Mães de mortos questionam operação no Rio: “Arrancaram o braço dele”


Na manhã desta quarta-feira (29), a cena dos corpos enfileirados na Praça São Lucas, no complexo da Penha, correram o Brasil e o mundo. Ao lado das dezenas de homens mortos durante a Operação Contenção, realizada ontem (28) pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, estavam familiares, em sua maioria mulheres. Mães, irmãs e esposas que choravam ao redor dos corpos e questionavam a ação do Estado.  

Uma delas era Elieci Santana, 58 anos, dona de casa. Ela conta que o filho Fábio Francisco Santana, de 36 anos, mandou mensagem dizendo que estava se entregando e compartilhando sua localização.

“Meu filho se entregou, saiu algemado. E arrancaram o braço dele no lugar da algema”, diz.

O relato de que muitos foram mortos mesmo depois de terem sido rendidos era comum entre as famílias que acompanhavam a movimentação na praça. Os corpos foram trazidos pelos próprios moradores, na caçamba dos carros, durante a madrugada. 

A confeiteira Tauã Brito, cujo filho Wellington morreu durante a operação, diz que muitos ainda estavam vivos ontem na mata, apesar de baleados.

“Ontem eu fui lá no Getúlio [Hospital Getúlio Vargas] pedir para subirem com a gente, para gente poder salvar esses meninos. Ninguém podia subir. Eles estavam vivos”, afirma.

Segundo ela, os moradores começaram a entrar na mata para procurar os feridos somente à noite, depois que a polícia tinha ido embora.

“Ficamos lá, cada um caçando seus filhos, seus parentes. Isso aí está certo para o governo?”, questiona.

Emocionada, Tauã disse à reportagem que só queria tirar o filho do meio da rua.

“Não vai dar em nada. A verdade é essa. Porque aqui tem um montão de gente chorando, mas lá fora tem um montão de gente aplaudindo. Isso que eles fizeram foi uma chacina”, lamentou.

Execução


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 – Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção. Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil – Tomaz Silva/Agência Brasil

O advogado Albino Pereira, que representa algumas das famílias, acompanhou a ação durante a manhã. Na avaliação dele, há sinais claros de tortura, execução e outras violações de direitos.

“Você não precisa ser nem perito para ver que tem marca de queimadura [na pele]. Os disparos foram feitos com a arma encostada. Chegou um corpo aqui sem cabeça. A cabeça chegou dentro de um saco, foi decapitado. Então isso aqui foi um extermínio”,  aponta.

Os corpos começaram a ser recolhidos pela Defesa Civil na parte baixa da comunidade por volta de 8h30, e encaminhados para o IML. Fundador da ONG Rio da Paz, Antonio Carlos Costa acompanhou as cenas na Praça São Paulo e criticou a letalidade da operação.

“Não há uma invasão aqui do Estado na sua plenitude, trazendo saneamento básico, moradia digna, acesso à educação de qualidade, hospitais decentes. Por que historicamente a resposta tem que ser essa? E por que a sociedade não se revolta?”, questionou.

Operação Contenção

A Operação Contenção, realizada pelas polícias civil e militar do Rio de Janeiro, deixou 119 mortos, sendo 115 civis e quatro policiais, de acordo com o último balanço. O governo do estado considerou a operação “um sucesso” e afirmou que as pessoas mortas reagiram com violência à operação, e aqueles que se entregaram foram presos. No total, foram feitas 113 prisões.

A operação contou com um efetivo de 2,5 mil policiais e é a maior realizada no estado nos últimos 15 anos. Os confrontos e ações de retaliação de criminosos geraram pânico em toda a cidade, com intenso tiroteio, fechando as principais vias, escolas, comércios e postos de saúde.






Fonte: Agência Brasil

Para deputada, faltaram investigações e câmeras corporais em operação


A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (CDDHC) realiza, nesta quarta-feira (29), atendimento nos complexos do Alemão e da Penha, em parceria com diversas instituições, para acompanhar os desdobramentos da Operação Contenção, que resultou em mais de 100 mortos.

A presidente da Comissão, deputada Dani Monteiro (Psol), comentou o recuo do governador Cláudio Castro, em entrevista coletiva esta manhã, quando afirmou que o número de mortos na operação de ontem nos dois complexos de favelas era da ordem de 58 pessoas, e não 64, como dissera ontem. “É a tentativa de deixar os dados pouco aparentes. Essa falta de informação que vai e volta é uma forma para que a gente não chegue a um número fechado muito cedo, porque isso deixaria o discurso do governador ainda mais enfraquecido”.

Dani Monteiro destacou que, nesta quarta-feira, o Estado brasileiro foi demandado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para esclarecimentos sobre o ocorrido no Rio de Janeiro. “[O governo brasileiro] tem um longo lastro de julgamentos e condenações por violações de direitos humanos, exatamente em operações como a que ocorreu ontem” comentou.

Ela diz acreditar que, com base nos números oficiais e extraoficiais que o dia segue trazendo, esta talvez seja a maior operação policial e a mais violenta da história, contabilizando cerca de 120 mortos.

Carandiru

“Se esses dados se confirmam, tem uma violação maior que o Carandiru. Então, se torna a maior violação cometida pelo Estado na história da nossa redemocratização. Acho que esse é um marco”, declarou Dani. A parlamentar explicou que acima de seis mortos, pelo quantitativo da ciência, já pode ser considerado uma chacina.

O Massacre do Carandiru foi uma chacina que ocorreu no Brasil, em 2 de outubro de 1992, quando uma intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo, visando conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru), causou a morte de 111 detentos.

Investigação prévia

A presidente da CDDHC da Alerj afirmou que operações policiais, como a efetuada ontem, deveriam ser precedidas de uma investigação para que se possa dizer se as pessoas mortas eram de fato envolvidas com o crime organizado.

“O mínimo que a gente deveria era já ter essa investigação prévia atestando que aquelas pessoas eram envolvidas no crime organizado do território”.

A deputada acrescentou que se houvessem câmeras corporais, se poderia, inclusive, confirmar se houve reação violenta da parte dos traficantes, o que justificaria o uso escalonado da força policial. “Esses dois elementos que eu trago, que são as câmeras corporais e a investigação prévia, não ocorreram”.

Dani Monteiro se encontra no território acompanhando o deslocamento dos familiares e dos corpos. “Para ter, minimamente, a autópsia dos corpos e que a gente comece a fazer investigação se todos essas pessoas mortas tinham mandados de busca pela polícia, já tinham investigações criminais. O que a polícia conseguiu reconstruir da vida delas que confirmasse esse envolvimento com o crime organizado?”. Para a deputada, o há são especulações.

A parlamentar avalia que o governador não tem como confirmar o que tem dito à mídia, que todos os mortos eram envolvidos com o tráfico. “É uma violação dos direitos humanos. Mas, hoje, o que ele fala é leviano. Ele não tem essa confirmação”. O governador do estado disse na manhã de hoje que pode “tranquilamente classificar de criminosos” todos os mortos, com exceção de quatro policiais.


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para reconhecimento dos corpos – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Suporte

Equipes da Comissão de Direitos Humanos estão dando suporte aos familiares dos mortos. Dani Monteiro informou que não há executivos do governo do estado na favela. Quem está tirando os corpos da mata e dos becos e levando para o Instituto Médico Legal (IML) são os moradores locais. A presidente da Comissão ressalta a importância de que seja feita perícia no local, exame de balística. aberto.

Nessa terça-feira (28), a comissão oficiou o Ministério Público do Estado, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), responsável pelo comitê de monitoramento da ADPF 635, solicitando informações urgentes sobre o planejamento, a execução e as responsabilidades pela ação. O documento pede ainda especial atenção ao uso da força no contexto da operação.

“O que vimos no Alemão e na Penha é o retrato de um Estado que perdeu qualquer limite”, disse a presidente da comissão em nota divulgada na manhã desta quarta-feira.  “Virar a madrugada contando corpos não pode ser rotina de um Estado de direito sem pena de morte. O Rio precisa de justiça, não de chacinas eleitoreiras fantasiadas de operação policial”, completou a nota.

A CDDHC manifestou também solidariedade aos familiares dos policiais mortos, reafirmando que todas as vidas importam e que a violência não pode ser política pública de governo.




Fonte: Agência Brasil

Operação pode superar massacre do Carandiru em violações, diz deputada


A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (CDDHC), Dani Monteiro, comparou a Operação Contenção, que já contabiliza cerca de 120 mortos, ao massacre do Carandiru.

“Se esses dados se confirmam, tem uma violação maior que o Carandiru. Então, se torna a maior violação cometida pelo Estado na história da nossa redemocratização”, declarou Dani, nesta quarta-feira (29), durante atendimento da comissão para acompanhar os desdobramentos da ação policial nos complexos do Alemão e da Penha, em parceria com diversas instituições.

A parlamentar explicou que, de acordo com a ciência, ações que resultam em mais de seis mortos podem ser consideradas chacinas.

O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, quando uma intervenção da Polícia Militar do estado de São Paulo, visando conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru), causou a morte de 111 detentos.

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Dani Monteiro destacou que, nesta quarta-feira, o Estado brasileiro foi demandado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para esclarecimentos sobre o ocorrido no Rio de Janeiro. “[O governo brasileiro] tem um longo lastro de julgamentos e condenações por violações de direitos humanos, exatamente em operações como a que ocorreu ontem” comentou.

Investigação prévia

A presidente da CDDHC da Alerj afirmou que operações policiais, como a efetuada ontem, deveriam ser precedidas de uma investigação para que se possa dizer se as pessoas mortas eram de fato envolvidas com o crime organizado.

“O mínimo que a gente deveria era já ter essa investigação prévia atestando que aquelas pessoas eram envolvidas no crime organizado do território”.

A deputada acrescentou que se houvesse câmeras corporais, se poderia, inclusive, confirmar se houve reação violenta da parte dos traficantes, o que justificaria o uso escalonado da força policial. “Esses dois elementos que eu trago, que são as câmeras corporais e a investigação prévia, não ocorreram”.

Dani Monteiro se encontra no território acompanhando o deslocamento dos familiares e dos corpos. “Para ter, minimamente, a autópsia dos corpos e que a gente comece a fazer investigação se todos essas pessoas mortas tinham mandados de busca pela polícia, já tinham investigações criminais. O que a polícia conseguiu reconstruir da vida delas que confirmasse esse envolvimento com o crime organizado?”. Para a deputada, o há são especulações.

A parlamentar avalia que o governador não tem como confirmar o que tem dito à mídia, que todos os mortos eram envolvidos com o tráfico. “É uma violação dos direitos humanos. Mas, hoje, o que ele fala é leviano. Ele não tem essa confirmação”. O governador do estado disse na manhã de hoje que pode “tranquilamente classificar de criminosos” todos os mortos, com exceção de quatro policiais.


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para reconhecimento dos corpos – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Suporte

Equipes da Comissão de Direitos Humanos estão dando suporte aos familiares dos mortos. Dani Monteiro informou que não há executivos do governo do estado na favela. Quem está tirando os corpos da mata e dos becos e levando para o Instituto Médico Legal (IML) são os moradores locais. A presidente da Comissão ressalta a importância de que seja feita perícia no local, exame de balística. aberto.

Nessa terça-feira (28), a comissão oficiou o Ministério Público do Estado, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), responsável pelo comitê de monitoramento da ADPF 635, solicitando informações urgentes sobre o planejamento, a execução e as responsabilidades pela ação. O documento pede ainda especial atenção ao uso da força no contexto da operação.

“O que vimos no Alemão e na Penha é o retrato de um Estado que perdeu qualquer limite”, disse a presidente da comissão em nota divulgada na manhã desta quarta-feira.  “Virar a madrugada contando corpos não pode ser rotina de um Estado de direito sem pena de morte. O Rio precisa de justiça, não de chacinas eleitoreiras fantasiadas de operação policial”, completou a nota.

A CDDHC manifestou também solidariedade aos familiares dos policiais mortos, reafirmando que todas as vidas importam e que a violência não pode ser política pública de governo.




Fonte: Agência Brasil

Operação supera massacre do Carandiru em violações, diz deputada


A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Dani Monteiro, comparou a Operação Contenção, que já contabiliza 119 mortos, ao massacre do Carandiru.

“Se esses dados se confirmarem, tem uma violação maior que o Carandiru. Então, se torna a maior violação cometida pelo Estado na história da nossa redemocratização”, declarou Dani, nesta quarta-feira (29), durante atendimento da comissão para acompanhar os desdobramentos da ação policial nos complexos do Alemão e da Penha, em parceria com diversas instituições.

A parlamentar explicou que, de acordo com a ciência, ações que resultam em mais de seis mortos podem ser consideradas chacinas.

O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, quando uma intervenção da Polícia Militar do estado de São Paulo, visando conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru), causou a morte de 111 detentos.

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A parlamentar destacou que a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu esclarecimentos ao Estado brasileiro sobre a megaoperação no Rio de Janeiro. “[O governo brasileiro] tem um longo lastro de julgamentos e condenações por violações de direitos humanos, exatamente em operações como a que ocorreu ontem” comentou.

Investigação prévia

A presidente da comissão afirmou que operações policiais, como a efetuada ontem, deveriam ser precedidas de uma investigação para que se possa dizer se as pessoas mortas eram de fato envolvidas com o crime organizado.

“O mínimo que a gente deveria era já ter essa investigação prévia atestando que aquelas pessoas eram envolvidas no crime organizado do território”.

A deputada acrescentou que se os policiais usassem câmeras corporais seria possível confirmar uma reação violenta da parte dos traficantes, o que justificaria o uso escalonado da força policial. “Esses dois elementos que eu trago, que são as câmeras corporais e a investigação prévia, não ocorreram.”

Dani Monteiro está no Complexo da Penha onde acompanha o deslocamento dos familiares e dos corpos. “Para ter, minimamente, a autópsia dos corpos e que a gente comece a fazer investigação se todos essas pessoas mortas tinham mandados de busca pela polícia, já tinham investigações criminais. O que a polícia conseguiu reconstruir da vida delas que confirmasse esse envolvimento com o crime organizado?”. Para a deputada, o que há são especulações.

A parlamentar avalia que o governador não tem como confirmar o que tem dito à mídia, que todos os mortos eram envolvidos com o tráfico. “É uma violação dos direitos humanos. Mas, hoje, o que ele fala é leviano. Ele não tem essa confirmação”.

O governador do estado disse na manhã de hoje que pode “tranquilamente classificar de criminosos” todos os mortos, com exceção de quatro policiais.


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para reconhecimento dos corpos – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Suporte

Equipes da Comissão de Direitos Humanos estão dando suporte aos familiares dos mortos. Dani Monteiro informou que não há executivos do governo do estado na favela. Quem está tirando os corpos da mata e dos becos e levando para o Instituto Médico-Legal (IML) são os moradores locais. A presidente da comissão ressalta a importância de que seja feita perícia no local, exame de balística.

Nessa terça-feira (28), a comissão oficiou o Ministério Público do Estado, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), responsável pelo comitê de monitoramento da ADPF 635, solicitando informações urgentes sobre o planejamento, a execução e as responsabilidades pela ação. O documento pede ainda especial atenção ao uso da força no contexto da operação.

“O que vimos no Alemão e na Penha é o retrato de um Estado que perdeu qualquer limite”, disse a presidente da comissão em nota divulgada na manhã desta quarta-feira.  “Virar a madrugada contando corpos não pode ser rotina de um Estado de direito sem pena de morte. O Rio precisa de justiça, não de chacinas eleitoreiras fantasiadas de operação policial”, completou a nota.

A Comissão de Direitos Humanos manifestou também solidariedade aos familiares dos policiais mortos, reafirmando que todas as vidas importam e que a violência não pode ser política pública de governo.




Fonte: Agência Brasil

Governo ampliará trecho da ferrovia Transnordestina em Pernambuco


O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que será publicado na sexta-feira (31) o edital que reincluirá na ferrovia Transnordestina o trecho que ligará Salgueiro ao Porto de Suape, em Pernambuco.

O trecho, segundo Renan Filho, foi retirado do projeto pelo governo anterior. O anúncio de retomada da obra até Suape foi feito nesta quarta-feira (29), durante o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

“A boa nova é que o presidente Lula tomou a decisão de não retirar Pernambuco da estratégia do desenvolvimento do Nordeste ferroviário, e reincluiu o braço de Pernambuco, que vai de Salgueiro a Suape”, disse o ministro.

Transnordestina

A ferrovia Transnordestina está entre os chamados “grandes projetos estruturantes” planejados pelo governo federal para a região. A ferrovia terá uma extensão superior a 1,2 mil quilômetros, a um custo de aproximadamente R$ 15 bilhões.

O empreendimento ligará Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE), com um ramal até Suape (PE), atravessando 53 municípios. A expectativa é que comece a entrar em operação ainda em 2025, no trecho de 580 quilômetros entre o Terminal Intermodal de Cargas de Bela Vista (PI) e Iguatu (CE), passando pelo interior de Pernambuco.

“A Transnordestina está voando no Ceará e no Piauí, onde há 5 mil pessoas trabalhando nas obras”, destacou o ministro. “E, na sexta-feira, vamos publicar o edital de licitação da ferrovia no braço Salgueiro-Porto de Suape”, acrescentou.

Caminhoneiros

Ainda durante o programa Bom Dia, Ministro, Renan Filho disse que pretende ampliar para 50 o número de pontos de parada e de descanso para caminhoneiros. “O Brasil não tinha ponto de parada e descanso para caminhoneiro. Já entregamos oito e esperamos chegar a 50 pontos até o final do governo do presidente Lula”, disse.

“Essa é a nossa meta. Uma meta ousada que garantirá, nestes pontos de parada, locais seguros para alimentação, banho e descanso. Ali, ele poderá parar seu caminhão de graça”, acrescentou ao lembrar que, em muitos casos, os caminhoneiros têm de pagar caro para pernoitar em postos de gasolina.




Fonte: Agência Brasil

Governo do Rio estima 119 mortes; moradores retiram corpos da mata


A Operação Contenção, realizada na última terça-feira (28) pelas polícias civil e militar do Rio de Janeiro, deixou 119 mortos, sendo 115 civis e quatro policiais. As informações foram atualizadas pelo secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, que participou de uma entrevista coletiva à imprensa concedida nesta quarta-feira (29).

Autoridades de segurança pública admitem que esse número pode aumentar e afirmam que as pessoas mortas reagiram com violência à operação, e aqueles que se entregaram foram presos.

No total, foram feitas 113 prisões, sendo que 33 eram pessoas de outros estados que atuavam no Rio de Janeiro. Além disso, dez adolescentes foram encaminhados a unidades socioeducativas.

“A polícia não entra atirando, entra recebendo tiro”, disse Curi, ao ser perguntado se as mortes eram esperadas. “A operação estava planejada. O resultado quem escolheu não foi a polícia, foram eles”, acrescentou.

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Para ele, a operação não foi uma chacina, termo que foi usado por movimentos sociais e defensores dos direitos humanos para classificar a ação, que foi a mais letal da história do estado.

“Chacina é a morte ilegal. O que fizemos ontem foi ação legítima do estado para cumprimento de mandados de apreensão e prisão”, afirmou.

A operação foi amplamente criticada por especialistas, moradores, organizações nacionais e internacionais. Ativistas denunciaram que a ação foi um “massacre”, enquanto especialistas em segurança pública ouvidos pela Agência Brasil apontaram a exposição da população aos tiroteios.

A operação contou com um efetivo de 2,5 mil policiais e é a maior realizada no estado nos últimos 15 anos. Os confrontos e ações de retaliação de criminosos geraram pânico em toda a cidade, com intenso tiroteiro, fechando as principais vias, escolas, comércios e postos de saúde.

De acordo com Curi, as pessoas mortas estão sendo oficialmente tratadas como criminosas autoras de tentativa de homicídio contra os policiais.

180 mandados de prisão

O objetivo da operação era conter o avanço do Comando Vermelho e cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão, sendo 30 expedidos pelo estado do Pará, parceiro na operação.

“A operação de ontem foi o maior baque que Comando Vermelho levou”, disse Curi. “Com perda tão grande de armas, de drogas e também de lideranças”, complementou.

Foram apreendidas 118 armas, sendo 91 fuzis. A polícia contabiliza ainda a droga apreendida e estima que sejam toneladas.

Para o secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, a Operação Contenção deixou apenas oito vítimas:

“As vítimas dessa operação são quatro inocentes feridos sem gravidade e quatro policiais que infelizmente faleceram”, disse.

Na versão do secretário, as pessoas que morreram eram criminosas que optaram por não se entregar à polícia. “A alta letalidade que se verificou era previsível, mas obviamente não era desejada”, disse.

Na coletiva de imprensa, foram apresentadas imagens da ação. Segundo as autoridades, ela foi planejada, e as normas legais foram cumpridas, tais quais o uso de câmeras corporais. O conflito foi deslocado para área de mata, onde ocorreu a maior parte das mortes, para preservar a população.

Em relação às câmeras, de acordo com as autoridades, elas podem ter ficado sem bateria, por conta da duração da operação e parte das ações pode não ter sido registrada. 


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Familiares chegam ao Detran para se cadastrar para recinhecimento dos corpos
Após resgate de dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contençao.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 Familiares esperam para identificar corpos no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro Tânia Rêgo/Agência Brasil

Corpos retirados da mata

Na madrugada e na manhã desta quarta-feira, a própria comunidade e familiares reuniram corpos retirados da mata em uma praça no Complexo da Penha.

Perguntado por que esses corpos não foram retirados pela própria polícia ou por que não foi prestado socorro a essas pessoas, o secretário de Segurança Pública afirmou que as polícias não sabiam desses corpos.

“Todos aqueles que foram retirados na madrugada ou manhã eram criminosos que sequer a polícia tinha conhecimento deles”, disse. “Muitos são baleados e entram na mata procurando ajuda”.

Sobre a possibilidade de aumento no número de mortos, Victor dos Santos disse que ainda é possível que haja mais vítimas. “Não foi consolidado ainda, pode ser que tenha aumento”, disse.


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

Dezenas de corpos são levados por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Tomaz Silva/Agência Brasil




Fonte: Agência Brasil

Castro: operação foi “sucesso” e policiais mortos foram únicas vítimas


O governador do Rio, Cláudio Castro, disse nesta quarta-feira (29) que a Operação Contenção foi um sucesso e que as únicas vítimas dos confrontos foram os policiais mortos.

“Temos muita tranquilidade de defender o que foi feito ontem. Queria me solidarizar com as famílias dos quatro guerreiros que deram a vida para libertar a população. Eles foram as verdadeiras quatro vítimas. De vítima ontem, só tivemos os policiais”, disse Castro em entrevista no Palácio Guanabara, sede do Executivo estadual.

“Quais são os indícios que levam a crer que todos eram criminosos? O conflito não foi em área edificada. Foi todo na mata. Não creio que tivesse alguém passeando na mata num dia de conflito. Por isso a gente pode tranquilamente classificar de criminosos”, acrescentou o governador. 

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Número de mortos

Cláudio Castro disse ainda que o número oficial de mortos na operação das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão nessa terça-feira (28) é de 58 mortos, incluindo os dois policiais civis e os dois policiais militares. Ele não explicou o motivo da mudança da contagem oficial, mas disse que o dado oficial vai mudar “com certeza”.

Ontem, o governo contabilizou 64 pessoas mortas, inclusive os quatro agentes das forças de segurança. O governador também não quis comentar sobre os cerca de 60 corpos retirados da área de mata pelos moradores do Complexo da Penha após a operação mais letal da história do estado.

>> Veja as operações policiais mais letais no Rio nos últimos anos

O governador destacou que o estado do Rio é o epicentro do problema da segurança pública que “assola o Brasil”.

“Mostramos ontem um duro golpe na criminalidade e que temos condições de vencer batalhas. Mas temos a humildade de reconhecer que essa guerra não será vencida sozinhos. Agora é momento de união e não de politicagem”.

Moradores do Rio de Janeiro viveram momentos de medo nessa terça-feira (28) diante da operação policial. Milhares de pessoas enfrentaram dificuldades para conseguir chegar em casa devido aos bloqueios das vias da cidade, além de terem de fugir dos tiroteios.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil criticaram a ação que gerou grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado.

Para a professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF) Jacqueline Muniz, a operação foi amadora e uma “lambança político-operacional”. Movimentos populares e de favelas também condenaram as ações policiais e afirmaram que “segurança não se faz com sangue”.




Fonte: Agência Brasil

Governo oferecerá cursos gratuitos para obtenção de CNH


As facilidades que estão sendo planejadas pelo governo federal para simplificar e baratear a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vão além da diminuição do número de aulas práticas, e abrangerá também cursos gratuitos que poderão ser oferecidos de forma online ou, até mesmo, nas escolas públicas.

Com a desobrigatoriedade de as aulas serem ministradas exclusivamente por autoescolas, a expectativa é a de viabilizar também negociações diretas entre alunos e instrutores, que precisarão de certificados que poderão ser obtidos por meio de cursos oferecidos pelo Ministério do Transporte o pelos departamentos de trânsitos dos estados (Detrans).

O detalhamento sobre essas facilidades foi apresentado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, nesta quarta-feira (29), durante o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A expectativa é de as novas regras comecem a vigorar ainda este ano, por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), após a coleta de sugestões da sociedade, que está sendo feita até o dia 2 de novembro por meio de audiências públicas.

Alto custo

Segundo Renan Filho, há regiões em que as pessoas precisam pagar até R$ 5 mil para obter uma CNH, em um processo que chega a durar 9 meses para ser concluído.

“É muito caro. Custa mais do que três salários mínimos. É, portanto, um modelo impeditivo que leva as pessoas para a ilegalidade, dirigindo sem carteira”, disse.

O ministério mostrou, por meio de levantamento, que 54% dos Cadastros de Pessoa Física (CPF) que adquiriram motocicletas não têm habilitação.

“São pessoas sem habilitação, mas com motos em seus nomes. Em alguns estados, esse número chega a 70%. Só por esses números, concluímos que 20 milhões de brasileiros dirigem sem carteira. Isso precisa ser resolvido”, argumentou Renan Filho.

Burocracia

O ministro lembrou que há também todo o processo burocrático, que encarece ainda mais a obtenção da CNH, colocando o Brasil como o país mais caro da América do Sul, para a obtenção de carteira de motorista. Essas dificuldades ficam ainda maiores, caso a pessoa queira se habilitar para carro e moto, ao mesmo tempo.

Nesse caso, explicou o ministro, “são necessárias 45 horas-aulas obrigatórias na autoescola, apenas para o curso teórico; outras 20 horas de aula prática para tirar a carteira de moto; e outras 20 horas de carro. São, portanto, 85 horas que a pessoa tem de dedicar. Se ela dedicar 2 horas por dia, precisará de mais de 40 dias”. O ministro lembrou ainda que após todas essas horas, a pessoa ainda tem de fazer a prova escrita.

Ao quebrar essa obrigatoriedade toda, e dar o direito ao cidadão de contratar o profissional que desejar, o governo pretende tornar o procedimento mais rápido e mais simples.

Uma das possibilidades estudadas pelo governo é a de usar as escolas públicas ou, se for o caso, privadas, para preparar as pessoas para a prova de habilitação. “Por que as escolas não preparam o cidadão para fazer a prova de habilitação? Essa é uma pergunta que muitos fazem. Não preparam porque há a obrigatoriedade da autoescola”, disse.

“Além de preparar o jovem para o vestibular, as escolas podem preparar também para a CNH”, acrescentou Renan Filho, ao citar conteúdos como os de legislação, cidadania, direção defensiva e meio ambiente, entre outros.

Autoescolas

Renan Filho ressalta que não será o fim das autoescolas.

“Elas vão continuar existindo. O que vai acabar é a obrigatoriedade de contratar a aula prática das autoescolas. O que vai acontecer é que o cidadão poderá optar por ter aula com um instrutor autônomo, inclusive em seu próprio carro, desde que esteja [devidamente caracterizado] com adesivos ou ímãs”, esclareceu.

Perguntado sobre como via as críticas de falta de diálogo com o governo, feitas por centros de formação de condutores em alguns estados, o ministro garantiu que esse não é o verdadeiro problema.

“Na verdade, o problema não é falta de diálogo, até porque as audiências públicas ainda estão abertas. O problema é a mudança que o governo está discutindo [e seus efeitos para as autoescolas]. Esses centros de formação de condutores querem manter uma reserva de mercado, que é uma espécie de monopólio. E monopólios, todos sabemos, aumentam preços”, disse.

Novo mercado

Segundo o ministro, quem está por trás dessas manifestações são os donos de autoescolas. “Até porque muitos dos instrutores são favoráveis à nova legislação, porque poderão negociar diretamente [com aqueles que desejam ter a CNH]”

Além disso, acrescentou o ministro, a queda nos preços para obtenção de CNH fará com que mais gente tire a carteira. “E se mais gente vai tirar a carteira, mais instrutores serão necessários. Ou seja, teremos mais gente trabalhando. Essa mudança vai estabelecer um novo mercado”, complementou.

De acordo com o Ministério do Transporte, há, no Brasil, cerca de 200 mil instrutores que, com a nova legislação, estarão aptos a dar aulas. Esse número poderá ser ainda maior, com o credenciamento de novos instrutores, tanto pelo ministério como pelos departamentos de trânsito dos estados.

A discussão no momento, segundo Renan Filho, é sobre se haverá ou não uma quantidade mínima de horas necessárias de aula prática.




Fonte: Agência Brasil

Ativistas denunciam massacre em ação policial no Rio


Ativistas que acompanharam a retirada de mais de 60 corpos de uma área de mata no Complexo do Penha, um dia após a maior operação policial realizada no Rio de Janeiro, classificam o evento como uma “chacina” e um “massacre” promovidos por forças de segurança. 

O empreendedor Raull Santiago, nascido no Morro do Alemão, foi um dos primeiros a noticiar o encontro dos corpos. Ele usou transmissões ao vivo pelas suas redes sociais.

“Essa é a face da cidade maravilhosa, que é capital na América Latina quando a gente pensa em turismo. E eu amo a minha cidade, o meu estado, a minha favela, mas há esses momentos em que a desigualdade grita, o poder direciona o seu ódio e traz na prática mais brutal possível o seu recado para quem vive em comunidades como a nossa”, lamentou.

Contagem

“Infelizmente, pela minha realidade, eu já estou acostumado a ver corpos, baleados, estraçalhados. Mas, [com] isso aqui, eu nunca vou me acostumar”, disse Raull Santiago sobre o choro das mães diante dos corpos de seus filhos.

Nessa terça-feira (28), dia da operação, 64 mortos foram confirmados, incluindo quatro policiais. No entanto, pelo menos outros 70 corpos foram retirados por moradores de áreas de mata. Seis foram localizados no Complexo do Alemão e deixados no Hospital Estadual Getúlio Vargas durante a noite, e outros 64 foram encontrados no Complexo da Penha e reunidos em uma praça da comunidade, de onde foram recolhidos posteriormente pelo Corpo de Bombeiros.

Se não houver duplicidade nos números e se todos os corpos encontrados realmente tiverem sido vítimas da operação, o saldo total pode passar de 130.

“Tanto essas execuções, quanto os policiais que morreram, tudo isso [significa] marcos históricos que gritam a ineficiência da política de segurança pública do Rio de Janeiro. Ou, pior que isso, a eficiência dela, a forma como ela é desenhada, estruturada, pensada e aplicada para lidar com algumas vidas”, afirmou Santiago.

“Da favela para dentro, tiro, porrada, bomba, invasão, desrespeito, chacina, massacre. Em outros endereços, o tratamento é quase vip”, criticou.

Responsabilização

O presidente da organização não governamental Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, também acompanhou a retirada dos corpos nesta manhã e pediu responsabilização do governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, pela tragédia. Ele lembrou, entretanto, que esse episódio se assemelha a muitos outros já ocorridos no estado.

“O que há de novo nesse massacre? Apenas a sua extensão, a quantidade de mortos… O que não há de novo é essa política de segurança pública, a destruição da vida do morador de comunidade. Quando ouvimos as respostas sobre a operação, ouvimos o que foi falado há 40, 50 anos atrás”, lamentou.

“As causas desse gravíssimo problema social já foram elucidadas, mas por que medidas tão óbvias não são implementadas? Porque falta vontade política. Porque quem morre são os moradores de comunidades e porque são eleitos homens que conseguem chegar aos mais altos postos com o discurso do “bandido bom é bandido morto”, completou o presidente da ONG Rio de Paz.

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, tem defendido a megaoperação. Segundo ele, a ação foi planejada ao longo de seis meses, como resultado de mais de um ano de investigações, contou com o aval do Poder Judiciário e foi acompanhada pelo Ministério Público do estado.


Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

Dezenas de corpos foram levados por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil




Fonte: Agência Brasil

São Paulo ainda tem mais de 45 mil imóveis sem luz devido às chuvas


A chuva forte que atingiu a cidade de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (29), causou alagamentos e queda de energia em várias regiões. Cerca de 45 mil imóveis ainda estão sem eletricidade, segundo a última atualização da Enel. O número sobe para 56.800 clientes sem luz considerando os municípios da região metropolitana.

As chuvas começaram por volta das 5h e colocaram em alerta todas as regiões da capital paulista. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da Prefeitura de São Paulo (CGE), os bairros que apresentaram maiores índices de concentração de chuva foram: Cidade Ademar 21 milímetros (mm), Jabaquara (20,5mm) e Campo Limpo (20,4mm).

Nesta madrugada, os termômetros na capital oscilaram em torno dos 17,3 graus Celsius (ºC) e regiões do extremo sul chegaram aos 15,8ºC. Em torno das 8h, as instabilidades se afastaram para o Vale do Paraíba e, a partir das 9h, houve considerável melhora, já com a presença de sol forte.

À tarde as instabilidades retornam, mas com chuvas mais fracas e isoladas. Os ventos úmidos que passam a soprar do oceano causarão queda na temperatura e as mínimas de hoje devem ocorrer no final da noite.

*Estagiário da Agência Brasil sob supervisão de Odair Braz Junior




Fonte: Agência Brasil