Rio amanhece em estágio de normalidade após dia de caos


A cidade do Rio de Janeiro amanheceu em situação de normalidade, após o caos vivido nessa terça-feira (28). As forças de segurança do estado realizaram a operação mais letal da história, para combater o Comando Vermelho, com pelo menos 64 mortos. Em retaliação, os criminosos interditaram 35 ruas em diversos pontos da cidade, com veículos atravessados, latões de lixo, barricadas e pilhas de materiais em chamas.

Às 6h, o Centro de Operações e Resiliência (COR) da prefeitura anunciou que a cidade retornou ao estágio 1, o menor em uma escala de 5, que “significa que não há ocorrências de grande impacto”. O estágio 2 havia sido acionado às 13h48 de ontem, por causa das interdições em diversas ruas e dos problemas nos modais de transporte.

Durante a madrugada, todas as ruas que ainda estavam bloqueadas por barricadas foram liberadas. A última foi a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga os bairros das zona norte e oeste, passando pelo Complexo de Favelas do Lins, às 2h45.

Os transportes também funcionam sem problemas nesta manhã. De acordo com o COR, as operações dos ônibus, VLT, BRT, metrô, trens e barcas ocorrem sem alterações. Na terça, por causa das interdições, mais de 200 linhas tiveram seus itinerários interrompidos e alterados. Além disso, 71 coletivos foram usados pelos criminosos como barricadas.

No trem e no metrô, a alta demanda de passageiros que voltou para casa de forma antecipada no meio da tarde causou superlotação nas estações e composições. A operação precisou ser reforçada com carros extras nos dois modais.




Fonte: Agência Brasil

Número de suspeitos mortos em ação na Penha e no Alemão pode aumentar


Um balanço final da Operação Contenção – feita pelas polícias Civil e Militar (PM) do Rio na noite da terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha contra o crime organizado – indica a prisão de 81 criminosos, entre eles um dos líderes conhecido como ‘Belão’, e a apreensão de 93 fuzis, além de pistolas, granadas e mais de 500 quilos de entorpecentes.

À noite, uma kombi chegou ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, trazendo seis corpos de moradores da comunidade, localizados em uma área de mata no Alemão. Esses corpos não foram ainda contabilizados como mortos na operação.

Se confirmados que essas mortes foram causadas durante o confronto com as policias do Rio, o número de mortos chega a 66 na operação – a maior letalidade da história de operações no Rio de Janeiro.

Por ficar perto dos complexos da Penha e do Alemão, o Hospital Getúlio Vargas recebeu todos os mortos e feridos. Também à noite, moradores iniciaram um protesto na entrada do hospital, informando que outros corpos foram deixados na área de mata. Em seguida, a PM reforçou o policiamento na entrada principal do hospital para garantir a ordem.

Resultados efetivos

Durante a divulgação do balanço da operação, o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, defendeu a atuação policial.

“Estamos falando de uma região com cerca de 9 milhões de metros quadrados, o que corresponde a dois bairros de Copacabana, onde vivem mais de 200 mil pessoas. Essa ação foi fruto de inteligência e de um planejamento cuidadoso para garantir resultados efetivos.”

Segundo o secretário, o fato de haver tantos focos de confronto mostra a precisão das informações de inteligência que foram apuradas.

“Quanto mais inteligência, mais resistência e chance de confronto. Os ataques ordenados da facção criminosa mostram uma tentativa covarde e desesperada de tirar o foco da polícia. Nossas equipes agiram de forma estratégica para capturar ou neutralizar narcoterroristas que tiram a liberdade e a tranquilidade da população”, afirmou.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, destacou a presença ostensiva da corporação e a grande quantidade de fuzis apreendidos.

“Empregamos força máxima nesta operação e o alto poder de fogo dos criminosos confirma a dificuldade que nossa tropa tem de avançar nesses terrenos com intensos confrontos. Somente nesta operação foram quase 100 fuzis retirados de circulação. Essas armas de guerra são usadas contra os policiais e também contra a população’, explicou o coronel.

A Secretaria de Administração Penitenciária reforçou a vistoria nos presídios com lideranças do Comando Vermelho e apreendeu celulares e drogas. A secretaria também monitora 30 presos que violaram o sistema de tornozeleira eletrônica na região da operação. A Vara de Execuções Penais vai expedir mandados de prisão para todos.

Dez vagas

Após receber um relatório de Inteligência da Polícia Civil, em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária, o governador Cláudio Castro solicitou ao governo federal dez vagas para a transferência imediata de lideranças criminosas para presídios federais de segurança máxima.

“Estamos enfrentando o crime com rigor, dentro da lei, e quem continuar comandando ações criminosas de dentro das cadeias vai ser isolado e responsabilizado. O Rio de Janeiro não vai tolerar conivência nem complacência com o crime”, afirmou o governador.

A ação mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, com a participação do Ministério Público estadual e teve como objetivo cumprir mandados de prisão e conter a expansão territorial da facção criminosa Comando Vermelho. Durante a ação, houve intenso tiroteio e quatro policiais foram mortos, sendo dois civis e dois militares do Bope, a tropa de elite da PM.

Segundo o governo do Rio de Janeiro, a operação é resultado de mais de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), nos complexos do Alemão e da Penha, que reúnem 26 comunidades. Durante todo o dia foram registrados diversos confrontos, principalmente na área de mata, e 60 criminosos que reagiram à ação policial morreram.




Fonte: Agência Brasil

“Entrei na estação para me esconder dos tiros”, conta moradora do Rio


Moradores do Rio de Janeiro viveram momentos de pânico e medo nesta terça-feira (28) diante da operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, que deixou mais de 60 mortos e 80 presos. Milhares enfrentaram dificuldades para conseguir chegar em casa, devido aos bloqueios das vias da cidade, além de terem de fugir dos tiroteios.

As estações de metrô e os pontos de ônibus ficaram lotados durante a tarde.

Tiroteio

A professora Marise Flor conta que ficou no meio de um tiroteio ao pegar um ônibus de volta para casa. O filho chegou a tentar buscá-la de carro, mas não conseguiu passar pelos bloqueios. Ela precisou descer na estação Outeiro Santo, no corredor Transolímpica, em Jacarepaguá, na zona oeste por causa das barricadas, montadas pelas facções criminosas.

Segundo ela, os policiais militares chegaram e atiraram para dispersar os moradores que insistiam em permanecer no local. Neste momento, Marise Flor voltou para dentro da estação para fugir dos tiros.

“Entrei na estação de volta por baixo da roleta para me esconder dos tiros”.

A professora tentou pegar um carro de aplicativo. “Só depois consegui sair da estação. Meu filho conseguiu me pegar e cheguei em casa”.

Ela conta que a situação de desespero provocou dor no estômago. “Em seguida, desabei. Tive uma crise de choro”.

Barricadas

A atendente de um quiosque de sorvete em um supermercado no Engenho Novo, Mariana Colbert, de 24 anos e grávida de 4 meses, conta que às 8h30 as ruas onde vive, no Engenho da Rainha, já estavam fechadas.

De acordo com a jovem, três ônibus estavam atravessados na pista. Mais de 50 ônibus foram utilizados como barricadas no Rio de Janeiro.

Ela teve de caminhar até Inhaúma para pegar um ônibus em direção ao trabalho. Mariana Colbert conta que o motorista mudou o itinerário para evitar passar na comunidade comandada pela facção Comando Vermelho, alvo da megaoperação.

“Levei uma hora para chegar ao trabalho, mas ainda consegui chegar. Muita gente não foi trabalhar, muitas lojas ficaram fechadas. Quando deu 16h fui liberada. Peguei um Uber, que estava mais caro, mas consegui chegar rápido em casa. Quando voltei [para casa], a pista já estava liberada e tinha muita polícia nas ruas”, relata.

Operação Contenção

O Rio de Janeiro passa pela maior operação de segurança em 15 anos, de acordo com o governo do estado.

Ao todo, 2,5 mil policiais civis e militares foram mobilizados em ações nos complexos do Alemão e da Penha. O objetivo é capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.

A operação, que deixa pelo menos 64 mortos é também a mais letal, superando o número de mortos da operação no Jacarezinho, que provocou 28 mortes, em 2021.




Fonte: Agência Brasil

Ministros farão reunião de emergência com Castro nesta quarta-feira


Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) farão uma reunião de emergência com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, nesta quarta-feira (30). 

A operação Contenção, realizada nesta terç-feira (29), nos complexos do Alemão e da Penha, deixou pelo menos 64 pessoas mortas e é considerada a mais letal do Rio de Janeiro.

Além disso, Rui Costa atendeu ao pedido do governador do Rio de Janeiro para transferência de 10 detentos para presídios federais. 

Esses homens teriam liderado de dentro da cadeia ações que culminaram com o caos na cidade, incluindo bloqueio de pistas e sequestro de ônibus em diferentes pontos da capital fluminense.

Reunião avaliou desdobramentos

O governo federal acrescentou, em nota, que, uma reunião na Casa Civil com a presença do então presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e dos ministros Rui Costa, Gleisi Hoffmann, Jorge Messias (AGU), Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), Sidônio Palmeira (Comunicação) e do secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Manoel Carlos, avaliaram os desdobramentos da operação no Rio de Janeiro.

“Durante a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio, por parte do governo estadual do Rio de Janeiro, para realização da operação”, informou o governo.

Também nesta tarde, o ministro Ricardo Lewandowski havia indicado não ter recebido pedido do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para apoio à Operação Contenção.

 




Fonte: Agência Brasil

Mega-sena acumula e prêmio principal vai para R$ 7 milhões


Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2.933 da Mega-Sena, realizado nesta terça-feira (28). O prêmio acumulou e está estimado em R$ 7 milhões para o próximo sorteio.

Os números sorteados foram: 01 – 18 – 22 – 42 – 48 – 50

  • 12 apostas acertaram cinco dezenas e irão receber R$ 85.025,66 cada
  • 1.231 apostas acertaram quatro dezenas e irão receber R$ 1.366,22 cada

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Apostas

Para o próximo concurso, as apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) de quinta-feira (30), em qualquer lotérica do país ou pela internet, no site ou aplicativo da Caixa.

A aposta simples, com seis dezenas, custa R$ 6.





Fonte: Agência Brasil

Ação no RJ é cortina de fumaça e expõe população, dizem especialistas| Agência Brasil


Um dia de terror para os mais de 150 mil habitantes dos complexos da Penha e do Alemão, que passaram horas debaixo de tiros e explosões em uma operação policial que afetou também todos aqueles que precisaram transitar pelas principais vias da cidade, em diversos bairros da capital fluminense, que ainda não acabou.

A Operação Contenção que se estendeu por toda esta terça-feira (28), deixou pelo menos 64 pessoas mortas – incluindo quatro policiais -, interrompeu o trânsito das principais vias da cidade, fechou escolas, postos de saúde e estabelecimentos comerciais. Segundo o governo do estado, 81 pessoas foram presas e 93 fuzis apreendidos, além de pistolas e granadas. Trata-se da maior operação dos últimos 15 anos e também da mais letal de toda a história do estado.

Para especialistas, a operação gerou um grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado, pelo contrário, ações como esta apenas fortalecem a violência.

“Essa lógica de medir força armada bélica com estruturas do tráfico sempre resultaram em mortes cada vez maiores, em sofrimento cada vez mais intenso, perda de acesso a serviços públicos, perda de mobilidade urbana, os mais frágeis sempre vão sofrer muito mais. A economia é afetada diretamente e o problema nunca foi sequer arranhado”, diz o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), José Cláudio Souza Alves.

Segundo o professor, combater o crime organizado exige outras estratégias, inclusive oferecer oportunidades e qualidade de vida a população em situação de vulnerabilidade.

“Criar novas formas de interceptar, de investigar, de seguir dinheiro, de prender pessoas, de colocar limitações nesse funcionamento, de dar alternativa real para essa população. Você tem que disputar palma a palmo nesses territórios, essas populações que são facilmente convencidas pela grana da droga, da arma, pela grana dos ilegalismos, dos golpes. Se não pensarmos isso, a gente está absolutamente comprometido, não vamos conseguir”, defende.

“Isso tudo que vocês estão vendo aí hoje, arrebentando no Rio de Janeiro todo, é apenas uma imensa e gigantesca cortina de fumaça, um rolo gigantesco de fumaça cegando a todos”, diz, Alves.

Lambança político-operacional

Em entrevista ao programa Revista Rio, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, classificou a operação como amadora e uma “lambança político-operacional”.

Segundo ela, foram cometidos erros táticos que vão ao encontro do que está previsto nas próprias instruções normativas de segurança pública.

“Para colocar 2,5 mil policiais, tem que fazer uma previsão de 7,5 mil a 10 mil policiais, porque tem três turnos de trabalho e escala. Isso quer dizer que para fazer esta operação, que eu chamei de uma lambança político-operacional do governador Castro, teve que se retirar o policiamento de 3 milhões a 5 milhões de pessoas na região metropolitana”, diz. “De um lado, esquentou-se a chapa numa área crítica, não reduziu a capacidade operacional do crime, por outro, viabilizou a morte de policiais, o ferimento de policiais, de cidadãos sem que isso significasse um avanço sobre o crime organizado”.

Ela acrescenta:

“Isso é muito sério porque põe em risco a vida dos policiais, põe em risco a vida da população, inviabiliza a circulação de pessoas, de mercadorias. Nós estamos produzindo fechamento da Linha Amarela, da Linha Vermelha, da Avenida Brasil, dando um nó em toda a região metropolitana. Ou seja, esquentando a chapa e multiplicando a insegurança”, diz.

Ela explicou que a operação tinha razão para existir, mas foi mal concebida. “A finalidade dela foi politiqueira, pondo em risco a vida dos agentes da lei, da população, com resultados que não se sustentam diante da doutrina de operações policiais, que fique claro, porque há critérios técnicos sim, polícia não é amadorismo, a polícia é profissão”.

Avanço do crime organizado

O objetivo da operação, de acordo com o governo do estado era cumprir mandados de prisão e conter a expansão territorial do Comando Vermelho. A ação conjunta mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, com a participação do Ministério Público.

Segundo pesquisa divulgada no ano passado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado, o Comando Vermelho foi a única facção criminosa a expandir seu controle territorial de 2022 para 2023, no Grande Rio. Com o aumento de 8,4%, a organização ultrapassou as milícias e passou a responder por 51,9% das áreas controladas por criminosos na região. 

A pesquisa mostrou que o Comando Vermelho retomou a liderança de 242 km² que tinham sido perdidos para as milícias em 2021. Naquele ano, 46,5% das áreas sob controle criminoso pertenciam às milícias e 42,9% ao Comando Vermelho.

População na linha de tiro

Para o Instituto Fogo Cruzado, instituição que produz dados e informações sobre violência armada, e que copilou informações sobre a Operação Contenção, ações como esta não combatem de fato o crime organizado.

“Combater o crime organizado exige outra lógica. É preciso atacar fluxos financeiros, investigar lavagem de dinheiro, fortalecer corregedorias independentes e combater a corrupção dentro do Estado. Tudo que o Rio de Janeiro não faz há décadas”, afirmou em nota.

“As polícias do Rio começaram o dia com a Operação Contenção e o que se viu foi parte expressiva da população na linha de tiro e uma cidade inteira parada. Este é o planejamento do governo do estado? Operações como essa mostram a incapacidade do governo estadual de fazer política pública de segurança pública”, explicou a organização.

 O Instituto reforça que esta é a maior chacina policial já registrada na história do estado do Rio de Janeiro, superando as tragédias do Jacarezinho (2021) com 28 mortos, e da Vila Cruzeiro (2022) com 24 mortos, chacinas policiais que também ocorreram no governo de Cláudio Castro.




Fonte: Agência Brasil

Operação no Rio é cortina de fumaça e expõe população à linha de tiro


Um dia de terror para os mais de 150 mil habitantes dos complexos da Penha e do Alemão, que passaram horas debaixo de tiros e explosões em uma operação policial que afetou também todos aqueles que precisaram transitar pelas principais vias da cidade, em diversos bairros da capital fluminense, que ainda não acabou.

A Operação Contenção que se estendeu por toda esta terça-feira (28), deixou pelo menos 64 pessoas mortas – incluindo quatro policiais -, interrompeu o trânsito das principais vias da cidade, fechou escolas, postos de saúde e estabelecimentos comerciais. Segundo o governo do estado, 81 pessoas foram presas e 93 fuzis apreendidos, além de pistolas e granadas. Trata-se da maior operação dos últimos 15 anos e também da mais letal de toda a história do estado.

Para especialistas, a operação gerou um grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado, pelo contrário, ações como esta apenas fortalecem a violência.

“Essa lógica de medir força armada bélica com estruturas do tráfico sempre resultaram em mortes cada vez maiores, em sofrimento cada vez mais intenso, perda de acesso a serviços públicos, perda de mobilidade urbana, os mais frágeis sempre vão sofrer muito mais. A economia é afetada diretamente e o problema nunca foi sequer arranhado”, diz o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), José Cláudio Souza Alves.

Segundo o professor, combater o crime organizado exige outras estratégias, inclusive oferecer oportunidades e qualidade de vida a população em situação de vulnerabilidade.

“Criar novas formas de interceptar, de investigar, de seguir dinheiro, de prender pessoas, de colocar limitações nesse funcionamento, de dar alternativa real para essa população. Você tem que disputar palma a palmo nesses territórios, essas populações que são facilmente convencidas pela grana da droga, da arma, pela grana dos ilegalismos, dos golpes. Se não pensarmos isso, a gente está absolutamente comprometido, não vamos conseguir”, defende.

“Isso tudo que vocês estão vendo aí hoje, arrebentando no Rio de Janeiro todo, é apenas uma imensa e gigantesca cortina de fumaça, um rolo gigantesco de fumaça cegando a todos”, diz, Alves.

Lambança político-operacional

Em entrevista ao programa Revista Rio, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, classificou a operação como amadora e como uma “lambança político-operacional”.

Segundo ela, foram cometidos erros táticos que foram ao encontro do que está previsto nas próprias instruções normativas de segurança pública.

“Para colocar 2,5 mil policiais, tem que fazer uma previsão de 7,5 mil a 10 mil policiais, porque tem três turnos de trabalho e escala. Isso quer dizer que para fazer esta operação, que eu chamei de uma lambança político-operacional do governador Castro, teve que se retirar o policiamento de 3 milhões a 5 milhões de pessoas na região metropolitana”, diz. “De um lado, esquentou-se a chapa numa área crítica, não reduziu a capacidade operacional do crime, por outro, viabilizou a morte de policiais, o ferimento de policiais, de cidadãos sem que isso significasse um avanço sobre o crime organizado”.

Ela acrescenta:

“Isso é muito sério porque põe em risco a vida dos policiais, põe em risco a vida da população, inviabiliza a circulação de pessoas, de mercadorias. Nós estamos produzindo fechamento da Linha Amarela, da Linha Vermelha, da Avenida Brasil, dando um nó em toda a região metropolitana. Ou seja, esquentando a chapa e multiplicando a insegurança”, diz.

Ela explicou que a operação tinha razão para existir, mas foi mal concebida. “A finalidade dela foi politiqueira, pondo em risco a vida dos agentes da lei, da população, com resultados que não se sustentam diante da doutrina de operações policiais, que fique claro, porque há critérios técnicos sim, polícia não é amadorismo, a polícia é profissão”.

Avanço do crime organizado

O objetivo da operação, de acordo com o governo do estado era cumprir mandados de prisão e conter a expansão territorial do Comando Vermelho. A ação conjunta mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, com a participação do Ministério Público.

Segundo pesquisa divulgada no ano passado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado, o Comando Vermelho foi a única facção criminosa a expandir seu controle territorial de 2022 para 2023, no Grande Rio. Com o aumento de 8,4%, a organização ultrapassou as milícias e passou a responder por 51,9% das áreas controladas por criminosos na região. 

A pesquisa mostrou que o Comando Vermelho retomou a liderança de 242 km² que tinham sido perdidos para as milícias em 2021. Naquele ano, 46,5% das áreas sob controle criminoso pertenciam às milícias e 42,9% ao Comando Vermelho.

População na linha de tiro

Para o Instituto Fogo Cruzado, instituição que produz dados e informações sobre violência armada, e que copilou informações sobre a Operação Contenção, ações como esta não combatem de fato o crime organizado.

“Combater o crime organizado exige outra lógica. É preciso atacar fluxos financeiros, investigar lavagem de dinheiro, fortalecer corregedorias independentes e combater a corrupção dentro do Estado. Tudo que o Rio de Janeiro não faz há décadas”, afirmou em nota.

“As polícias do Rio começaram o dia com a Operação Contenção e o que se viu foi parte expressiva da população na linha de tiro e uma cidade inteira parada. Este é o planejamento do governo do estado? Operações como essa mostram a incapacidade do governo estadual de fazer política pública de segurança pública”, explicou a organização.

 O Instituto reforça que esta é a maior chacina policial já registrada na história do estado do Rio de Janeiro, superando as tragédias do Jacarezinho (2021) com 28 mortos, e da Vila Cruzeiro (2022) com 24 mortos, chacinas policiais que também ocorreram no governo de Cláudio Castro.




Fonte: Agência Brasil

Após operação, TRT-RJ suspende atividades presenciais nesta quarta


O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio de Janeiro suspendeu o atendimento ao público e não terá atividades presenciais nesta quarta-feira (29), após os confrontos e problemas de de deslocamento na cidade com a Operação Contenção, realizada nesta terça (28) por órgãos estaduais de segurança pública para conter o avanço da facção criminosa Comando Vermelho. 

O TRT informa que as audiências telepresenciais já agendadas estão mantidas, bem como o atendimento via balcão virtual e o trabalho remoto nas unidades administrativas e jurisdicionais.

O comunicado sobre a restrição das atividades foi publicado no perfil do tribunal nas redes sociais no início desta noite.

Conforme a nota, o motivo da suspensão “são as ocorrências de violência no município do Rio de Janeiro e região metropolitana nesta terça-feira (28/10)”. Os prazos dos processos físicos e eletrônicos também foram suspensos por um dia.

Segundo o texto divulgado, a decisão atende a “pedidos formulados pelas Associações de Juízes do Trabalho da 1ª Região”, e leva em consideração “o risco de segurança para o deslocamento” de juízes, servidores e da população ao tribunal.

Operação mais letal

O número de mortos na operação chega a 64, o maior registrado em uma ação policial no estado. Ao todo, 2,5 mil policiais civis e militares foram mobilizados em ações nos complexos do Alemão e da Penha, para capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.

O balanço parcial registra ​81 presos, ​72 fuzis apreendidos e grande quantidade de drogas ainda em contabilização.

Em retaliação, criminosos usaram ônibus sequestrados como barricadas e ordenaram o fechamento do comércio em diversas áreas da cidade, causando medo e transtornos para moradores de praticamente todo o município.




Fonte: Agência Brasil

EBC celebra 18 anos debatendo os rumos da comunicação pública


A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) promoveu, nesta terça-feira (28), um debate na Universidade de Brasília (UnB), em comemoração aos seus 18 anos, com o objetivo de discutir os desafios e o futuro da comunicação pública no Brasil. O evento foi realizado no Auditório Pompeu de Sousa, da Faculdade de Comunicação (FAC).

Na abertura do evento, o presidente da EBC, Andre Basbaum, ressaltou o simbolismo da data e propôs a realização de um Fórum Nacional de Comunicação Pública, retomando os debates do Fórum Nacional de TVs Públicas, iniciados em 2006, que culminaram na criação da empresa.

“Com o terceiro governo do presidente Lula, a empresa começou a ser reconstruída e o sentido da comunicação pública começou a renascer e a ter a vitalidade que a gente quer que tenha nos próximos anos. Quero lançar a ideia de realizarmos um Fórum Nacional de Comunicação Pública no ano que vem. Vamos discutir a comunicação pública, o papel dela, a importância dela na formação da nação, na defesa da soberania e da democracia”, defendeu.

Para o secretário-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), Tiago Cesar dos Santos, o momento é de reconstrução e avanço.

“É um momento de celebrar, de projetar, de pôr o dedo na ferida e tentar encontrar caminhos. Da nossa parte, entendam a gente como aliados. Contem com a Secom, contem com o ministro Sidônio Palmeira. E que a comunicação pública seja esse pilar de sustentação do nosso regime democrático”, disse.

Participaram do encontro o presidente da EBC, Andre Basbaum; a primeira presidenta da empresa, Tereza Cruvinel; os ex-presidentes Ricardo Melo, Kariane Costa e Hélio Doyle; a ex-ministra da Secom/PR e ex-diretora de Jornalismo da EBC, Helena Chagas; o ex-presidente da Radiobrás e professor da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Bucci; e o presidente do Comitê Editorial e de Programação (Comep/EBC), Pedro Rafael Vilela.

Também estiveram presentes a diretora da Faculdade de Comunicação da UnB, Dione Oliveira Moura; e o professor Fernando Oliveira Paulino, coordenador do Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom) e presidente da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC).


Brasília, (DF), 28/10/2025 – Seminário EBC 18 anos
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília, (DF), 28/10/2025 – Seminário EBC 18 anos
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Seminário EBC 18 anos Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Debate sobre comunicação pública

A primeira presidenta da EBC, Tereza Cruvinel, relembrou o processo de criação da empresa e reforçou sua importância para a democracia.

“A democracia ainda se ressente das ameaças que sofreu. E, mais do que nunca, o sistema público é necessário para vacinar os cidadãos brasileiros, vaciná-los contra a manipulação, a desinformação, esse sequestro da lucidez. A tarefa é grande. Há muito o que fazer, mas sinto uma nova energia no ar”, esperançou.

Ex-presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci salientou a necessidade de fortalecer uma cultura de independência institucional e destacou a relevância de observar experiências internacionais para identificar soluções aplicáveis ao contexto brasileiro.

Já a ex-ministra Helena Chagas enfatizou a distinção necessária entre comunicação pública, governamental e privada, um tema que ainda gera incompreensões.

“A comunicação pública e o jornalismo público, especialmente, são feitos para o cidadão, para que a sociedade tenha oportunidade de reflexão sobre si mesma e possa tomar suas decisões”, lembrou.

Na segunda mesa de debates, o ex-presidente da EBC Hélio Doyle valorizou a trajetória da empresa, apesar dos desafios enfrentados ao longo de sua história. No mesmo sentido, o ex-presidente Ricardo Melo, reforçou como a EBC segue com um papel insubstituível para o país e deve avançar em busca de sua autonomia financeira: “A questão financeira é vital, ter uma arrecadação própria”, assegurou.

Representando a sociedade civil durante o debate, o presidente do Comep/EBC, Pedro Rafael Vilela, que também é empregado da EBC, destacou que a sociedade tem papel central na definição do futuro da comunicação pública. Kariane Costa, ex-presidenta da empresa que, como Pedro, é funcionária concursada, mostrou otimismo com o caminho que está sendo construído. “Ainda não é o ideal, mas eu sou otimista. Acho que estamos no caminho, visto o trabalho reconhecido de muitos dos nossos colegas”, concluiu.




Fonte: Agência Brasil

MPF e DPU cobram explicações ao governo do Rio sobre operação


A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União encaminharam nesta terça-feira (28) ofício ao governador Cláudio Castro solicitando que “informe detalhadamente de que forma o direito à segurança pública foi promovido” na megaoperação policial que até agora resultou na morte de 64 pessoas, quatro delas policiais.

O órgão do Ministério Público Federal (MPF) pede que o governador explique:

  • as finalidades da operação;
  • os custos envolvidos;
  • a comprovação da inexistência de outro meio menos gravoso de atingir a mesma finalidade.

O MPF também quer saber se foram cumpridas as exigências do Supremo Tribunal Federal (STF) descritas na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecido como “ADPF das Favelas”, que estabeleceu parâmetros para a elaboração do plano de redução da letalidade policial apresentado pelo Estado do Rio de Janeiro à corte.

Especificamente, o Ministério Público quer que o governador apresente “documentação comprobatória” de que acatou o STF nos seguintes pontos:

  • Prévia definição do grau de força adequado e justificativa formal da operação;
  • Atuação dos órgãos periciais para realização de perícia e identificação de vestígios de crimes;
  • Uso de câmeras corporais e câmeras nas viaturas;
  • Existência e apresentação ao público de relatório detalhado da operação;

O ofício é assinado pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto Julio José Araujo Junior e pelo defensor regional de Direitos Humanos, Thales Arcoverde Treiger.

Operação mais letal

O número de mortos na operação chega a 64, o maior registrado em uma ação policial no estado. Ao todo, 2,5 mil policiais civis e militares foram mobilizados em ações nos complexos do Alemão e da Penha, para capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.

O balanço parcial registra ​81 presos, ​72 fuzis apreendidos e grande quantidade de drogas ainda em contabilização.

Em retaliação, criminosos usaram ônibus sequestrados como barricadas e ordenaram o fechamento do comércio em diversas áreas da cidade, causando medo e transtornos para moradores de praticamente todo o município.




Fonte: Agência Brasil