa mudou da década de 1970 para cá. “Mudou bastante coisa. As coisas daquela época nem existem mais, acabou tudo. Hoje em dia, você não pode ficar na rua, os outros mexem com você de dia, aprontam, é até perigoso você sair na rua”, ressaltou Aparecida. “Depois que chegou a televisão, acabou até o cinema, hoje é só em shopping, dificultou o acesso, o povo deixou de sair para as ruas”, completou Montero. Alice Aparecida Dotta Ximenes e Osvaldo Gonzáles Ximenes começaram a namorar no footing Cedida Paixões desde os tempos de escola 📚 Apesar de sempre terem estudado juntos no Colégio Doutor José Foz, na Vila Furquim, Alice Aparecida Dotta Ximenes, de 72 anos, e Osvaldo Gonzáles Ximenes, de 73 anos, nunca tiveram amizade. Embora ele afirme que, desde aquele tempo, já existia uma paquera entre os dois. Com risadas, eles contaram sobre o primeiro bailinho que foram juntos após se encontrarem no footing. “A gente desceu conversando, ele falando sobre as balanças dele, que ele tinha que fazer um serviço lá não sei aonde. Só falava de serviço. Só serviço, até hoje”, relembrou Alice. “Nós saímos da praça e fomos num baile na Rua Primeiro de Maio, um jogador do Corinthinha passou a mão no seu cabelo e você já virou a baiana [gargalhadas], já queria bater nele. Essa menina ficou brava. Eu fiquei até com vergonha”, completou Ximenes. Footing ocorria na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente (SP) Pedro Aqualti Para o casal, que começou a namorar no footing, o passeio nada mais era do que um ponto de encontro entre os jovens. “Footing quer dizer flerte. Flertar era namorar, conquistar. Mas ninguém falava flerte, inventaram um apelido: footing”, pontuou Ximenes. “Era a semana toda aguardando chegar o domingo para encontrar o pessoal que você viu no domingo passado. Tanto os colegas quanto as pessoas que você ia ver, ia paquerar, ia flertear. Tinha o local certinho de encontrar os colegas. E a segunda-feira demorava para chegar sábado, porque durante a semana, não tinha nada”, complementou. Já para Alice, era um momento de “diversão de paquera, de ver um moço bonito”. Ela relembra que as meninas, sem preguiça, saiam dos bailinhos, tomavam banho correndo, se arrumavam e iam para o passeio. “Era bem divertido, eu gostava. Um ponto de encontro, um ponto para você encontrar, arrumar um namorado porque, antes, não tinha isso de conhecer pelo celular, era um ponto de encontro para você arrumar namorado”, contou Alice. Alice Aparecida Dotta Ximenes e Osvaldo Gonzáles Ximenes começaram a namorar no footing Arquivo pessoal “As meninas andavam todas de braços dados, então, elas olhavam os moços e os moços frenteavam elas. Se dava certo, o moço saía e ia do lado dela. Aquela que tinha paquera, ficava do lado, nas beiradas. O moço ia ao lado, conversando. Dava uma volta, assim, conversando. Não deu certo? Ele saía fora e ia em outra”, relembrou Ximenes. Ainda segundo ele, os homens deveriam estar com os sapatos bem engrachados, com a roupa toda passada, até formar vinco. “A gente trocava olhares e sorrisos até no outro domingo, depois de três, quatro domingos, que ia tomar coragem. E com o cigarrinho no dedo, porque, com 16 anos, se não tivesse o cigarro, não era homem. Depois, para largar, teve que ser mais homem ainda. Tinha que ser hominho, se o rapaz não tivesse com o cigarrinho no bolso ou na mão, não falava com a menina de jeito nenhum. Ia falar com a menina e já tinha que acender o cigarro”, afirmou o aposentado ao g1. Ainda segundo Ximenes, para conseguir conversar com uma menina, o rapaz deveria perguntar se poderia a acompanhar até em casa, mas a moça jamais poderia ir sozinha com ele. “Eu era reservada. Eu não dava trela para qualquer um, não. Eu tinha minhas amizades, eu tinha cinco colegas e eram só aqueles cinco colegas que eram só os meus colegas”, explicou Alice ao g1. O domingo era um dia agitado para os prudentinos, os jovens se dividiam entre as idas aos bailinhos e ao cinema, que era em frente ao footing. Após saírem das sessões, “já ficavam para o fervo”. “Era um passeio obrigatório porque não tinha outro. Acabava a missa, era o footing”, pontuou Ximenes. Footing ocorria na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente (SP) Arquivo José Carlos Daltozzo Além disso, ele explicou que a Praça Nove de Julho era dividida em grupos: a maior concentração de pessoas era na fonte luminosa; os casais mais idosos ou com filhos ficavam por perto; em frente à fonte, havia uma ilha bem larga onde tocava a banda Sete de Setembro e os casais de namorados se encontravam ali; onde há o Castelo Japonês Choju Komoda, ficavam os japoneses; e do outro lado da rua, ainda na calçada da praça, ficavam os negros. Nos bailes, “todo mundo tinha carteirinha”. O casal conta que pagavam caro para poderem dançar e, muitas vezes, havia poucas meninas disponíveis, já que só dançavam com rapazes que conheciam. “Para disputar uma menina para dançar, eu prefiro não dançar. Eu ficava o baile todo com os conjuntos tocando, aqueles conjuntos bons. Era a época da Jovem Guarda, tinha os Sombras, tinha os Temperamentais, os Notáveis”, citou. Além de Presidente Prudente, ele também presenciou o footing em outras cidades, como em Orlândia (SP) e em Guarapuava (PR). “Sabe o que era o footing lá? De trator, de domingo à tarde. As moças tomando sorvete nas sorveterias e nas calçadas e os moços passavam com os tratores lavados, os mais chiques. Pegavam os tratores dos pais, dos avôs e iam passear, paquerar com os tratores. Era desfile de trator”, relembrou. Alice Aparecida Dotta Ximenes e Osvaldo Gonzáles Ximenes estão juntos há mais de 52 anos Júlia Guimarães/g1 Conforme o casal, os anos foram passando, o ponto de encontro com os amigos foi mudando e, atualmente, as pessoas não se conhecem como antes. “Hoje, as pessoas se conhecem, já se encontram, não sabem nem quem é. Às vezes, não é a mesma pessoa que está lá, é a característica de uma outra pessoa que está lá. E, quando você vai se encontrar, não é nada a ver com a pessoa que você estava a falar”, alertou Alice. “Todo mundo se conhecia. Por exemplo, a missa da catedral acabava, no Natal, todo mundo se cumprimentava na rua. Você passava na rua, as casas com festa até convidavam o pessoal na rua para participar. Não todos, mas a maioria fazia isso, era mais começo de ano”, detalhou Ximenes. Hoje, Alice e Osvaldo estão juntos há mais de 52 anos e têm um casal de filhos e três netas. Lídia de Araujo Sanches e Silvério Sanches completam 60 anos de casados Júlia Guimarães/g1 Melhor do que nos filmes 📽 Lídia de Araujo Sanches, de 81 anos, e Silvério Sanches, de 82 anos, apesar de frequentarem o footing, não foi lá que se conheceram. Na Rua Bela, com janelas um de frente para o outro, o 14 de setembro tem um significado diferente para o casal. “Quando éramos jovens, eu me criei quase que na Vila Verinha. Nós íamos até a cidade em três primos. Éramos três primos e nós nos encontravámos na cidade, que naquele tempo tinha o tal de footing”, explicou Sanches. “As meninas passavam de lá para cá. Naquela época, usava muito fita no cabelo e a gente ia atrás das meninas, ‘Vamos puxar a fita’ e sair fora. Tinha menina que virava para trás e metia a mão na cara de quem estivesse ali perto. Eu já sabia que faziam isso aí, porque acontecia muito. Nós já puxávamos e raspávamos fora [risos]. Nós bagunçávamos muito, nós éramos muito bagunceiros”, completou ao g1. Silvério Sanches relembrou que amava ir ao cinema, chegando a acompanhar mais de uma sessão por dia Memorial Sorocabano Ele contou que gostava muito de ir ao cinema, tanto que, tinha vezes que emendava uma sessão na outra. “Eu gostava muito de cinema. Eu não gostava de circo, eu detestava circo. Quando tinha circo na cidade, ‘Ai, eu vou no circo’. Eu não, não gosto de circo. ‘De palhaço, basta eu’, eu falava assim com os caras. Eu não gostava de circo, mas de cinema eu gostava”, afirmou. Já Lídia, que já morava ao fim da Rua Bela, com cabelos longos e saias longas bem rodadas, vinha até o Centro acompanhada da irmã e de algumas vizinhas. “Coisa chata, mas era bom [risos]. Subia a pé e ficava lá passeando, era esse o nosso divertimento”, pontuou ao g1. Ela detalhou que conheceu o marido de uma janela para outra, quando ele saiu da chácara onde morava e passou também a residir na Rua Bela. “Eu tive namorada, namorei umas 500 moças, mais ou menos. Eu não parava com ninguém. Eu nunca fui de firmar namorada. Aí eu comecei a namorar com ela [Lídia], acho que no meio de junho. Setembro já nos encontramos”. Lídia de Araujo Sanches e Silvério Sanches se conheceram quando eram vizinhos Acervo do casal No desfile de 14 de setembro, quando ainda eram realizados durante a noite, o casal fugiu para ficar junto, já que a mãe não gostava de Silvério e queria que ela se casasse com outro. “Foi dia 14 de setembro. Só fui no desfile e fiquei. O desfile era de noite, por isso que eu não voltei, fiquei com medo de a minha mãe me bater”, contou Lídia ao g1. Sanches disse que não entendia os motivos de a sogra não gostar dele. Como sua mãe havia falecido, ele ajudava o pai a cuidar da casa e trabalhava. Ele complementou que, quando o pai resolveu sair de casa para trabalhar com o tio em uma plantação de arroz, em Presidente Epitácio (SP), acabou ficando sozinho na casa com os irmãos. “Quatro irmãos, o outro estudava, o outro era pequeno e estudava. E eu falava: ‘Eu vou cozinhar como?’ Então, eu trabalhava na marcenaria e eu levava marmita. Eu lavava roupas pequenas, tinha uma irmã que morava perto, e a roupa maior ela lavava para nós. Passar roupa, eu que fazia. Eu passava minha roupa, naquele tempo usava muita calça de linho e era ruim de passar. Eu e meu irmão, nós passávamos a roupa toda, camisa, calcineira, passávamos todinha. Não sei porque a velha não gostava da gente, porque nós trabalhávamos”, explicou Sanches ao g1. Ele completou que a esposa veio do Paraná para Presidente Prudente e tinha um namorado que era português. “Ela tinha um namorado e era um português burro. Eu falei burro porque ele não se casou com ela. Comecei a namorar. Aí, o português quis voltar com ela novamente”, afirmou o aposentado. “Mandou carta e mostrei até para o Silvério. Cheguei em casa e minha mãe falou assim: ‘Você vai casar com o Antônio, você vai casar com o Antônio’, eu falei ‘Casa a senhora’, eu não aguentava mais. Aí eu firmei com o Silvério, falei ‘Agora que eu vou casar’. Não pode uma pessoa casar com outro para fazer pirraça, eu acho que o casamento tem que ser por amor”, complementou Lídia. Orgulhoso, Silvério Sanches mostra a foto de seu aniversário de 25 anos de casamento Júlia Guimarães/g1 Sanches explicou que, como o desfile acabou tarde, ele levou Lídia para sua casa, que era em frente a dela. Quando o irmão a encontrou, o marido conta que pediu para que a mãe de Lídia ficasse calma, que iria conversar com ela. “E a velha estava lá, estava até bufando. Ela falou assim: ‘Bonito o que você fez, seo Silvério’. E eu disse: ‘A culpada é a senhora. A senhora é a culpada de tudo. Por que você não quer que ela namore comigo? O que você achou comigo? Que bronca que você tem comigo? Eu não fiz nada para a senhora’. Ela falou: ‘Não há para fazer’. Falei: ‘O que você quiser decidir, nós decidimos. Ou a senhora quer ela de volta?’ ‘Ah, você não vai fazer isso’. Falei: ‘Não. Se eu fugi com ela, é porque eu quero viver com ela’”, relembrou. Ele completou que, como a fuga havia ocorrido no fim de semana, na segunda-feira já tinha ido até o cartório e marcado a data do casamento. Lídia de Araujo Sanches contou que se formou em corte e costura Júlia Guimarães/g1 “Na igreja, nós casamos no sábado de manhã. Estava cheio de crianças da catequese na catedral. Aí estava o meu primo Jair, e o meu cunhado Antônio de testemunhas. E as crianças da catequese. Eu falo ‘Namoro longo e festa, não traz felicidade para ninguém’. Exatamente, foi essa história aí, já dura 60 anos. Então, melhor do que isso, estraga”, pontuou Lídia. “Namoramos nem três meses e vamos fazer 60 anos agora em outubro. Namorar demais resolve? Nada”, complementou o marido. Lídia e Silvério têm quatro filhos homens e dez netos e, para se divertirem, gostam de sair para dançar toda sexta-feira. “Meu hobby é ir no baile dançar. Ontem, fui chegar, não aguentei e fui embora. Eu gosto de tudo. A gente gosta de dançar, de ir nas quermesses, viajar, tudo de bom viajar”, finalizou Lídia. Footing ocorria na na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente (SP) Arquivo José Carlos Daltozzo Memórias de uma geração 🖼 Sanches ainda contou que trabalhou para a ferrovia desde 1964, quando entrou para o serviço de linha e, com o tempo e com os concursos que realizava, foi subindo de posições e melhorando o cargo. Desde então, viu muitas coisas da cidade irem mudando, como as estradas de terra se tornando grandes avenidas que cortam a cidade. “Presidente Prudente mudou muito e a vida da gente também. É melhor agora, antes era muito difícil. Eu ficava muito fora e era mesmo um caso sério para me comunicar com a mulher. Eu tinha o telefone em casa, mas eu não tinha como me comunicar com ela. Para falar com ela, era a cada três, quatro dias, eu tinha que comprar aquela ficha e ia colocando no orelhão. E, veja, era cinco minutos, acabava com 50 fichas quase”, completou. Footing ocorria na na Rua Tenente Nicolau Maffei e na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente (SP) Acervo Klaus Jürgen Mahrenholz Montero e Ximenes também relembraram que o footing acabou após a virada da década de 1970. “Com a reforma da rodoviária velha, os ônibus da Andorinha saíam ali da praça, na Rua Joaquim Nabuco, com a Rua Tenente Nicolau Maffei, embaixo do prédio do Peretti. Quando o ônibus ia atravessar o footing, todo mundo ficava bravo. Os ônibus começaram a atrapalhar o footing e ele foi acabando. Começou a aumentar mais ônibus, atrapalhou o footing”, finalizou Ximenes ao g1. Conforme os idosos, Presidente Prudente foi crescendo, assim como os pontos da cidade. “Com o passar dos anos, as coisas foram mudando e a cidade crescendo, claro, e as organizações mudando também, existem agora vários locais na cidade. De encontro, existem várias tribos, que a gente costuma dizer, de jovens e de faixas etárias diferentes, com gostos diferentes”, explicou Valentina. Ela completou que os encontros são mais diversificados e promovidos por aqueles que têm um gosto musical e cultural diferente, além dos “coletivos que ocupam uma grande parte da cidade, praças, os entornos fazendo suas apresentações, rimas, seus poemas e suas apresentações culturais”. “Hoje, a cidade diversificou, não fica mais concentrada em um lugar só. E o jovem prudentino procura aquilo que ele se identifica, existem várias opções nesse momento”, concluiu a secretária ao g1. Footing ocorreu em Presidente Prudente (SP) até a década de 1970 Acervo José Caetano SilvaVeja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região. Fonte: G1 |
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