Maior roda de samba homenageia D. Ivone Lara e Nilze Carvalho, no Rio


As cantoras e compositoras Dona Ivone Lara (in memorian) e Nilze Carvalho serão as homenageadas no Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba, seguindo a tradição do evento que faz neste sábado (22), a sua oitava edição. Dessa vez, a maior roda de samba no mundo vai ser no Renascença Clube, no Andaraí, zona norte do Rio, com apresentações ainda no mesmo dia e horário, em 30 cidades do Brasil, inclusive São Paulo, e de fora do país.

Nilze Carvalho participa do Encontro desde o início das rodas. Neste período já foram homenageadas as cantoras Beth Carvalho, Elza Soares, Alcione, Teresa Cristina, Áurea Martins, Leci Brandão e Clementina de Jesus (também in memorian).

Quando resolveu criar o Encontro, a intenção da cantora Dorina era fortalecer o protagonismo feminino, a inclusão e a diversidade cultural e isso ela tem conseguido. “Fiz uma chamada dizendo ‘quero o movimento das mulheres que querem fazer samba, querem estar junto em uma roda, aquela coisa de orar através do samba e do batuque”, contou à Agência Brasil.

No começo, em 2018, a iniciativa, segundo a sua criadora, foi feita em 11 cidades do Brasil e algumas na Argentina e Uruguai. Para facilitar a produção, o evento é organizado em cada cidade por uma coordenadora escolhida pelo grupo local.

“Pedimos para fazer chamada em cada cidade de quem quer participar. Isso tudo está em um documento que a gente pede para assinar para poder manter democraticamente e não ficar só em um grupo”, explicou.

“Esse ano estou muito feliz com este movimento porque a gente vê que elas mesmas estão se agrupando nas cidades delas, vendo a importância e trazendo outras mulheres”, completou.

Entre as participantes há mulheres em situação de violência, pessoas trans e PCDs, como na cidade de Juiz de Fora, o que, para a cantora, representa uma maior consciência natural da mulher.

“A gente costuma falar ‘a mulher cuida do outro’, a mulher cuida mesmo, e ela tem que se cuidar primeiro para cuidar, então, a gente faz uma grande rede de proteção”, afirmou.

“A mulher ganha com isso na experiência, na troca de ideias com as outras e de saberes. Quando a gente fala em ancestralidade, são os saberes que pegamos das outras. Tem muito a minha mãe, minha avó e as minhas tias nesta história”, observou.

Encontro

Cantoras, compositoras, produtoras, assistentes e instrumentistas estão entre as mais de 100 mulheres, que, este ano, vão participar do Encontro no Rio. A apresentação na cidade é da cantora e jornalista Bia Aparecida e a direção musical de Ana Paula Cruz e Roberta Nistra.

Durante as seis horas de duração, além da criadora Dorina e da homenageada Nilze Carvalho, estarão no palco, entre outras, as cantoras Ana Costa, Dayse do Banjo, Lu Oliveira, Patrícia Mellodi e Lazir Sinval. A programação tem ainda apresentações dos grupos Herdeiras do Samba, Matriarcas do Samba e Mulheres da Pequena África.

Para a organização, “mais que um evento de música, o Encontro é um movimento político e social de empoderamento das mulheres no samba, que ajudou e continua ajudando muitas artistas a se inserirem no mercado musical”. Diante de todos os talentos que já reuniu, o evento influencia outros movimentos de samba pelo país.




Fonte: Agência Brasil

Remédios são levados para Bolsonaro, preso preventivamente em Brasília


Os remédios do ex-presidente Jair Bolsonaro foram levados para a Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília, onde ele está preso preventivamente. Segundo os advogados do réu, ele apresenta saúde debilitada e quadro diário de soluço gastroesofágico e falta de ar e faz uso de medicamentos com ação no sistema nervoso central.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes (foto), determinou a prisão preventiva do ex-presidente após a convocação de vigília para este sábado (22) nas proximidades da residência onde ele cumpria prisão domiciliar. O ministro também foi informado de tentativa do réu de romper a tornozeleira eletrônica.

Na decisão em que Moraes determina a prisão, ele garante a disponibilização de atendimento médico em tempo integral a Bolsonaro. 

Condenação

Em Brasília, a superintendência da Polícia Federal fica perto do Setor Hospitalar Sul, onde está localizado o hospital DF Star onde Bolsonaro costuma realizar  tratamento.

Condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal do Núcleo 1 da trama golpista, Bolsonaro e os demais réus podem ter as penas executadas nas próximas semanas.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, determinada após o descumprimento de medidas cautelares fixadas pelo Supremo Tribunal Federal. Ele estava usando tornozeleira eletrônica e proibido de acessar embaixadas e consulados, de manter contato com embaixadores e autoridades estrangeiras e de utilizar redes sociais, direta ou indiretamente, inclusive por intermédio de terceiros.




Fonte: Agência Brasil

PMs reforçarão segurança nas praias e estradas do Rio


A Polícia Militar do Rio de Janeiro está com um esquema de segurança pública especial envolvendo o movimento nas praias e a Parada do Orgulho LGBTI+.

Cerca de 1.360 policiais militares atuam na Operação Verão, que reforça o policiamento em toda a orla carioca e cidades litorâneas do estado. Parte deste efetivo também será mobilizado extraordinariamente para atuar antes, durante e depois da Parada do Orgulho LGBTQIAP+, marcada para a tarde de domingo (23) na Avenida Atlântica, em Copacabana,

Há reforço também na Rodoviária Novo Rio e nas vias expressas. Para a Operação Verão, somente na orla carioca serão empregados quase mil policiais militares. O patrulhamento da orla, como também do desfile de domingo, contará com apoio de aeronaves do Grupamento Aeromóvel (GAM), equipadas para transmissão de imagens em tempo real para a central de comando.

Operação especial

O Comando de Policiamento Rodoviário realiza uma operação especial nas rodovias estaduais até domingo (23), com o patrulhamento intensificado, a fim de garantir uma ida e volta tranquilas e trajeto seguro nas estradas. Serão empregados mais de 60 policiais por dia, além de patrulhamento em motocicletas, posicionadas em trechos com maior fluxo e risco de retenção.

Segundo o Sistema Alerta Rio, ao longo deste sábado (22), o tempo no Rio seguirá sem grandes alterações em relação aos dias anteriores. O céu estará com poucas nuvens, com predomínio de céu parcialmente nublado e não há previsão de chuva. Os ventos estarão fracos a moderados e as temperaturas estáveis e elevadas, com mínima prevista de 18°C e máxima de 35°C.




Fonte: Agência Brasil

Após 18 anos de luta, ocupação no centro do Rio é regularizada


A Ocupação Manuel Congo, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, localizada no Centro do Rio de Janeiro, é oficialmente inaugurada neste sábado (22), após 18 anos de luta pela regularização.

A ocupação, que abriga 42 famílias, fica em um edifício de dez andares na Rua Alcindo Guanabara, número 20, no centro do Rio de Janeiro. É vizinha de parede da Câmara Municipal e está a poucos passos do Theatro Municipal e da Biblioteca Nacional.

As obras de requalificação do prédio foram financiadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida – Entidades. Neste sábado, as 42 famílias assinam titulação coletiva.

O programa, que é uma linha do Minha Casa Minha Vida, é voltado para a concessão de financiamento subsidiado a famílias organizadas por meio de entidades privadas sem fins lucrativos para produção de unidades habitacionais urbanas, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social.

Segundo o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), a Manuel Congo se tornou uma referência nacional por ser a primeira ocupação do país contratada na modalidade de Requalificação/Retrofit e tende a ser a primeira também com titulação coletiva no contexto urbano.

“Essa titulação coletiva, que contraria a individualização de propriedades, faz parte de um debate do MNLM pela desmercantilização da moradia e para que essa conquista não acabe, por meio de locação e venda, nas mãos do mercado imobiliário”, diz o movimento em nota.

A Ocupação dispõe de um restaurante, que gera trabalho e renda para parte das famílias, e está iniciando um projeto de instalação de energia solar, com apoio da Elo/Caixa Econômica Federal, com objetivo de produzir de energia limpa e redução dos custos para as famílias.

O sábado é de festa, a programação começa às 12h e conta com feijoada, música, memória e solenidade de assinatura do documento de titulação. O movimento informa que o dia 22 de novembro torna-se “um dia histórico para os movimentos populares e todos/as que lutam e esperançam uma outra concepção de cidade e sociedade”.




Fonte: Agência Brasil

Ex-prefeito de Embu das Artes é condenado a três anos de prisão


O ex-prefeito de Embu das Artes, Claudinei Alves dos Santos, conhecido na política como Ney Santos, foi condenado ontem (20/11) a uma pena de três anos e nove meses de prisão, em regime semiaberto. O segurança Lenin Roque Alves Domingos também foi condenado.

Ambos portavam pistola calibre .380, com numeração raspada, durante viagem que Ney fazia, em 2019, de Embu para outra cidade no interior paulista.

Embora Lenon fosse policial penal, a arma tinha numeração raspada. Na viagem, eles estavam em um veículo oficial: Santos era prefeito de Embú à época.

Posição das defesas

A defesa de Lenon não foi encontrada. Por meio do PRB, partido de Ney e da equipe de sua irmã, a deputada estadual Ely Santos, a reportagem entrou em contato com a assessoria de Ney.

Em nota, o ex-prefeito afirmou que “permanece tranquilo, confiante na Justiça brasileira e certo de que a verdade prevalecerá, como sempre prevaleceu”. Ele criticou a divulgação precoce da pena e acusou interesses eleitorais em sua conclusão nesse momento, e disse ainda, que permanece elegível.

“Esse padrão repetido — sempre no mesmo momento, sempre com o mesmo roteiro — reforça a percepção de tentativas contínuas de desestabilizar juridicamente sua trajetória política”, afirmou a defesa do político, que afirmou ainda que o processo já havia passado  pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde foram identificadas falhas processuais e determinado o retorno dos autos à 1ª instância.

O réu informou que pretende recorrer.




Fonte: Agência Brasil

Lançamento de foguete sul-coreano da base de Alcântara é adiado


A janela de lançamento do foguete sul-coreano Hanbit-Nano a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, foi estendida até o dia 22 de dezembro. Com a mudança do cronograma da Operação Spaceward, a data estimada para a tentativa inicial de lançamento, prevista inicialmente para o sábado (22), passou para o dia 17 de dezembro.

De acordo com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o sucesso da operação, a partir do território nacional, representará a entrada do Brasil no restrito mercado global de lançamento de foguetes, impulsionando investimentos, geração de renda e desenvolvimento tecnológico.

Com 21,8 metros de altura; 1,4 metro de diâmetro; e aproximadamente 20 toneladas, o Hanbit-Nanor, da empresa sul-coreana Innospace, levará a bordo, para colocar em órbita, cinco satélites e três experimentos desenvolvidos por universidades e empresas brasileiras e indianas.

A Operação Spaceward é coordenada pela AEB em parceria com a Força Aérea Brasileira.

Cargas

Das oito cargas transportadas, sete são brasileiras e uma é estrangeira.

“Entre as cargas embarcadas, três contam com apoio direto da AEB, que viabilizou sua participação no lançamento: os nanossatélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e o Sistema de Navegação Inercial (SNI-GNSS), criado por um consórcio formado pelas empresas Concert Space, Cron e Horuseye Tech”, detalha a AEB.

Segundo a agência, outra carga com participação da AEB é o PION-BR2 – Cientistas de Alcântara, um satélite educacional desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com a AEB, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION. O projeto integra o programa Cientistas de Alcântara, iniciativa que incentiva jovens maranhenses a se aproximarem da ciência e da tecnologia espacial.

O diretor do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), Clóvis Martins, ressalta que a entrada do Brasil nesse mercado resultará em mais renda, emprego e investimentos no país. Ele explica que a decisão pela ampliação da janela de lançamento foi tomada “de forma conjunta e fundamentada em avaliações técnicas”.

Coordenador-Geral da Operação, Rogério Moreira Cazo explica que os ensaios para validação dos sistemas de aviônica indicaram a “necessidade de aprimoramentos no veículo antes do voo”, disse ele ao afirmar que ajustes como este são comuns em missões inaugurais.

Além disso, segundo a agência, a prorrogação do período operacional permitirá, também, aprimoramentos no processamento dos sinais coletados do veículo espacial. Esses sinais são utilizados na avaliação de desempenho durante o lançamento.

Hanbit-Nano

De acordo com a Agência Espacial Brasileira, o Hanbit-Nano é um veículo orbital de dois estágios que utiliza propulsão híbrida. Ele foi projetado para colocar até 90 quilos de carga útil em uma órbita de 500 quilômetros.

No primeiro estágio, utiliza um motor híbrido de 25 toneladas de empuxo, alimentado por combustível sólido de base parafínica e oxidante líquido. A AEB explica que essa combinação oferece simplicidade estrutural, baixo custo operacional e elevada segurança.

No segundo estágio, ele pode operar com dois motores distintos, a depender da missão: o HyPER, motor híbrido de alto desempenho, e o LiMER, motor a base de metano líquido com bomba elétrica.

Ele conta com um Sistema de Terminação de Voo (FTS) que garante interrupção imediata da progressão do voo, caso alguma anomalia ocorra.

O projeto contou com a participação de 247 profissionais. Entre eles, 102 engenheiros com dedicação exclusiva.

As equipes atuam em quatro áreas de especialidade: Propulsão para o Primeiro Estágio, Motor a Base de Metano para o Segundo Estágio, Sistemas de Alimentação por Bomba Elétrica e Controle e Aviônicos.





Fonte: Agência Brasil

Bicampeão de asa-delta morre ao cair de parapente no Rio


O bicampeão brasileiro de asa delta, Philip Haegler, 59 anos, morreu nesta quinta-feira (20), após pular de parapente, outra modalidade de esporte que também praticava, ao saltar de uma rampa da Pedra Bonita, em São Conrado, zona sul do Rio. Quando já estava descendo, o parapente de Philip bateu numa asa delta e ele se chocou com a cobertura de um prédio no 11º andar na Avenida Professor Mendes de Morais, e caiu desacordado no hall do prédio. Os bombeiros o levaram para o Hospital Municipal Miguel Couto, mas ele morreu ao chegar.

Em nota, a Confederação Brasileira de Voo Livre (CBVL), disse que “com o coração profundamente tocado, comunica com tristeza o falecimento de Philip Haegler, um dos nomes mais marcantes e queridos da nossa comunidade do voo livre”.

“Phil, como era conhecido por todos, carregava uma luz própria. Sempre de bom humor, disposto, generoso e com um brilho no olhar que só quem ama verdadeiramente o que faz consegue manter. Um piloto exemplar, bicampeão brasileiro de asa-delta, apaixonado também pelo parapente, modalidade que abraçou com entusiasmo e dominava com maestria. Sempre disputando no topo das competições, sempre respeitado pelo talento e pela postura.”

A nota diz ainda que o piloto é “parte indissociável da história do voo livre no Brasil e que trajetória no esporte é dessas que viram referência e exemplo”. Phil foi presidente da CBVL, e sua gestão foi marcada por avanços importantes, principalmente na área da segurança – tema ao qual sempre se dedicou com seriedade e comprometimento.

“Nos deixa não só um esportista brilhante, mas um ser humano especial, que inspirava pela leveza, pela ética e pela alegria de viver. Phil deixa um vazio imenso, mas também um legado eterno, de amor pelo voo, pela comunidade e pela vida”, conclui.

O Clube São Conrado de Voo Livre também se manifestou sobre a morte de Phil. “É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento de um ícone do voo livre, ocorrido nesta data. Nossas mais sinceras condolências a família e amigos. Difícil encontrar palavras que possam expressar algum consolo. Philip Haegler, deixa um legado que jamais esqueceremos. Sua bondade e generosidade tocaram a vida de muitas pessoas. Ele será lembrado eternamente como nosso bicampeão brasileiro de asa-delta, que se apaixonou pelo parapente.”

O Clube São Conrado de Voo Livre está com as operações fechadas neste final de semana, em respeito e à memória do piloto.

Em nota, A Polícia Civil informou que abriu inquérito para investigar a morte de Phil.





Fonte: Agência Brasil

Dia da Consciência Negra deve refletir sobre operações policiais


Vinte de novembro. Hoje é Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Cento e trinta e sete anos após a abolição da escravatura, esta é a segunda vez na história que a data é feriado nacional.

Na efeméride, passado e presente se encontram, como avaliam especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles esperam que a data propicie reflexões da sociedade sobre o racismo estrutural, violência e letalidade policial, como se viu na recente Operação Contenção, em 28 de outubro deste ano, nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação resultou na morte de 121 pessoas, entre eles 2 policiais militares e 2 policiais civis.

A operação é a maior chacina ocorrida no Brasil. Nenhuma das 117 pessoas mortas pelas policias civil e militar havia sido denunciada à Justiça pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro criou um observatório para acompanhar a apuração sobre o cumprimento da lei pelas policias civil e militar durante a Operação Contenção.

O principal alvo da operação – Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, líder do Comando Vermelho (CV) – segue em liberdade após nove dias da operação.

Levantamento feito em 2023 pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Instituto Raízes em Movimento e a ONG Educap revelou que 79% dos moradores do Complexo do Alemão são negros. Não há dado sobre o Complexo da Penha.

“Acho que essa é uma data é muito importante e que todos os temas que atingem a população negra. De maneira significativa e avassaladora, a perda de direitos e tudo mais devem ser comentados e analisados nesta data.” afirma a pedagoga Mônica Sacramento, coordenadora programática da ONG Criola.

Mais do que uma data comemorativa, é dia da resistência negra, da construção da população afrodescendente neste país. O dia é uma data reflexiva, complementa a coordenadora.

Para o economista Daniel Cerqueira, um dos coordenadores do Atlas da Violência publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), falar de operações policiais neste dia 11 de novembro “tem total pertinência”, isso porque “a gente vive ainda hoje no país com um legado ainda muito forte das instituições do período colonial.”

“Quando a gente vai olhar qual é a história do Brasil – antes de haver uma sociedade brasileira, e antes mesmo de haver um Estado – havia um território cujo objetivo era a exploração econômica do território dos bens que aqui existiam. Com base no quê? No uso da violência”, diz o especialista fazendo referência à exploração escravocrata iniciada ainda no século 16.

Lugares para guerra

Para Daniel Cerqueira, “a história que aconteceu nos complexos da Penha e do Alemão é reflexo desse legado que vem do período colonial”.

Ele ressalta que seria “impossível imaginar” uma ação semelhante da polícia em lugares como Copacabana, Ipanema ou Leblon, na zona sul do Rio.

“Só é possível imaginar uma guerra às drogas, uma guerra aos traficantes apenas nesses lugares onde moram negros e pobres.”

Dados do Atlas da Violência mostra que a chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é quase três vezes maior do que uma pessoa branca – para cada dez homicídios de pessoas brancas, há 27 assassinatos de pessoas pretas ou pardas.

A advogada Raquel Guerra, pós-doutoranda e professora de Direitos Humanos na pós-graduação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), lembra que a escravidão da população negra durou mais de 300 anos, afetou mais de 20 gerações de pessoas exploradas e não houve após a abolição o estabelecimento de direitos seja à terra, à propriedade, à educação.

“A presença do Estado da população negra e pobre sempre foi e continua sendo a da não promoção de direitos.”

Para a advogada, a violência atual contra pessoas pretas e pardas é apenas o “topo do iceberg de um problema histórico”.

Segundo Raquel, a Operação Contenção levará mais uma vez o Brasil à condenação na Corte Interamericana de Direitos Humanos (Cide), por razões ligadas ao racismo estrutural como aconteceu após duas chacinas (ocorridas em 1994 e 1995) na comunidade Nova Brasília; ou como ocorreu por violar os direitos de 171 comunidades quilombolas de Alcântara, no Maranhão (entre 1986 e 1988).

Letalidade normalizada

Para a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna, do Ministério Público da Bahia, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra “não foi pensado como uma data comemorativa apenas. É um marco da memória, da luta e também de denúncia.”

De acordo com a promotora, refletir sobre operações policiais, como a dos complexos da Penha e do Alemão leva a reconhecer que homens e mulheres negros continuam morrendo em razão de uma política de segurança que normaliza a letalidade como método.

Lívia Sant’Anna coordena um grupo que atua pela proteção de Direitos Humanos e combate à discriminação. Ela observa que moradores de lugares como os complexos da Penha e do Alemão, praticamente só sentem a “presença do Estado em ocasiões coléricas como a da operação Contenção”.

Se o passado se estende ao presente, a violência atual ameaça o futuro. Operações policiais como a Contenção causam pânico nas favelas, impedem o funcionamento de serviços básicos, como as escolas e agravam os riscos de evasão dos alunos, alerta a professora Juliana Kaizer, do Laboratório de Responsabilidade Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio.

“O impacto disso é socioeconômico e é de longo prazo. Se o estudante pré-adolescente ou adolescente sai da rotina escolar, ele perde o contato e dificilmente vai retornar. Seguiremos com gerações de analfabetos funcionais, que conseguem assinar o nome –  mas não sabe decodificar um texto complexo. Essas pessoas não serão inseridas no mercado formal do trabalho”, alerta a professora.

Sintoma em vez da causa

Pessoas pouco escolarizadas e menos qualificadas tendem a ocupar postos de trabalho no mercado informal, que paga as remunerações mais baixas, não garantem direitos previdenciários e expõem os trabalhadores a mais exploração. “Querem resolver uma questão de segurança pública olhando para o sintoma e não para a causa”, afirma Juliana Kaizer.

“O Estado não pode estar presente apenas no viés da segurança entendida como uma guerra. O estado precisa estar presente na educação, na cultura, na assistência social, no cuidado, na saúde, né, e não apenas pela repressão”, diz a promotora Lívia Sant’Anna.

O Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), ligado à Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que as forças de segurança no Rio de Janeiro preferem fazer operações em lugares dominados por facções como os complexos da Penha e do Alemão a fazer a operações em áreas dominadas pela milícia.

Dados de 2017 a 2023 mostram que mais 70% das localidades onde há facção registraram confronto com a polícia. Esse percentual é de 31,6% nas áreas das milícias.

Também há desproporção quando se contabiliza o número de tiroteios. De acordo com os dados, do total de tiroteios mapeados em ações policiais, 40,2% deles ocorreram em áreas de tráfico. Quando analisadas as áreas de milícia, esse número é 10 vezes menor. Somente 4,3% dos tiroteios com a presença da polícia se deram em áreas de milícia.




Fonte: Agência Brasil

Feriado deve movimentar mais de 3 milhões de veículos em São Paulo


Cerca de 3 milhões de veículos estarão circulando neste feriado do Dia da Consciência Negra até domingo (23), apenas nas rodovias estaduais que levam ao litoral e à região do Vale do Paraíba, no estado de São Paulo, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP).

Neste período, de acordo com o DER-SP, está em vigor a Operação Especial Consciência Negra, com o objetivo de garantir a segurança e fluidez do tráfego.

“Dentre as iniciativas previstas, estão a inspeção e monitoramento dos trechos de maior circulação; controle e organização de acesso de pontos específicos; e a liberação do acostamento e uso de faixa reversível”, informou o órgão.

Cidade de São Paulo

Na capital paulista, onde a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima que 2,5 milhões de veículos transitem neste feriado, principalmente rumo ao litoral e interior.

De acordo com a CET, o fluxo de pessoas também é intenso nos três principais terminais rodoviários da cidade. A estimativa é da movimentação de 619 mil passageiros neste feriado, com previsão de mobilização de 712 ônibus extras.

Segundo a empresa Socicam, que opera os terminais, os destinos mais procurados são: Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte e Litoral de São Paulo. A polícia militar informou que cerca de 500 policiais foram destacados para reforçar a segurança no modal.




Fonte: Agência Brasil

ISP: número de mortes violentas aumenta no Rio de Janeiro


Os dados de segurança pública referentes a outubro de 2025 divulgados nesta quarta-feira (19), pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), no Rio de Janeiro, mostram que alguns índices continuam em alta nos últimos meses. O levantamento mostra que, em outubro deste ano, ocorreram 426 mortes violentas, contra 310 em igual período de 2024, um aumento de 37%.

O índice é a soma de mortes violentas em uma determinada área ou período, geralmente incluindo crimes como homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agente do Estado. É um indicador de criminalidade usado para monitorar a gravidade e a tendência da violência letal em um local.

O número de furtos também aumentou nos últimos meses. O furto de celular foi o mais significativo, com 4.035 aparelhos subtraídos das vítimas em outubro de 2025 contra 2.856 no mesmo período do ano passado, um aumento de 41%. Este um dos crimes que mais frustram as pessoas. Elas compram o aparelho muitas das vezes financiado e, em ação rápida do ladrão, têm o celular levado.

O furto de bicicleta em outubro deste ano teve 348 casos registrados contra 321 no mesmo período do ano passado, o que indica um aumento de 8% dos casos.

O furto de pessoas dentro dos coletivos teve um aumento de 17% neste mês em comparação com outubro do ano passado. Foram 800 casos registrados em outubro deste ano contra 681 no mesmo período de 2024.

Apreensões de armas de guerra

As forças de segurança do Rio retiraram 789 fuzis das mãos de criminosos entre janeiro e outubro de 2025, alcançando o maior volume de apreensões da série histórica do ISP, iniciada em 2007. Em comparação com o mesmo período de 2024, quando 642 fuzis foram tirados de circulação, houve crescimento de 23%.

O mês de outubro também registrou um marco expressivo: 196 fuzis apreendidos em 31 dias, um aumento histórico de 201,5%. A média foi de seis armas de guerra retiradas de circulação por dia.

“Os resultados mostram que estamos enfrentando o crime organizado com inteligência, integração e firmeza. Cada arma retirada das mãos de criminosos representa vidas protegidas e o direito de ir e vir resgatado”, disse o governador Cláudio Castro.

Ainda em outubro, os crimes contra o patrimônio – como roubos de carga, de veículos e roubos de rua – apresentaram queda significativa. Os roubos de carga diminuíram 52,1%, passando de 378 casos em 2024 para 181 em 2025, o menor número para o mês desde 2010. Os roubos de veículo caíram 47,2%, atingindo o menor índice para outubro desde 2012. Já o roubo de rua apresentou o menor resultado desde 2004: 4.282 ocorrências, contra 5.334 no ano anterior.

A produtividade policial também se destaca em 2025: nos dez meses do ano, as polícias Civil e Militar efetuaram 35.598 prisões em flagrante, realizaram 21.408 apreensões de drogas (cerca de 70 por dia), recuperaram 14.279 veículos roubados e retiraram das ruas 5.224 armas, uma média de 17 por dia.

A queda dos crimes em outubro e o recorde nas apreensões de fuzis mostram uma política de segurança baseada em inteligência qualificada e integração total entre as forças policiais do Estado, afirmou a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz.

Indicadores

  • Roubo de carga: 181 registros em outubro de 2025, redução de 52,1% em relação a 2024. Menor número para o mês desde outubro de 2010
  • Roubo de veículo: 1.796 casos, redução de 47,2% em relação a 2024. Menor número para outubro desde 2012
  • Roubo de rua: 4.282 registros, queda de 19,7% em relação a 2024, quando tiveram 5.334 ocorrências. Esse é o menor índice desde 2004
  • Latrocínio: 5 vítimas em outubro de 2025, oito a menos do que em 2024
  • Apreensão de armas: 5.224 apreensões em dez meses, média de 17 por dia
  • Apreensão de drogas: 21.408 registros, crescimento de 5,4% em relação a 2024, que teve 20.308 registros
  • Prisão em flagrante: 35.598 prisões em dez meses, média de 117 por dia




Fonte: Agência Brasil