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MÍDIAS SOCIAIS
cobertura internacional busca contrapontos e contextos
A mídia pública brasileira, que inclui a Agência Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), deve contribuir como contraponto à visão dominante na cobertura jornalística das principais agências internacionais de notícias, que acaba sendo reproduzida pela mídia empresarial do Brasil. A avaliação é de professores e especialistas em comunicação que avaliaram a importância da Agência Brasil na cobertura internacional em meio ao aumento das tensões geopolíticas no mundo. A principal agência pública de notícias do país completou 35 anos no último dia 10 de maio. ![]() ![]() Professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) André Buonani Pasti. Foto: André Buonani Pas/Arquivo pessoalPara os analistas, o papel da mídia pública nacional é reportar os acontecimentos globais sob o ponto de vista do Brasil enquanto um país da periferia do sistema global, também chamado de Sul Global. O gerente executivo da Agência Brasil, Fernando Rosa, destaca que o veículo busca apresentar ao leitor os contextos dos principais fatos e acontecimentos internacionais para contribuir com uma melhor compreensão do mundo em um momento de grandes transformações geopolíticas. “Nossa cobertura procura apresentar contextos e pontos de vistas que, muitas vezes, tem pouco destaque na mídia mais tradicional em um esforço de aumentar o leque de informações para a sociedade brasileira sobre um mundo em profunda mudança”, comentou. Um exemplo foi o esforço de contextualização da guerra na Faixa de Guerra, com matérias sobre o sionismo, a Nakba, os acordos de Oslo e o Hamas. Ele cita ainda a cobertura de importantes eventos como o Brics, o G20 e a COP, no Azerbaijão. “O conflito atual em Gaza começou há mais 75 anos e é importante conhecer suas raízes e desdobramentos para uma compreensão mais profunda do que acontece na região”, completou Rosa. O professor André Buonani Pasti, que pesquisa agências de notícias internacionais, ressalta que as principais empresas jornalísticas do mundo mantêm vínculos com os Estados a que pertencem.
Pasti cita, por exemplo, a cobertura “amplamente pró-Israel, no conflito Israel-Palestina, assim como uma cobertura quase de propaganda da Guerra da Ucrânia. Isso não ajuda a informar. É um problema”. Essa avaliação é reforçada pelo jornalista brasileiro Matias M. Molina, em seu livro Os Melhores Jornais Do Mundo, no qual destaca o papel dos principais jornais dos Estados Unidos (EUA) – como o New York Times e o The Washington Post – no apoio às guerras do Vietnã e do Iraque. Segundo ele, esses periódicos reproduziram a visão oficial da Casa Branca, inclusive sustentando a falsa acusação de que o Iraque mantinha armas de destruição em massa. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Jornalismo empresarialO professor de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) José Arbex Junior avalia que a cobertura internacional da mídia empresarial do Brasil utiliza as “lentes” das principais agências estrangeiras de notícias, em especial, dos Estados Unidos e da Europa.
O professor de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Ivan Bomfim destacou que o jornalismo não é neutro e que ele vem carregado de valores construídos a partir de compreensões de mundo das empresas que o patrocinam.
Segundo o professor José Arbex, a mídia empresarial do Brasil está comprometida com interesses de corporações econômicas e financeiras internacionais, o que influencia sua cobertura.
Jornalismo público![]() ![]() Professor de Jornalismo José Arbex. Foto: Damião A. Francisco/DivulgaçãoPara o professor de jornalismo José Arbex, a mídia pública tem condições de fazer uma cobertura diferente por não estar vinculada diretamente a interesses econômicos e estrangeiros.
Segundo ele, a mídia pública tem condições, por exemplo, de apresentar o conflito de Gaza como um massacre perpetrado por Israel e uma limpeza étnica contra o povo palestino. “Os grandes veículos empresariais não reconhecem o genocídio na Palestina”, diz. Para o especialista, é importante ter uma visão brasileira do cenário internacional, o que “não é a mesma cobertura que o europeu vai ter, nem a mesma cobertura de um veículo estadunidense”. O fato de os demais veículos do Brasil, em especial os jornais locais, poderem reproduzir, gratuitamente, o conteúdo jornalístico da mídia pública reforça o papel central de uma cobertura internacional diferenciada, avalia o pesquisador da UFABC André Pasti.
Em 2023, a EBC fechou acordo para parceria com Agência de Notícias Xinhua, da China, para troca de conteúdo, além de ter acordo com a China Média Group e a TeleSur, da Venezuela. Há ainda negociações para acordos com mídias de Angola. ![]() ![]() Especialistas avaliamo cobertura jornalística do governo do presidente Donald Trump REUTERS/Leah Millis /Proibida reproduçãoTrumpO professor de jornalismo José Arbex citou, como exemplo de cobertura jornalística, o novo governo de Donald Trump, que tem ameaçado anexar o canal do Panamá, o Canadá, a Groenlândia, além de defender a expulsão dos palestinos da Faixa de Gaza.
O professor da UEPG Ivan Bomfim argumentou que, do ponto de vista do Brasil, como uma potência média sem grande poder militar e tecnológico, é mais interessante defender regras internacionais que sejam respeitadas por todos, e não que o mais forte prevaleça no cenário global, como tenta impor o presidente Trump.
Controle socialA possibilidade de a sociedade exercer alguma influência sobre a cobertura jornalística é, para o professor UFABC André Buonani Pasti, uma das principais diferenças entre a mídia pública e a empresarial.
Segundo o especialista, o controle é no sentido de poder acompanhar, opinar e contribuir com a cobertura jornalística, a exemplo do que ocorria por meio do extinto Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), empresa da qual a Agência Brasil faz parte, junto com a TV Brasil e as rádios EBC, como a Rádio Nacional. Em 2016, o presidente Michel Temer extinguiu o Conselho Curador com representantes da sociedade que opinavam, emitiam recomendações e faziam exigências à direção da EBC. No lugar, foi criado um Comitê Editorial que nunca foi instalado. Em 2024, a EBC criou o Comitê de Participação Social e elegeu os representantes da sociedade. O novo colegiado e o Comitê Editorial aguardam a nomeação dos conselheiros pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República. *Matéria atualizada às 13h53 Fonte: Agência Brasil |

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