Homem furta notebook guardado dentro de guarda-roupa e acaba preso em Ouro Verde


A PM tinha informações de que um homem, de 23 anos, “conhecido nos meios policiais por vários furtos na cidade”, estava oferecendo um notebook para várias pessoas. Durante patrulhamento, ele foi localizado e confessou o furto de um computador portátil, uma bicicleta e um ventilador.




Fonte: G1

Documentos mostram que ministério demorou um ano para entregar joias


Parte das joias que integrantes do governo de Jair Bolsonaro receberam de presente do governo da Arábia Saudita em 2021 permaneceram indevidamente em posse do Ministério de Minas e Energia (MME) por mais de um ano. Documentos divulgados nos últimos dias pelo ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Fábio Wajngarten, revelam que o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República orientou o MME a entregar as joias ainda no dia 3 de novembro, dias após a chegada das peças no país.

A orientação, no entanto, só foi acatada em 29 de novembro de 2022, quando Antonio Carlos Ramos de Barros, na época assessor especial do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, entregou ao gabinete adjunto uma caixa contendo um relógio de pulso; um par de abotoaduras; uma caneta; um anel e uma espécie de rosário (um masbaha).

Ainda não se sabe quem ingressou no país com estes objetos, mas segundo o próprio Albuquerque declarou em entrevistas a outros veículos de imprensa, eles faziam parte dos presentes que a comitiva brasileira que viajou a Arábia Saudita para participar de eventos oficiais recebeu das autoridades daquele país, entre 20 e 26 de outubro de 2021.

Outra caixa contendo um colar, um par de brincos, um anel, um relógio de pulso feminino e um pedestal no formato de um cavalo foi apreendida por agentes da Receita Federal quando a comitiva brasileira desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. As joias apreendidas estavam na mochila do então chefe do escritório de representação do MME no Rio de Janeiro, o militar Marcos André Soeiro. Apesar das várias tentativas do órgão, as joias femininas permaneceram retidas, em posse da Receita Federal, e agora servem de provas nas investigações sobre o caso.

Um dos documentos que Wajngarten compartilhou em sua conta pessoal no Twitter é uma cópia do Ofício nº 986, do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência. Nele, o então chefe do gabinete, Marcelo da Silva Vieira, explica à equipe do MME que “considerando a legislação vigente […], os presentes recebidos pelo senhor ministro de Minas e Energia [Bento Albuquerque] na qualidade de representante do presidente da República [Jair Bolsonaro] durante visita oficial ao Reino Unido da Arábia Saudita enquadram-se na condição de encaminhamento a este gabinete, para análise quanto à incorporação ao acervo privado do presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República”.

Redigido e datado em 29 de outubro de 2021, o ofício só foi assinado por Vieira e enviado ao Ministério de Minas e Energia no dia 3 de novembro. Com a ressalva de que, além de entregar as joias masculinas para análise, os responsáveis deveriam registrá-las por meio do Formulário de Encaminhamento de Presentes para o presidente da República, detalhando o histórico de obtenção das peças.

No último sábado (4), a Receita Federal divulgou uma nota à imprensa em que afirma que, desde que as joias femininas foram apreendidas, não houve nenhuma tentativa de regularizá-las. Houve sequer, segundo a Receita, um pedido fundamentado para incorporar as joias ao patrimônio público, mesmo após orientações do órgão.

Na última segunda-feira (6), a Receita divulgou uma nova nota, informando que até esta semana não tinha tido conhecimento do ingresso no país de parte das joias trazidas pela comitiva brasileira. Após tomar ciência do fato pelos jornais, o órgão decidiu “tomar as providências cabíveis” para esclarecer o ocorrido, esclarecendo que a ação pode, em tese, configurar uma violação à legislação aduaneira por falta de declaração e recolhimento dos tributos.

A legislação brasileira estabelece que itens com valor superior a US$ 1 mil estão sujeitos à tributação quando ingressam em território nacional. Neste caso, além do pagamento de 50% em impostos pelo valor dos bens, incidiria uma multa de 25% pela tentativa de entrada ilegal no país, ou seja, sem declaração às autoridades alfandegárias.

PF e CGU investigam

A Polícia Federal (PF) também abriu um inquérito para investigar a suposta entrada ilegal de joias de alto valor no território brasileiro. A investigação será conduzida pela Delegacia Especializada de Combate a Crimes Fazendários da Superintendência em São Paulo. O delegado responsável por assumir a investigação do caso é Adalto Ismael Rodrigues Machado, da delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal de São Paulo.

Além disso, a Controladoria-Geral da União (CGU) instaurou uma Investigação Preliminar Sumária (IPS) para apurar a eventual participação de servidores públicos no episódio.

Outro lado

A Agência Brasil perguntou aos atuais gestores do Ministério de Minas e Energia a razão de as joias que a comitiva não entregou à Receita terem demorado tanto a ser entregues ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. A reportagem também questionou à Presidência o atual paradeiro do conjunto de joias masculinas. Em resposta, o MME disse que “a questão está sendo investigada pelos órgãos responsáveis – Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal –, que contam com ampla e irrestrita colaboração da atual gestão desta pasta”.

O ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) Fábio Wajngarten não retornou as mensagens da Agência Brasil a fim de esclarecer a procedência dos documentos compartilhados.

Após a divulgação das denúncias, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uma postagem em sua conta no Instagram para comentar o assunto. Ela chegou a ironizar o caso. “Eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus!”, escreveu ela.

Já o ex-presidente Jair Bolsonaro, negou qualquer ilegalidade. À CNN, o ex-presidente afirmou que as joias iriam para acervo da Presidência. “Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Vocês vão longe mesmo, hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa imprensa vexatória. não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão”.

Em nota, a assessoria do ex-ministro Bento Albuquerque informou que as joias eram “presentes institucionais destinados à representação brasileira integrada por comitiva do Ministério de Minas e Energia – portanto, ao Estado brasileiro. E que, em decorrência, o Ministério de Minas e Energia adotaria as medidas cabíveis para o correto e legal encaminhamento do acervo recebido”. A afirmação difere das declarações anteriores que o jornal Folha de S.Paulo atribuiu a Albuquerque – segundo o jornal, anteriormente, o ex-ministro teria confirmado que as joias eram um presente do governo saudita a Michelle Bolsonaro.






Fonte: Agência Brasil

Colisão entre trens paralisa operação de monotrilho em São Paulo


Uma colisão entre duas composições de trens paralisou totalmente a operação da Linha 15 – Prata, monotrilho em via elevada que liga a zona sul à zona leste da capital paulista. O acidente ocorreu entre as estações Sapopemba e Jardim Planalto, na zona leste, por volta das 4h30, antes do início da operação comercial, durante a movimentação de posicionamento dos trens, informou a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô.

A companhia informou que não houve feridos. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo informou que um dos operadores relatou dores no braço. Altino de Melo, integrante do sindicato, disse à Agência Brasil que os trabalhadores decidiram interromper a circulação em toda a linha por falta de segurança e que discute com a empresa as condições de retomada parcial das atividades.

Antes da paralisação, a operação dos trens do monotrilho, Linha 15-Prata, ocorria desde às 5h10 entre as estações Vila Prudente e Vila União. O Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) foi acionado, colocando 40 ônibus para deslocamento dos passageiros. A linha transporta 115 mil pessoas por dia.

O Metrô informou que técnicos estão no local para apurar o motivo da colisão.

Histórico

Em janeiro deste ano, um deslocamento de concreto entre as estações Vila Prudente e Oratório paralisou as atividades da Linha 15 entre as estações Camilo Haddad e Vila Prudente.

Em 2020, a mesma linha ficou três meses paralisada após o rompimento de um pneu. Pedaços do pneu chegaram a cair na rua embaixo da via elevada. O acidente no monotrilho fez a fabricante canadense Bombardier recomendar o recolhimento da frota de 23 trens para inspeção.

Segundo o Metrô, o problema foi causado por uma falha nos dispositivos run flat, sistema que permite que as composições continuem se movimentando mesmo com os pneus murchos ou furados.




Fonte: Agência Brasil

Rio tem em 2022 maior número de feminicídios em seis anos


O estado do Rio de Janeiro registrou 110 feminicídios no ano passado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), subordinado ao governo do estado. Esse é o maior número de ocorrências desde 2017, primeiro ano completo desde que o crime começou a ser registrado no estado.

Quando os números foram comparados com 2021, houve um aumento de 29,4% (ou 25 casos a mais). Em relação a 2017, a expansão é de 61,8% (42 casos a mais).

O dossiê registra ainda a ocorrência de 293 tentativas de feminicídio em 2022, um aumento de 11% (29 casos) em relação ao ano anterior (264 registros).

O Dossiê Mulher 2022, estudo que reúne dados de crimes contra as mulheres no estado do Rio de Janeiro em 2021, será divulgado hoje (8).




Fonte: Agência Brasil

Na UFRJ, 87% dos pedidos de patente têm mulheres entre os inventores


Pesquisa realizada pelo Inova UFRJ, núcleo de inovação tecnológica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apurou que, entre os anos de 2017 e 2021, 87% dos pedidos de patentes formulados pela instituição têm ao menos uma mulher listada entre os inventores. A UFRJ concentra também a maior proporção de mulheres inventoras em patentes, 46%, nos cinco anos pesquisados. A diretora do Inova UFRJ, Kelyane Silva, disse à Agência Brasil que esse é o primeiro estudo realizado por uma universidade brasileira com o objetivo de mapear a situação das mulheres em relação às patentes. “Considerando que, no período de cinco anos, as inventoras têm uma parte de 87% das patentes, só por isso já é um ganho gigante”, celebrou a diretora.

Segundo a diretora, isso significa que a participação feminina em patentes na UFRJ é referência no Brasil. Sabe-se, por outro lado, que, em termos nacionais, a participação feminina em patentes para invenção tecnológica com aplicação comercial ainda permanece bem menos expressiva que a masculina.

Estudo publicado em agosto de 2020 na revista Scientometrics e divulgado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), analisando 11 países latino-americanos, indicou que, na região, a média das patentes protegidas que contam com a participação de mulheres como inventoras é de 22%. No Brasil, é ainda mais baixa, atingindo 18,4%. O país com percentual mais elevado de mulheres nas patentes é Cuba (84%).

Kelyane destacou que o resultado não é muito diferente do de outros países ibero latino-americanos. “Mesmo olhando para Espanha e para Portugal, ainda não é um número tão significativo de diferença. Mas conseguem ter números melhores que a média da América Latina”. Os dados inéditos da UFRJ foram comparados com dados publicados por Kelyane Silva em artigo no Journal of Data and Information Science (JDIS), no qual analisava o gênero em patentes de países ibero latino-americano. A comparação revelou que, na Espanha, o número de mulheres inventoras em patentes no período 2007/2016 foi de 28%; e, em Portugal, de 27%, contra 23% no Brasil. A diretora do Inova UFRJ explicou que Espanha e Portugal têm políticas de longa data incentivando a participação feminina na área de tecnologia e inovação. “Os índices deles são melhores.”

Outro levantamento, do Instituto de Propriedade Intelectual do Reino Unido (IPO), de 2019, mostrou que as inventoras eram responsáveis por menos de 13% dos pedidos de patente feitos no mundo. Uma das hipóteses apresentadas pelo estudo é a de que as inventoras não estariam tão familiarizadas como os homens com os trâmites burocráticos do processo, já que a entrada do gênero no setor é mais recente. A diretora do Inova UFRJ comentou que, na instituição, o desafio é continuar incentivando toda a comunidade científica feminina a se envolver em atividades de inovação e que esta seja uma política institucional na universidade.

Na UFRJ

Na pesquisa da UFRJ, a maioria dos pedidos de patentes formulados (87%) tem mulheres participando como inventoras. No período de 2017 a 2021, foram pedidas 148 patentes por 816 inventores, dos quais 443 eram homens e 373, mulheres. Mas, das 148 patentes depositadas pela UFRJ nos últimos cinco anos, somente 19 foram pedidas exclusivamente por homens. “Isso para a gente é muito positivo. É um dado muito eloquente para a gente porque, quando se compara a média brasileira e da América Latina, não é o que acontece na UFRJ. É muito bom e é a primeira vez que isso está sendo diagnosticado”, destacou.

Kelyane Silva informou que, a partir de agora, a ideia é ampliar o escopo da pesquisa para analisar a última década, para ver o comportamento das mulheres nas patentes na série histórica, ao longo dos anos. Os dados relativos a 2022 não puderam ser incluídos no primeiro levantamento porque não havia informações detalhadas disponíveis. Dentro da área tecnológica, ela quer mapear também quais são as áreas que mais têm mulheres participando do que homens. Embora a presença das mulheres na ciência seja cada vez mais marcante, Kelyane acredita que há muito a se fazer para garantir uma representação mais justa e igualitária.

A diretora defendeu que, para melhorar a presença das mulheres na ciência, é importante incentivar a participação delas em todo o processo, desde cedo, proporcionando oportunidades iguais e promovendo uma cultura inclusiva em escolas e universidades. Ela também destaca que é importante que haja políticas que apoiem as mulheres cientistas em todos os níveis, incluindo o financiamento de pesquisas, oportunidades de mentoria e redes de apoio.

Exemplos

A professora Tatiana Sampaio, chefe do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular do Instituto de Ciências Biológicas da UFRJ, foi destaque no meio científico pela descoberta da polilaminina (molécula proteica com capacidade de multiplicar as células do sistema nervoso). Iniciada em 1998, a pesquisa inovadora vem desenvolvendo uma droga capaz de reverter ou minimizar lesões na medula e recuperar movimentos do corpo em acidentados. No fim do ano passado, a descoberta rendeu em royalties R$ 3 milhões à UFRJ, divididos entre os inventores envolvidos, a universidade e o Instituto de Ciências Biomédicas da instituição. Este foi o maior valor em royalties já recebido pela universidade.

A professora Alane Vermelho, por sua vez, trabalha no setor de microbiologia da UFRJ e está à frente do Laboratórios de Biotecnologia (BIOINOVAR). Recentemente, ela desenvolveu um pigmento natural, a partir de microrganismos e produzido em biorreatores. O diferencial desta patente, que está em fase de comercialização pela Inova UFRJ, é a produção de um corante biodegradável para cosméticos, maquiagem e esmaltes, que não faz mal nem ao ser humano nem ao planeta. Esta é a primeira vez que essa tecnologia foi aplicada na indústria cosmética.




Fonte: Agência Brasil

Atleta cega conta como superou barreiras e conquistou 650 medalhas


Conhecida como Filha do Vento, Ádria Santos, a maior medalhista mulher do país, reúne feitos impressionantes. Tetracampeã paralímpica, ela tem 73 medalhas conquistadas em competições internacionais e outras 583 em provas nacionais, ao longo de 27 anos de carreira esportiva. Entre essas conquistas, estão as 13 medalhas em seis Jogos Paralímpicos: Seul, Barcelona, Atlanta, Sydney, Atenas e Pequim.

Em entrevista exclusiva para a Agência Brasil, a atleta de 48 anos conta sua trajetória de destaque no esporte e as perspectivas para o futuro, em uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8).

ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER - Adria Santos na Paralimpíada PEQUIM 2008.  Foto: Arquivo Pessoal

Ádria Santos na Paralimpíada de Pequim, em 2008 Arquivo pessoal/direitos reservados

Ádria nasceu em Nanuque, no interior de Minas Gerais, em agosto de 1974, com retinose pigmentar, uma doença degenerativa nos olhos, e ficou completamente cega aos 18 anos – quando já havia se mudado com a família para Belo Horizonte.

A atleta chegou a fazer transplante de córnea para amenizar fortes dores nos olhos, mas não voltou a enxergar. A cegueira, no entanto, não foi obstáculo. Auxiliada por um corredor chamado “guia”, se mantém ativa até hoje. Sem patrocínio no começo da carreira, Ádria buscou outros meios para se manter no esporte e sustentar a filha.

“Uma pessoa com deficiência sempre encontra muitos desafios. Para as pessoas que têm capacidade de trazer resultados [nos esportes] como eu tinha quando comecei, não havia nenhum tipo de patrocínio. O esporte paralímpico não era divulgado como é hoje. Quando comecei havia essa dificuldade de ter material [de corrida] adequado, por exemplo”, afirma.

Nas palavras de Ádria, o auge de sua carreira foram as Paralimpíadas de Sydney, em 2000. Na ocasião, ela conquistou duas medalhas de ouro, nos 100 metros (m) e 200m rasos. Esta última prova garantiu à velocista um recorde por 11 anos.

“Com quatorze anos fiz a minha primeira participação em jogos paralímpicos, já voltando com duas medalhas de prata de Barcelona”, relembra. “Mas em Sydney foi o meu melhor momento. Eu estava muito bem fisicamente e o psicológico muito, muito trabalhado. A confiança na hora da prova foi muito importante em um momento que considero histórico para mim”, diz.

Superação

ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER - Adria Santos Paralimpíada SYDNEY 2000.  Foto: Arquivo Pessoal

Atleta compete na Paralimpíada de Sydney, em 2000- Arquivo pessoal/direitos reservados

Para Ádria, seu maior desafio foi deixar a carreira. A aposentadoria chegou dois anos após uma contusão no joelho em 2012, que a deixou de fora das Paralimpíadas de Londres. Ela conta que entrou em depressão e chegou a trancar todas as suas medalhas e prêmios em um quarto para que não pudesse vê-los.

“Eu não tinha nem vontade de ver as minhas conquistas, aquilo para mim era como se tivesse acabado. Então chegou o momento que percebi que precisava de ajuda. Procurei um psicólogo e tive que tomar medicamentos e só saí disso voltando paras corridas”, diz.

“Foi um momento bem ruim que eu passei. Esse sentimento é bem comum com atletas de alto rendimento, porque a gente vive intensamente, é muita adrenalina. A minha vida era só treinar, treinar, treinar. Era de segunda à sábado, treinava de manhã, de tarde e eu sempre fui muito focada, muito determinada. Sempre me coloquei metas. Eu vivi muitos anos assim, quando eu entrava numa pista tinha aquela sensação de fazer o meu melhor, sempre respeitando os adversários. Então, quando eu me vi fora, foi bem difícil”, conta.

A corrida voltou para a vida Ádria para resgatá-la do sofrimento, mas em vez de pistas de corrida em estádios, o palco eram as ruas. Antes, fez dança de salão, pole dance, pilates e chegou até o paraciclismo, em 2018.

“Comecei a praticar corrida [de rua], correr cinco quilômetros e fui colocando algumas metas e assim comecei a participar novamente de competições. As pessoas me reconheciam, me cumprimentavam: ‘que legal você estar aqui’. Mas elas não sabiam que eu estava precisando de ajuda, mas acabaram me ajudando a superar. Teve um momento em que eu não conseguia nem entrar em pista de atletismo, me dava ansiedade, pânico”, acrescenta.

ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER - Adria Santos no PAN 2007.  Foto: Arquivo Pessoal

No Brasil, durante os Panamericanos de 2007 – Arquivo pessoal/direitos reservados

Dedicação

Atualmente, a atleta comanda o Instituto Ádria Santos, que oferece aulas gratuitas de atletismo para crianças de 6 a 12 anos, com ou sem deficiência, em Joinville, Santa Catarina. Com sua história de vida, Ádria busca incentivar os jovens a se dedicar ao esporte.

“Sempre tento mostrar não a minha deficiência, mas sim a capacidade que eu tenho de fazer algo que gosto. O atletismo é a minha paixão. Quando eu estou correndo, o sentimento é de liberdade e, para mim, isso é maravilhoso”, conta a atleta.

Segundo Ádria, mostrar a importância da inclusão na formação dos pequenos: “brincando elas vão aprendendo as técnicas do atletismo e a convivência com a criança que tem uma deficiência ou mesmo comigo é muito importante. Eles vão vendo como é natural brincar comigo, mostrar as coisas para mim de algo que elas estão vendo”, descreve.

“Eu digo que esse projeto é mais um troféu para mim. É o troféu mais importante, pois é o que estou vivendo hoje”, acrescenta.

Ela conta que estimula as crianças atendidas pelo projeto a encontrar um esporte que realmente gostem para se dedicar, mas sem esquecer que nem todos serão recordistas ou medalhistas.

“É o que eu falo paras minhas crianças: primeiro, nós temos que gostar da modalidade, ter coragem. Quando a gente faz algo que gosta, o resultado vem – sendo um atleta ou não. Nós sabemos que muitas pessoas praticam, mas poucos conseguem chegar a uma Olimpíada ou Paralimpíada. Eu digo que elas têm que fazer o melhor, pois a maior medalha e a que podemos ganhar em tudo é aquilo que fazemos com amor”, finaliza.




Fonte: Agência Brasil

Pesquisadoras tratam dos desafios da carreira para mulheres no país


A paixão pela ciência uniu o destino das pesquisadoras Ester Sabino, 63 anos, e Jaqueline Goes, de 33 anos. De gerações distintas, elas participaram do primeiro sequenciamento genético do novo coronavírus no Brasil. O mapeamento genético do vírus realizado em apenas 48 horas – enquanto a média mundial é de cerca de 15 dias –, gerou uma repercussão inesperada na equipe de especialistas.

Em entrevistas exclusivas à Agência Brasil, Ester e Jaqueline falaram sobre as perspectivas e valorização de suas carreiras e da ciência no país, no Dia Internacional da Mulher. Ampliar a divulgação da ciência no país e garantir investimentos para a produção científica estão entre os principais pontos defendidos pelas duas pesquisadoras.

Ingra Morales, Érica Manuli, Ester Sabino, Flávia Sales, Jaqueline Goes participaram do sequenciamento do coronavírus no Brasil.

Equipe de pesquisadoras que mapeou o genoma do SARS-CoV-2. Da esquerda para a direita: Ingra Morales, Érica Manuli, Ester Sabino, Flávia Sales e Jaqueline Goes – Almir R. Ferreira/ SCAPI IMT

Jaqueline é biomédica e coordenadora da Rede Colaborativa de Sequenciamento Genético no Brasil (Rede SEQV Br). Ela defende regulamentar a profissão no país e lembra que as bolsas de pesquisa ficaram quase dez anos sem reajuste. Em fevereiro o governo anunciou aumento de 25% a 200% nos valores pagos.

“Trata-se o pesquisador como se ele fosse um estudante, mas esquece-se que ele já é um profissional graduado. Não faz sentido ganhar R$ 1.500 para desenvolver pesquisa, que é algo tão importante para o país. Essa desvalorização do cientista também impacta na produção, porque muitas vezes o cientista está ali, mas não está em condições ideais. Nem de moradia, nem de alimentação, nem de apoio psicológico e, obviamente, isso vai impactar na produtividade dele dentro da pesquisa” pontuou.

Além da regulamentação profissional, Jaqueline defende a modernização da legislação brasileira para assegurar, por exemplo, mais agilidade na importação de insumos para a pesquisa.

“O Brasil não produz [insumos] e toda a ciência brasileira é pautada pelas importações de produtos produzidos fora do país. Isso faz com que tudo encareça porque esses materiais são importados em dólar ou euro”.

“Também é necessário considerar a cadeia logística [para importação], pois a gente cansa de receber reagentes que ficam na alfândega por 15 dias, 20 dias, muitas vezes em temperatura inadequada”, acrescentou.

A imunologista e professora do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ester Sabino também defende o aporte de mais verbas para atividades de pesquisa e diz que na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro houve uma “guerra contra ciência”.

“Hoje realmente a área de ciência precisa de muito apoio para poder continuar crescendo do jeito que estava antes desses últimos quatro anos, quando houve uma guerra contra a ciência. O valor das bolsas [de ensino e pesquisa] caíram, os estudantes vivem muito mal e isso tem um grande impacto”, ressaltou a professora.

Segundo Ester Sabino, gerações inteiras de pesquisadores se perdem, já que muitos talentos vão para o exterior em virtude da falta de investimento e perspectivas na área.

“A ciência é uma coisa de longo prazo. Sinto falta de pessoas mais novas que eu, que já estivessem fazendo os seus grupos, senão vamos ter de novo uma falta de pesquisadores. Essa leva [de pesquisadores] que foi formada pode cair de novo, como aconteceu na década de 60”, avalia.

Carreira

Com mais de 30 anos desenvolvendo pesquisa no país, Ester Sabino lembra das dificuldades do início da carreira, no final da década de 1970.

“Quando eu entrei para fazer medicina, tudo era muito mais difícil que agora. Tinha muito cientista indo embora do Brasil. Não me lembro de nenhum professor falando de iniciação científica. Se fazia muito pouca pesquisa na faculdade de medicina”.

Segundo ela, na década de 1950 a faculdade de medicina no Brasil era considerada uma das dez melhores do mundo, mas sem investimentos, cientistas brasileiros começaram a deixar o país a partir da década de 60.

“Quando entrei na faculdade, em 1978, já não tinha ninguém [fazendo pesquisa científica]”, lembra.

O trabalho com sequenciamento genômico começou nos anos 80, com o então recém-descoberto vírus HIV transmissor da Aids. De lá, a pesquisadora passou a atuar com doenças transmissíveis pelo sangue, seguindo para estudos sobre doenças tropicais, como a Doença de Chagas.

“Fui fazendo as coisas à medida que conseguia recursos para estudar. A ciência é muito dependente de recursos, nem sempre o que eu quero estudar é o que tem recurso disponível. Então, parte do que eu faço tem a ver com o tema para o qual consigo esses recursos”, explicou.

“Eu acho que precisamos encontrar um jeito para que a pesquisa fique menos dependente dos solavancos da economia. Essa é uma área considerada extremamente necessária e os fundos deveriam ser mantidos de forma estável”, defende.

Segundo a pesquisadora, a experiência acumulada com o sequenciamento de outros vírus permitiu que a análise do DNA do SARS-CoV-2, nome científico do novo coronavírus, fosse agilizada pela equipe.

São Paulo- 07/03/2023   A pesquisadora e doutora em imunologia, Ester Sabino, trabalha no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo - USP e é membro titular da Academia Brasileira de Ciências - ABC.

São Paulo- 07/03/2023 A pesquisadora e doutora em imunologia, Ester Sabino, trabalha no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo – USP e é membro titular da Academia Brasileira de Ciências – ABC. – Rovena Rosa/Agência Brasil

“Estávamos muito preocupados com isso, em fazer testes que dessem respostas rápidas. Era nisso que estávamos trabalhando antes de a pandemia chegar. Então quando chegou o vírus, estávamos preparados com essa tecnologia”, conta.

Apesar dos constantes avanços e retrocessos na produção científica brasileira, a imunologista se mantém otimista com as perspectivas para a profissão no país.

“Nós ficamos viciados em fazer ciência, a gente quer saber. A atividade em si te dá essa alegria: conversar, trocar ideias, fazer novos estudos. Isso dá muito prazer. Só que, por outro lado, é preciso ser resistente, estudar muito”, contou.

“Espero que a gente volte ao patamar do que estava sendo feito antes porque é sempre bom trabalhar no seu próprio país. As pessoas pensam que lá fora é mais fácil. Realmente tem uma infraestrutura melhor, mas nem sempre é fácil viver em outra cultura e aqui você faz sempre a diferença”, assegurou.

Representatividade

A repercussão do trabalho com o sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 chegou a assustar Jaqueline. No entanto, a opção da pesquisadora foi de encarar o momento como oportunidade de ampliar o conhecimento científico para a população.

“Quando eu comecei a ter reconhecimento eu fiquei muito preocupada. Primeiro em relação a como seria todo esse processo de exposição e segundo porque eu não tinha feito nada sozinha. Então tinha toda uma equipe por trás que trabalhou bastante, mas que acabou não tendo tanto destaque quanto eu tive. Então eu tinha muito medo de me posicionar, eu tinha muito medo de aparecer na mídia. Aos poucos eu fui entendendo que era necessário estar presente, para aproximar a ciência da população”, assegurou.

ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER - Bonecas Barbie. Foto: Mattel/divulgação

Bonecas homenageiam pesquisadoras Barbie – Mattel/divulgação

Como resultado do trabalho, Jaqueline Góes foi uma das cientistas escolhidas pela fabricante de brinquedos Mattel para ser homenageada com a boneca Barbie. Ela foi a representante brasileira junto com outras cinco cientistas da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

“Quando eu recebi a notícia, minha primeira reação foi rejeitar [a homenagem]. Em um primeiro momento, eu não quis aliar meu nome a uma marca que havia me trazido muitas frustrações na infância. A Barbie é uma boneca de cor branca e eu não me enxergava em um modelo inacessível”, disse.

Ela conta que, em seguida, faz uma outra releitura da proposta e começou a entender que aquilo poderia mudar paradigmas: “a presença de uma boneca negra, cientista, brasileira poderia mudar o imaginário das crianças no Brasil”.

“É esse o papel da representatividade que hoje eu estou tentando realmente me apropriar para tentar mudar vidas, transformar a vida de meninas como eu”, acrescentou.

A biomédica explica que a atuação em busca de informações essenciais para a produção de medicamentos e vacinas a fez ocupar um espaço diferente do imaginava quando ingressou no curso de biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

“Comecei a entender a questão da representatividade, o quanto isso era importante para mostrar as pessoas. E, principalmente, pessoas negras: elas podiam sim alcançar esse espaço, de sucesso acadêmico”, conta Jaqueline, ao concluir: “Hoje [ocupo espaço] de ser uma porta-voz da ciência, principalmente como representante feminina e negra para mostrar que a ciência está a disposição da sociedade de forma saudável, inclusiva, diversa”, completou.






Fonte: Agência Brasil

Em um ano, região de Presidente Prudente registra quase 3,5 mil medidas protetivas em casos de violência contra a mulher


“Eu tinha a medida e muitas vezes, para evitar algum transtorno, geralmente eu saía do lugar. Por exemplo, ele sabia que eu gostava de ir até um clube da cidade, eu estava lá e ele ia. Para não ficar ali, com a presença dele, eu com a medida em mãos, ia embora. Ele tinha o direito de ir e vir, até aí tudo bem. Até uma vez que ele chegou no apartamento em que eu estava, aproveitou uma pessoa que estava entrando no prédio, que não tinha porteiro, e entrou junto. Quando eu vi, ele já estava dentro da minha casa, então eu perguntei: ‘o que você está fazendo aqui? Você sabe que eu tenho uma medida protetiva contra você, é até para a sua proteção porque você é descontrolado’. Nisso ele começou a gritar.”




Fonte: G1

SP: Rodovia Mogi-Bertioga é totalmente liberada para veículos


A circulação de veículos na Rodovia Mogi-Bertioga (SP-098) foi totalmente liberada no fim da tarde desta terça-feira (7). O tráfego estava interrompido na via desde o último dia 19, quando as pistas foram atingidas, na altura de Biritiba Mirim, por deslizamentos de terra durante as fortes chuvas que devastaram o litoral norte do estado de São Paulo e deixaram, ao menos, 65 mortos.

De acordo com o governo do estado, a liberação do tráfego ocorre cerca de um mês e meio antes da previsão inicial, que era de 60 dias de obras.

“A liberação antecipada desse trecho da rodovia foi possível graças ao empenho das equipes do DER [Departamento de Estradas de Rodagem], que trabalharam intensamente nas obras de recuperação do pavimento danificado. Além disso, os trabalhos continuam para concluir, por exemplo, a construção do muro de contenção e a limpeza de detritos, sempre visando à segurança viária dos usuários”, disse a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende.

Segundo o governo estadual, as obras totais do projeto de recuperação da via devem ser concluídas em até 180 dias. O investimento previsto é de R$ 9,4 milhões para melhorias das galerias pluviais existentes, implantação de novo sistema de drenagem, construção de muro de arrimo e reforço do muro existente.

Mortes

O governo paulista informou que, até o momento, 65 óbitos foram confirmados na região, em razão das chuvas: 64 em São Sebastião e um em Ubatuba. Já foram identificados e liberados para sepultamento 57 corpos, dos quais, 21 de homens adultos, 17 de mulheres adultas e 19 de crianças.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que quatro pessoas ainda estão internadas no Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba. O estado de saúde delas é estável. Já receberam alta hospitalar 19 pacientes e cinco foram transferidos para outras unidades.




Fonte: Agência Brasil

Filhote de bugio ameaçado de extinção aparece acompanhado da mãe em mata na zona urbana e chama a atenção em Presidente Venceslau




Conforme o biólogo Helder Telles Stapait, que é especialista em gestão ambiental, a reprodução dos animais mostra a alta adaptabilidade da espécie naquele tipo de área. Filhote de bugio aparece acompanhado da mãe em Presidente Venceslau (SP)
Victor da Matta
A aparição de um filhote de bugio (Alouatta sp) acompanhado da mãe em um um fragmento de mata na região de um clube social na zona urbana tem chamado a atenção dos moradores de Presidente Venceslau (SP), já que se trata de uma espécie vulnerável ameaçada de extinção no Estado de São Paulo. Um biólogo especialista em gestão ambiental ouvido pelo g1 exaltou que a reprodução mostra a alta adaptabilidade da espécie naquela área.
O mototaxista Victor da Matta, que flagrou os animais, neste domingo (5), conversou com o g1 e disse que “essa foi a primeira vez que eles apareceram com um filhote”. A área, ainda de acordo com da Matta, fica próxima à Penitenciária 1 de Presidente Venceslau.
“As pessoas alimentam eles, muitos fazem caminhada ali e já levam frutas, deixam na árvore e muitas vezes pegam na mão [dos animais]”, adicionou.
Reprodução
Conforme o biólogo, especialista em gestão ambiental, professor e fotógrafo de natureza Helder Telles Stapait, o fato de estes animais estarem se reproduzindo mostra a “alta adaptabilidade da espécie nesta área (e região)”.
“É uma espécie que sofre muito com o avanço da urbanização, junto a grandes intervenções em áreas verdes, devido aos novos empreendimentos no município e proximidades. Mesmo com a compensação ambiental sendo executada, o tempo que a área compensada leva para ficar apropriada para abrigar a vida selvagem é longo demais, e acaba fazendo com que as espécies busquem abrigo e alimentos em outros locais que muitas vezes são áreas de borda com o perímetro altamente urbanizado, como é o caso destes bugios”, explicou ao g1.
“O registro desta mãe com filhote indica que existem outros indivíduos de mesma espécie que pertencem a este mesmo fragmento de área verde”, complementou.
Filhote de bugio aparece acompanhado da mãe em Presidente Venceslau (SP)
Victor da Matta
“A reprodução indica alta adaptabilidade e que a espécie está prosperando ali. Mesmo com as atividades humanas, esta espécie segue coexistindo. É necessário realizar um estudo de campo para averiguar se estão coexistindo bem ou se há algum fator que pode estar causando danos a estes macacos”, acrescentou.
Os bugios podem viver de 15 a 20 anos e a mãe pode carregar o filhote nas costas por até dois anos e, se a espécie está bem adaptada, é “perfeitamente comum que haja reprodução”.
“É necessário que haja as condições necessárias para sobrevivência destes animais. Tendo comida, água e abrigo, será comum encontrá-los. Sendo assim, a reprodução ocorrerá naturalmente entre os animais dos grupos existentes”, pontuou ao g1.
Filhote de bugio aparece acompanhado da mãe em Presidente Venceslau (SP)
Victor da Matta
O biólogo disse que ainda não havia visto um filhote da espécie no perímetro urbano, apenas em áreas verdes próximas à cidade.
“A espécie é recorrente no perímetro da cidade, faz parte da fauna do município. Esta constatação eu digo levando em consideração registros que eu mesmo fiz, não contendo qualquer consulta de inventário de fauna do município”, citou.
Ameaçada
A espécie, do gênero Alouatta, faz parte de uma família de primatas que está ameaçada no Estado de São Paulo devido a “grandes intervenções ambientais”, de acordo com o biólogo.
Parte do chamado Pontal do Paranapanema, que fica no extremo oeste do Estado de São Paulo, Presidente Venceslau conta com uma transição de Mata Atlântica para o Cerrado, e este é exatamente o bioma onde essa espécie está inserida.
Além de estarem mais perto da área urbana, estas visualizações estão mais frequentes. “Houve um aumento [de visualizações] proporcional ao avanço do perímetro urbano em Presidente Venceslau”, comentou ao g1.
Bugio adulto visto em Presidente Venceslau (SP)
Victor da Matta
Vulnerabilidade
Quando o homem avança com construções, indústrias e fábricas, novas áreas acabam exploradas. “Aqui na região do Pontal do Paranapanema, nós tivemos ao longo de muitos e muitos anos, mais especificamente nos últimos 40 anos, uma enorme exploração com muitos impactos ambientais gravíssimos”, ressaltou Stapait.
“O maior inimigo dessas espécies é a intervenção humana. É essa intervenção que está inviabilizando o sucesso dessa espécie, a permanência dessa espécie, a sobrevivência deles”, destacou.
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Presença de bugios na área urbana de Presidente Venceslau atrai curiosos, mas biólogo alerta para riscos da interação humana com os animais: ‘Isso está errado!’
São os fatores ligados à interferência humana que podem ser um dos motivos do aumento desses registros, cada vez mais próximos da área urbana, segundo o biólogo.
“Conforme a cidade está crescendo, está aumentando a visualização de animais silvestres dentro do perímetro urbano, e ali naquele pedaço da mata próximo ao clube está sendo implantado um novo residencial”, comentou.
Spairat explicou que essa “invasão” no perímetro urbano pode ocorrer por duas situações: os animais estão ou em busca de proteção ou em busca de alimentos, pois o território deles está cada vez menor.
“Por mais que estudos e também atos de compensação ambiental estejam sendo executados, estes levam tempo para estarem preparados pra utilização ou moradia dessas espécies. Então, tem um problema sério aí com a compensação e a invasão desses animais em busca da comida e da proteção”, destacou Stapait ao g1.
Bugio adulto visto em Presidente Venceslau (SP)
Victor da Matta
Segundo o biólogo, a presença, do jeito como estão sendo visualizados, levanta um alerta, pois o ato de dar comida aos animais faz com que eles se acostumem com o “alimento fácil” e, segundo ele, “isso faz com que o macaco fique cada vez mais próximo das pessoas, facilitando a possibilidade de ocorrer um acidente”.
“Há dois anos eu mesmo filmei o bugio e verifiquei que ele estava já no chão, ao lado da pista de caminhada, esperando comida olhando a todos que passavam e algumas vezes fez gestos de alerta para algumas pessoas. O perigo ali era de o próprio macaco atacar alguém e, além do acidente direto, poderia ter outro agravante devido à pista de caminhada estar muito próximo da avenida”, relatou.
Bugio adulto visto em Presidente Venceslau (SP)
Victor da Matta
Orientações
Conforme o biólogo, a recomendação principal é “evitar completamente o contato com qualquer animal silvestre que venha a se aproximar das áreas mais urbanizadas”.
“Muito contato pode fazer com que o animal se acostume e crie de certa forma uma dependência dependendo do nível de interação com o mesmo (como o caso do bugio em questão)”, acrescentou.
Stapait reforçou que “é importante esses animais não estarem acostumados com as pessoas”.
Bugios são vistos com frequência em área verde em Presidente Venceslau (SP)
Sabrina Paulino Soriano Estrella de Oliveira
“Eles devem retornar para os fragmentos para sobreviverem com os recursos que eles têm lá e não se acostumarem com as pessoas, porque daqui a pouco eles vão descer dos galhos, vão atravessar as ruas, eles podem ser atropelados, tendo em vista que são animais ameaçados de extinção também, podem causar acidentes de trânsito, podem entrar nas casas, ali tem muitas casas do outro lado da rua, podem causar acidentes domésticos, então não pode haver interação dos animais com essas pessoas”, frisou ao g1.
O biólogo citou que é extremamente importante que haja um trabalho de educação ambiental para que as pessoas “não sintam medo ao ter contato com estes animais”.
“Existem diversos animais que são abatidos por puro medo ou preconceito (como ocorre com praticamente todas as serpentes adentram o perímetro urbano – sendo muitas delas controladoras de pragas urbanas, como as jiboias, por exemplo)”, contou.
Bugios são vistos com frequência em área verde em Presidente Venceslau (SP)
Sabrina Paulino Soriano Estrella de Oliveira
Com o avanço da urbanização e da intervenção em áreas verdes, sem o tempo de compensação ambiental necessário, o contato com animais silvestres “deverá ser cada vez mais comum”.
Em caso de “receber uma visita” destes animais, o especialista alertou que “é fundamental acionar a Polícia Militar Ambiental imediatamente, para que o colete e faça a sua soltura em seu hábitat novamente”.

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Fonte: G1