Saber amazônico: tacacazeiras são agora patrimônio cultural do Brasil


No fim da tarde, em uma boa cuia, um tacacá servido quentinho, nas cidades amazônicas, é um prato indispensável. Feito de produtos da mandioca, camarão seco e jambu, a planta do tremor, a iguaria tem origem indígena e é preparada pelas tacacazeiras. Agora, o ofício dessas cozinheiras, guardiãs da receita, foi considerado patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural Nacional (Iphan).

Em geral, as receitas de tacacá são segredos de família passados de geração em geração. Cada uma tem seu jeito de equilibrar alcalinidade da goma e acidez do tucupi, temperados com chicória, alfavaca e até alho, variando em cada barraca.

A partir do registro como patrimônio, agora cabe ao Iphan a elaboração de um plano de salvaguarda para esse bem. A medida deve incluir formas de divulgação gastronômica, gestão dos pequenos negócios, acesso a matérias primas e melhoria dos pontos de venda.

Com 71 anos, tia Naza, de Manaus, conta que aprendeu a fazer o prato com a avó e a mãe. Faz 15 anos que a venda do produto é sua principal fonte de renda.

Orgulho

“O tacacá sempre existiu na minha vida, eu vendia no fim da tarde, depois do trabalho, em frente de casa. Formei dois netos advogados, dois médicos e um jornalista”, contou Maria de Nazaré. “Todos me ajudaram a servir o tacacá na banquinha”, lembrou. Nazaré esteve em Brasília esta semana e participou de reunião do Iphan onde comemorou a decisão. “Ser tacacazeira é ter orgulho dos nossos ingredientes únicos. A culinária amazônica é viva, potente e merece ser celebrada”, afirmou.

Com o passar dos anos, o caldo de tacacá aceitou variações. É servido com caranguejo, pipoca e até na versão vegana, com palmito ou azeitona. Também não é necessário mais procurar uma barraca na rua para sorver. Aplicativos entregam o prato em qualquer lugar.

As tacacazeiras garantem que, no isopor, também é bom. “Há quem diga que, se não for na cuia, não tem o mesmo sabor e eu sou uma delas, prefiro ir na banca, em uma das esquinas de Belém, onde estão os mais tradicionais, e experimentar”, ponderou a feirante Jaqueline Soares Fonseca, em vídeo, sobre o tacacá. O material foi exibido na reunião do Conselho Consultivo do Iphan.

Pesquisa

Para tornar o ofício de tacacazeira patrimônio cultural, o Iphan organizou um projeto de pesquisa e documentação sobre a tradição envolvida no preparo do prato e os saberes relacionados, desde a compra dos ingredientes até a comercialização. O trabalho foi realizado em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). A equipe esteve em sete estados documentando e ouvindo as cozinheiras sobre o registro como patrimônio cultural.

No dossiê que fundamentou a decisão de inscrever o ofício no Livro dos Saberes, o Iphan explicou que as tacacazeiras são “detentoras de saberes e segredos” e dão continuidade “não apenas aos modos de fazer de um elaborado prato, mas a formas de sociabilidade”. Essas mulheres também são responsáveis por passar  adiante, passo a passo, um “conhecimento exclusivo”, de modo que a prática não se perca”, complementa o dossiê.

O tacacá é tipicamente indígena, mas sua comercialização foi registrada no final do século 19, com a expansão urbana na amônia e a escassez de trabalho. Nesses momentos, mulheres passaram a vender alimentos na rua como estratégia de sobrevivência, conciliando o cuidado com a casa e o sustento.

O trabalho da Ufopa de documentação do tacacá contou com apoio de uma emenda parlamentar do senador Jader Barbalho (MDB-PA). Ele comemorou a decisão do Iphan. “O tacacá é muito mais do que um prato. É o sabor do Pará servido em cuia”, afirmou, em nota.




Fonte: Agência Brasil

Aposta de Cachoeira do Sul (RS) leva quase R$ 15 milhões na Mega-Sena 


Uma aposta de Cachoeira do Sul (RS) acertou as seis dezenas do concurso 2.943 da Mega-Sena, realizado nesta terça-feira (23). O vencedor irá receber o prêmio de R$ 14.986.158,02.

Os números sorteados foram: 08 – 29 – 30 – 36 – 39 – 60

  • 21 apostas acertaram cinco dezenas e irão receber R$ 75.130,37 cada
  • 1.720 apostas acertaram quatro dezenas e irão receber R$ 1.512,01 cada

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Apostas

O próximo concurso irá distribuir um prêmio de R$ 3,5 milhões para quem acertar as seis dezenas. As apostas podem ser feitas até às 20h (horário de Brasília) de quinta-feira (27) nas lotéricas de todo o país ou pela internet. Para o bolão, o sistema fica disponível até às 20h30 no portal Loterias Caixa e no aplicativo Loterias Caixa.

O jogo simples, com seis números marcados, custa R$ 6.




Fonte: Agência Brasil

Prefeitura de SP pede mais prazo para liberação de mototáxis na cidade


A Prefeitura de São Paulo recorreu da decisão que considerou inconstitucional a proibição do serviço de mototáxi no município. A medida permitiria o início do serviço a partir de 11 de dezembro e o recurso pede mais 120 dias, estendendo a proibição até abril.

A medida é um pedido da Procuradoria Geral do Município (PGM) ao Tribunal de Justiça de São Paulo e busca mais tempo para a discussão da questão.

A prefeitura pede mais prazo para poder realizar audiências públicas, complementar estudos sobre o tema e melhorar a rede de atendimento de urgência, com entrega de três novas UPAs. A administração municipal argumenta que houve aumento crescente da frota de motos (56% em 5 anos), com aumento de acidentes equivalente desde de 2020, embora não pondere sobre o impacto da pandemia neste índice.

As principais empresas que pretendem explorar o serviço – Uber e 99 – justificam a viabilidade do serviço alegando que farão orientação e uma rigorosa seleção dos trabalhadores. 

A PGM afirma que a urgência não significa que o município considera a questão sobre o serviço como uma disputa definida, citando o julgamento do tema no Supremo Tribunal Federal como o horizonte ideal para decidir pela liberação ou proibição do direito das cidades de legislar sobre o tema.

“Como se demonstrou, sem a atribuição do efeito suspensivo almejado, a dilação do prazo de modulação dos efeitos da decisão é a única medida capaz de preservar minimamente o interesse público, garantindo a segurança viária e a proteção da vida, enquanto se aguarda a manifestação definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca das questões constitucionais levantadas no Recurso Extraordinário, que, se provido, confirmará a legitimidade do ato municipal e sua função protetiva à vida”, define o documento.

A PGM alega que o início precoce das atividades pode representar um risco imediato de colapso do sistema de saúde, colocando vidas em risco.




Fonte: Agência Brasil

Latino-americanas e caribenhas se juntam às brasileiras por igualdade


Racismo, sexismo e desigualdade social. A opressão que atinge mulheres pretas e pardas brasileiras, também é realidade que violenta aquelas de países latinos e caribenhos.

Por isso, centenas de mulheres afro latino-americanas, afro-caribenhas e da diáspora se juntaram a cerca de 500 mil participantes da 2ª Marcha das Mulheres Negras de 2025, que tomou a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Uma delas é Juana Lopez, defensora dos Direitos Humanos e do combate à discriminação racial no Panamá. Juana vê a manifestação em Brasília como uma grande marcha global.

“Todos os países do mundo devem lutar pelas reivindicações das mulheres negras, por nossos direitos. Devem exigir respeito dos governos dos Estados. Por isso, viemos com tudo para essa marcha.”

Vinda da Cidade de Panamá, Juana lamenta que seu país não seja uma exceção nas discriminações praticadas contra as afrodescendentes e as mulheres não negras.


Brasília (DF), 25/11/2025 – Afro-latinas participam da marcha da mulheres negra na esplanada dos ministérios.
Foto: Daniella Almeida/Agência Brasil
Brasília (DF), 25/11/2025 – Afro-latinas participam da marcha da mulheres negra na esplanada dos ministérios.
Foto: Daniella Almeida/Agência Brasil

Ativistas exigem reparação, bem-viver e respeito nas ruas de Brasília – Daniella Almeida/Agência Brasil

Colômbia, nação com uma das maiores populações negras da América Latina, é o país da cantora e compositora Alba Nelly Mina. A afro-colombiana encara a marcha como um instrumento poderoso que as mulheres negras têm para mudar o mundo. “Todas temos o direito ao bem-viver e de estar aqui estamos para apoiá-los porque a luta das mulheres é de todas e importa a todos.”

A compatriota dela é María Elvira Solís Segura, atriz, escritora e cantora oriunda de Tumaco, do departamento de Nariño, localizado na costa do Pacífico. Seu ativismo político é dedicado ao apoio aos antepassados e à sabedoria comunitária. “Lutamos por dignidade, por viver bem, por liberdade também.”

Diferentemente do Brasil, onde as pessoas autodeclaradas negras somam cerca de 56% da população, no Uruguai, apenas 10% das pessoas se identificam como afrodescendentes. E justamente representando este contingente do país platino que veio para a marcha a jovem Giovana León, da cidade uruguaia de Canelones.

Giovana relata diferentes violências que as mulheres negras sofrem todos os dias. “A violência principal que vivemos é a racial, que sofrem as crianças e adolescentes e seguem adiante sofrendo em todos os momentos e em todos os lugares onde estamos habitando.”

Para ela, a marcha é necessária. “Porque todas as mulheres têm que ser visibilizadas neste dia e temos o direito de viver uma vida sem violência.”


Brasília (DF), 25/11/2025 – Afro-latinas participam da marcha da mulheres negra na esplanada dos ministérios.
Foto: Daniella Almeida/Agência Brasil
Brasília (DF), 25/11/2025 – Afro-latinas participam da marcha da mulheres negra na esplanada dos ministérios.
Foto: Daniella Almeida/Agência Brasil

Afro-latinas participam da marcha da mulheres negras na Esplanada dos Ministérios – Daniella Almeida/Agência Brasil

De Havana, capital cubana, Maydi Estrada Bayona, professora da Faculdade de Filosofia e História da Universidade de Havana, visita o Brasil pela primeira vez. Mas vem de longe a discussão dela acerca de temas relacionados à discriminação e violência contra pessoas negras. A professora destaca que a marcha é um acontecimento histórico que faz justiça reparativa às memórias dos ancestrais que lutaram pela reivindicação do direito ao tecido da vida, pelo direito de amar, de sonhar, às terras, aos próprios corpos e ao conhecimento.

E hoje, nossas novas gerações são donas destes corpos que estão gritando, porque esses problemas continuam, são cíclicos. Então, este é um ato de liberdade, é um ato de justiça reparativa.”

No Peru, conhecido pela presença dos povos originários, também há registro de escravidão negra no período colonial espanhol. A peruana Ernestina Uchoa é descendente de africanos escravizados e direto do distrito de El Carmen, em Chincha (Peru), se juntou a outras integrantes da Rede de Mulheres Afro Latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora (RMAAD), uma organização transnacional de combate ao racismo e à desigualdade de gênero através da articulação de políticas e do fortalecimento das lutas das mulheres negras em toda a região.

Ernestina Uchoa está na capital do Brasil para dizer que é necessário lutar pela igualdade e o respeito às mulheres negras.

“Porque as mulheres merecem respeito, igual a qualquer outra mulher. Por isso estou aqui, unida a todas as minhas irmãs.”

O ativismo das mulheres negras está presente também em Honduras. Quem viajou milhares de quilômetros e agora engrossa o coro das vozes latino-americanas e caribenhas é a hondurenha Jimena Calderon.

“Estamos todas unidas para tecer juntas um melhor caminho decolonial e antipatriarcal. Vamos juntas dizer que esta marcha vale a pena e transformará nossas vidas.”

Realizada pela segunda vez, após dez anos, a Marcha das Mulheres Negras – 2025, para essas mulheres, não se encerra neste 25 de novembro. À reportagem da Agência Brasil, muitas mulheres relataram que voltam a seus territórios estimuladas a lutar por acesso à saúde, educação de qualidade, emprego e renda, visibilidade em censos e estatísticas, e pelo fim da violência contra mulheres negras.

Nesta quarta-feira (26), todas as mulheres participantes da mobilização ainda podem participar das atividades da Semana por Reparação e Bem-Viver.




Fonte: Agência Brasil

Saúde instala consultórios móveis em cidade devastada por tornado


Duas semanas depois da devastação na cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, causada pela passagem de um tornado, o governo federal iniciou nesta segunda-feira (24) atendimentos médicos em seis consultórios móveis instalados na cidade.

As unidades do programa Agora Tem Especialistas foram montadas dentro de dois contêineres e têm estrutura completa para consultas médicas e apoio psicológico e contam com desfibrilador, eletrocardiograma, computadores e insumos diversos.

Os moradores também terão acesso a serviços de vacinação, distribuição de medicamentos e pequenas cirurgias, como remoção de verrugas e pintas para biópsia.

As estruturas podem atender cerca de 50 pessoas por dia e funcionam todos os dias da semana, das 8h às 17h. Nos fins de semana, o foco será em casos urgência e emergência.

Os consultórios permanecerão na região por três meses.

Ajuda

Nas últimas semanas, o governo federal tem mobilizado profissionais e entregado kits emergenciais para diversas cidades do Paraná. Mais de 35 especialistas da Força Nacional do SUS (FN-SUS) foram enviados para os municípios afetados pelo tornado.

Segundo o governo, mais de 2 mil atendimentos focados em saúde mental e apoio psicossocial foram realizados pela FN-SUS, além de 498 atendimentos assistenciais e 141 atividades de bem-estar.

Foram também entregues kits emergenciais de medicamentos e insumos estratégicos na Farmácia da 5ª Regional de Saúde, em Guarapuava e distribuído nas unidades de saúde de Rio Bonito do Iguaçu. Os kits incluem 32 tipos de medicamentos e 16 tipos de insumos.




Fonte: Agência Brasil

Temporais atingem norte de Santa Catarina e provocam alagamentos


Temporais atingem a região Norte de Santa Catarina desde a madrugada do dia 25, quando o volume de chuvas chegou a 180 milímetros (mm) na região, segundo o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia do estado.

No município de Luiz Alves, o mais atingido, o nível do rio subiu quase oito metros deixando casas submersas.

Segundo informou o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), 22 pessoas foram resgatas em pontos de alagamento e outros quatro atendimentos foram realizados para atender chamados de transporte em segurança.

Apenas precisou de atendimento médico após sofrer ferimentos leves e está fora de risco.

De acordo com nota da corporação, as equipes locais atuaram em uma força-tarefa que reuniu três equipes do Corpo de Bombeiros de diferentes cidades, as defesas civis municipal e estadual, agentes da Prefeitura de Luiz Alves e da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), para que a capacidade de resposta fosse ampliada.

“Além disso, a aeronave Arcanjo realizou voos em reconhecimento da situação e identificação de possíveis vítimas”, destaca.

Um comando emergencial foi montado inicialmente no quartel da Polícia Militar de Santa Catarina e, após a redução no nível da água, foi transferido para o quartel do CBMSC em Luiz Alves.

A Defesa civil de Santa Catarina foi contatada pela reportagem da Agência Brasil sobre o número de decretos de estado de emergência nos municípios, mas até o momento não houve resposta. O espaço segue aberto para esclarecimento.




Fonte: Agência Brasil

Incêndio em Ministério das Mulheres em Brasília deixa seis feridos


O bloco C da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi evacuado na manhã desta terça-feira (25), após a explosão de uma subestação de energia no subsolo do prédio. No local, funcionam os ministérios da Igualdade Racial; das Mulheres; dos Povos Indígenas; e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Seis pessoas precisaram ser encaminhadas para atendimento hospitalar, uma delas com queimaduras graves.

Por volta de 9h40, uma equipe terceirizada fazia a manutenção da subestação, quando houve a explosão com princípio de incêndio. No momento, não há mais fumaça no interior do bloco, mas ele segue interditado pelas equipes de segurança.

A fumaça do incêndio ocupou alguns andares do prédio, que foi evacuado. O Corpo de Bombeiros atendeu 27 vítimas no local, a maioria com sintomas leves de intoxicação por fumaça. Das seis pessoas encaminhadas para os hospitais, três trabalham nos ministérios e outras três eram funcionários da empresa terceirizada, entre eles, a vítima de queimaduras.

O trabalhador teve queimaduras no tórax, braços, pernas e vias áreas, o que, segundo os bombeiros, é considerado uma queimadura mais grave. Todas as vítimas estavam conscientes e orientadas quando foram encaminhadas para atendimento hospitalar. As causas da explosão estão sendo apuradas.

Em nota, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) informou que a ocorrência teve início com um curto circuito elétrico em razão da intervenção realizada e que as equipes de brigada atuaram de imediato seguindo o protocolo de evacuação. A Secretaria de Serviços Compartilhados do MGI, responsável pela gestão administrativa do bloco C, orientou aos trabalhadores que atuam no local que cumpram a jornada de hoje em teletrabalho.

*texto ampliado às 12h26





Fonte: Agência Brasil

PF faz operação contra desvio de verba para hospitais públicos


A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (25), nova fase da Operação Paralelo Cinco, a fim de desarticular uma organização criminosa ligada ao desvio de recursos na área da saúde, em Jaguari e Embu das Artes, municípios do Rio Grande do Sul e de São Paulo, respectivamente. Foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e 2 mandados de prisão preventiva.

Os 20 investigados sofreram medidas cautelares, como afastamento de funções, suspensão de atividades econômicas, restrição de acesso a órgãos públicos e proibição de contato entre os envolvidos.

O inquérito policial da Operação Paralelo Cinco, iniciado em janeiro de 2024, investiga um sistema de desvio de recursos com a utilização de empresas de fachada e entidades interpostas.

Um grupo de empresários de Porto Alegre assumiu a gestão dos hospitais de Jaguari (RS) e Embu das Artes (SP) e receberam mais de R$ 340 milhões em recursos públicos entre 2022 e agosto de 2025. Os valores vinham de repasses municipais, estaduais e federais.

O grupo emitia notas fiscais falsas e ocultava o verdadeiro destino dos recursos. Rapidamente os valores repassados eram propagados para dezenas de contas de pessoas físicas e jurídicas. Os serviços contratados não apresentavam qualquer vínculo com as contas, o que beneficiava gestores da organização social.

O financiamento originalmente destinado aos hospitais era desviado para contas-convênios, cuja utilização era usada para o pagamento de despesas puramente pessoais, como aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens de luxo e remunerações elevadas a funcionários sem prestação de serviços.

O Juízo das Garantias da 2ª Vara Federal de Santana do Livramento designou interventores nos hospitais municipais. A deflagração de hoje executou medidas de constrição patrimonial, que incluem o sequestro de 14 imóveis, apreensão de 53 veículos e uma embarcação. Também foram bloqueados mais de R$ 22,5 milhões em contas bancárias.

A PF prossegue com a investigação de novos elementos de informação, aprofundar o rastreamento de ativos e reforçar o conjunto probatório. Os suspeitos devem ser interrogados pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de capitais e outros delitos conexos.

A operação contou com apoio técnico do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e da Controladoria-Geral da União.

*Estagiário sob supervisão de Odair Braz Junior




Fonte: Agência Brasil

Vereador é preso em operação de combate a barricadas no Grande Rio


O vereador Ernane Aleixo (PL), de São João de Meriti, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro, foi preso na manhã desta terça-feira (25) pela Polícia Civil, na manhã desta terça-feira (25), acusado de envolvimento com a facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP).

Segundo as investigações, Aleixo, terceiro candidato mais bem votado na eleição municipal de São João de Meriti em 2024 ─ estaria envolvido em um esquema de suporte logístico e operacional à facção, em troca de benefícios financeiros e eleitorais. Ele foi indiciado.

De acordo com a Polícia Civil, áudios e mensagens comprovam que o parlamentar ofereceu material e suporte para a construção de barricadas no bairro de Vilar dos Telles.

As barricadas são barreiras físicas, algumas vezes com certo nível de complexidade de engenharia, para impedir o livre acesso da polícia e de moradores em regiões dominadas pelo tráfico de drogas.

Os investigadores apontam também que Ernane Aleixo negociava nomeações em troca de apoio político.

Até pouco antes das 10h, cinco pessoas haviam sido presas pela Operação Muro de Favores, entre elas o irmão de um traficante. A ação foi desencadeada por agentes da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro.

A articulação criminosa envolvia especialmente as comunidades Trio de Ouro, em São João de Meriti, e Guacha e Santa Tereza, em Belford Roxo, município também da região metropolitana.

Série de crimes

A Polícia detalhou que o modo de agir da facção incluía tráfico de drogas, homicídios, extorsão qualificada de proprietários de estabelecimentos e lavagem de dinheiro. O núcleo investigado, segundo a polícia, era gerenciado por um homem apontado como braço-direito do líder do TCP na região.

“Elementos da investigação confirmam que ele confessou ter matado três vítimas, incluindo uma mulher, durante confronto com a facção rival em novembro de 2023”, acrescenta a instituição.

Agência Brasil procurou o gabinete do vereador Ernane Aleixo e a Câmara Municipal de São João de Meriti, mas não recebeu retorno até a conclusão da reportagem.

Na página do vereador no site da Câmara Municipal, uma minibiografia afirma que “o vereador Ernane Aleixo é um homem integro, honesto e cumpridor dos seus deveres”.

A primeira eleição para a Casa legislativa da cidade de quase 441 mil habitantes foi em 2008. Aleixo está no quinto mandato no município que tem a maior densidade demográfica do país.

Barricadas

A ação Muro de Favores está sob o guarda-chuva da Operação Barricada Zero, desencadeada pelo estado para coibir a presença dessas barreiras em comunidades. Um mapeamento identificou mais de 13 mil barricadas em favelas.

A Barricada Zero foi iniciada na segunda-feira (24) no Grande Rio. De acordo com o governo estadual, foram removidas 593 toneladas de barreiras, como estruturas de concreto, pedras, entulho, pneus e madeira. Esse volume equivale a aproximadamente 24 caminhões cheios.

Nesta terça-feira a ação prossegue nas cinco regiões onde foi iniciada: Cidade de Deus (Rio de Janeiro), São Simão e Dom Bosco (Queimados), Mangueirinha (Duque de Caxias), Grão Pará (Nova Iguaçu) e Jardim Catarina (São Gonçalo).

A ação é realizada em articulação com as prefeituras, que complementam com serviços de limpeza urbana e ordenamento viário.




Fonte: Agência Brasil

Iphan vai deliberar sobre tombamento da sede do DOPS, no Rio


O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estará reunido na próxima quarta-feira (26). É para deliberar sobre o tombamento definitivo do edifício (foto) da sede do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), localizado na Rua da Relação, centro do Rio de Janeiro. 

O Dops teve um papel central na repressão, vigilância e tortura de opositores do regime durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).

O pedido de tombamento se dá em razão do relevante valor histórico e artístico do imóvel. A proposta a ser apresentada pede a inscrição do prédio nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes, passando a integrar oficialmente o conjunto de bens protegidos pelo Iphan. Com a ação, o instituto reafirma o compromisso de preservar os lugares de memória, ação indispensável para o fortalecimento da democracia brasileira.  

Central de Polícia

Inaugurado em 1910, o edifício foi originalmente construído para sediar a Repartição Central de Polícia. Ao longo de sua história, abrigou diferentes polícias políticas encarregadas de reprimir movimentos e expressões sociais consideradas ameaças à ordem pública. Entre 1962 e 1975, o local abrigou o Departamento de Ordem Política e Social do Rio de Janeiro (DOPS-RJ), usado durante a ditadura militar para prender e torturar presos políticos.

O órgão era responsável por monitorar, investigar e reprimir movimentos sociais, sindicais, estudantis, artistas e quaisquer cidadãos considerados ameaças à ordem pública ou ao regime. As celas e salas de interrogatório, algumas com revestimento acústico, ainda preservam marcas e inscrições de presos políticos.

Além de militantes políticos, a repressão do DOPS atingiu diversas camadas da sociedade, incluindo mulheres, negros e praticantes de religiões de matriz africana, cujos objetos de culto foram apreendidos.

Atualmente, há uma campanha, com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e de movimentos de direitos humanos (como o grupo Tortura Nunca Mais), para que o antigo prédio do DOPS seja transformado em um Centro de Memória e Direitos Humanos. A iniciativa busca transformar o local em um espaço de educação, justiça e luta contra o autoritarismo, garantindo que os horrores da ditadura não sejam esquecidos ou repetidos. 




Fonte: Agência Brasil