Jovem de 21 anos é preso por agredir e ameaçar ex-mulher, em Adamantina



Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência com um homem agressivo e armado com faca, neste domingo (16). Um homem, de 21 anos, foi preso por violência doméstica neste domingo (16), após agredir e ameaçar a ex-mulher, em Adamantina (SP).
A equipe da Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência com um homem agressivo e armado com faca.
No local, os agentes encontraram o jovem em frente a um estabelecimento comercial, onde estava agitado e agressivo. Nada de ilícito foi encontrado com o suspeito durante abordagem e busca pessoal .
Porém, em seguida, a mulher que entrou em contato com a Polícia Militar informou que havia acabado de ser agredida e ameaçada pelo suspeito, que é seu ex-companheiro.
Diante dos fatos, foi dada voz de prisão ao homem, que permaneceu à disposição da Justiça.

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Fonte: G1

Homem é encontrado morto dentro de ônibus alugado, em Regente Feijó




Passageiros desceram em um posto de combustíveis no Centro e notaram a falta do colega. Ao retornar ao veículo, notaram que ele estava frio e com o corpo rígido. Homem foi encontrado sem vida dentro de um ônibus alugado, em Regente Feijó (SP)
Reprodução/Redes sociais
Um homem, de 41 anos, foi encontrado morto no interior de um ônibus alugado na manhã deste domingo (16), em Regente Feijó (SP).
Segundo informações da Polícia Civil, o ônibus foi alugado por uma construtora e seguia de São Carlos (SP) com destino a Antônio João (MS). Em determinado momento, o veículo fez uma parada em um posto de combustíveis no Centro de Regente Feijó.
Os passageiros desceram, mas um deles ficou para trás. Ao notar o sumiço do homem, os colegas voltaram para o ônibus para saber o que havia acontecido e, quando foram chamá-lo, perceberam que ele estava frio e com o corpo rígido.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e confirmaram a morte no local.
Ainda conforme a Polícia Civil, um representante da direção da construtora que alugou o veículo esteve na delegacia de Regente Feijó e registrou um Boletim de Ocorrência.
A principal suspeita das autoridades é que a vítima tenha sofrido um mal súbito e falecido, uma vez que aparentemente não apresentava sinais de violência ou lesões.
Porém, exames criminalísticos foram realizados e devem atestar a real causa da morte.

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Fonte: G1

Defesa Civil de Rio Grande monitora Lagoa dos Patos


A Defesa Civil da cidade do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, monitora o nível da Lagoa dos Patos após o alerta de possível inundação de rios emitido pela Defesa Civil Estadual para municípios banhados pelas bacias dos rios dos Sinos, Caí, Paranhana e Taquari. Segundo informações divulgadas na última sexta-feira (14), pelo órgão o alto volume de chuvas registrado nos últimos dias pode elevar o nível da lagoa causando alagamentos. Um aviso será emitido caso seja necessário que as famílias residentes nas imediações precisem ser desalojadas.

“Após a passagem do ciclone extratropical, duas massas de ar polar seguidas devem chegar ao estado trazendo baixas temperaturas pelos próximos dias. A previsão para a cidade do Rio Grande é de clima seco e temperaturas mínimas próximas de 5ºc até a próxima quarta-feira (19) quando há possibilidade de chuva”, diz a Defesa Civil da cidade.

Na cidade de Canela, os ventos ultrapassaram os 90 quilômetros por hora (km/h) e provocaram destelhamentos e alagamentos. Segundo a prefeitura, foram atendidas 32 ocorrências no município até a madrugada desta sexta-feira (14). Nenhum caso com maior gravidade foi registrado e foram distribuídos cerca de 400 metros de lonas para as famílias atingidas, além de telhas. A Defesa Civil informou que três casas foram interditadas devido ao risco e os moradores foram deslocados para residências de familiares.

No estado de São Paulo, os fortes ventos provocaram duas mortes. Na cidade de Itanhaém, uma mulher de 80 anos morreu depois de levar um choque elétrico provocado pela queda de um galho sobre a fiação de média tensão. Uma outra vítima, também mulher, de 24 anos, estava no interior de um veículo atingido pela queda de uma árvore, em São José dos Campos. Ela foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada ao Pronto Socorro Municipal, mas não resistiu aos ferimentos.

Até a manhã de sexta-feira, o Corpo de Bombeiros recebeu 179 chamados para queda de árvores na capital e região metropolitana de São Paulo. As maiores rajadas de vento foram registradas em São Miguel Arcanjo (81 km/h), Barueri (74 Km/h) e Cachoeira Paulista (72 km/h).

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (InMet), em Porto Alegre a temperaturas variam entre 10ºC e 16ºC; em Florianópolis entre 14ºC e 19ºC; em Curitiba 9ºC e 20ºC.




Fonte: Agência Brasil

Cidade de São Paulo tem domingo com tempo ensolarado e frio


A cidade de São Paulo registra tempo ensolarado e sensação de frio neste domingo (16), com temperatura média de 18,5 Celsius (ºC) e máxima prevista de 23ºC, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura. A madrugada teve céu nublado, vento fraco e termômetros em média na casa dos 9°C. Na estação meteorológica do CGE entre o sul da Capela do Socorro e Parelheiros, o menor valor absoluto foi de 5°C. Na região central da capital, os termômetros marcaram 11,8°C. A cidade mantém o estado de alerta para baixas temperaturas desde as 8h de quinta-feira (13).

De acordo com o CGE, nos próximos dias, as temperaturas mínimas se elevam um pouco mais nas madrugadas e as máximas diminuem durante as tardes, gerando sensação de frio. “Isto, por conta da atuação de áreas de instabilidade, associadas à passagem de uma frente fria de fraca atividade chuvosa pela costa paulista a partir da noite de terça-feira (18)”, diz o CGE.

Na segunda-feira (17), a previsão é que a madrugada tenha temperatura de 13°C e, no decorrer do dia, atinja a máxima de 23°C, com percentuais mínimos de umidade do ar entre 45% e 95%. Durante o dia o sol ficará entre nuvens com aumento da nebulosidade a partir do fim da tarde, mas ainda sem expectativa de chuva significativa.

A madrugada de terça-feira (18) deve ser de muitas nuvens e temperatura média de 14°C. No decorrer do dia, as temperaturas não se elevam por conta da variação da nebulosidade, com a máxima não passando dos 20°C e os percentuais mínimos de umidade do ar em 50%. A partir do fim da tarde podem ocorrer chuvas rápidas devido à aproximação de áreas de instabilidade e no oceano.




Fonte: Agência Brasil

Grande Rio e Salgueiro levam à avenida enredos indígenas em 2024


A Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, que escolheu para 2024 contar a história do mito tupinambá, vai questionar como o Brasil se identifica com os povos originários de seu território. O enredo Nosso Destino É ser Onça,  dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que começaram a pesquisar o tema em 2016. Segundo Haddad, o enredo vem sendo maturado ao longo desse tempo, desde que conheceram o livro Meu Destino É Ser Onça, do escritor Alberto Mussa. A escolha só ocorreu após uma conversa com o autor para que em 2024 fosse a história a ser contada pela agremiação no Sambódromo.

Para Haddad, é natural que carnavalescos tenham ideias de enredos que só serão desenvolvidos pelas escolas um tempo depois. “Isso acontece com todos os carnavalescos, todo mundo tem a sua caixinha, ou sua gaveta, com enredos que a gente vai guardando e entendendo o melhor momento. Nós já passamos pela Cubango [escola de Niterói], chegamos na Grande Rio e aí fomos entendendo o momento de cada enredo na escola. A Grande Rio é uma escola que já cantou diversas vezes temas ligados aos povos indígenas, e a gente achou importante agora trazer esse desenvolvimento para a escola”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

“A onça guia todo o enredo. A gente começa com o mito tupinambá de criação do mundo, que está presente no livro e, a partir daí, amplia para mostrar um pouco mais de Brasil. Na verdade, para os tupinambá, a onça tem um significado muito importante, porque é a criadora do mundo. É o próprio velho que cria o mundo. Para os tupinambá, a pessoa se transformar e se sentir onça é ser o pajé, o xamã mais poderoso daquela região”, disse Haddad. Segundo ele, a partir deste princípio, serão mostrados também os deuses dos astecas, maias e incas e, no Brasil, o pajé-onça do povo baniwa [na fronteira com a Colômbia e a Venezuela] que é o considerado de maior espiritualidade.

A Grande Rio vai levar ainda para a avenida rituais de cura para alguns povos indígenas, de caça, de xamanismo, que traduzem maior desenvolvimento espiritual, de encantarias do Nordeste e do Norte do Brasil, pajelança, histórias de povos ribeirinhos. “Vai contar o início do mundo por intermédio da onça, e agora a onça, na contemporaneidade, expressa um poder de luta, de força muito grande. A onça hoje é símbolo de algumas associações de travestis, símbolo de pinturas para ressignificar a ideia de selvagem. A força que a onça traz, enquanto animal, é também um símbolo de luta hoje em dia para os povos indígenas”, acrescentou Haddad.

O carnavalesco disse que a onça aparece no Brasil atual nas lutas como a de demarcação das terras indígenas e pela valorização do povo LGBTQIA+. “São essas frentes que precisam estar unidas que vamos trazer no final do nosso desfile”.

Haddad disse que o escritor Alberto Mussa, autor do livro que deu origem ao enredo da Grande Rio, ficou feliz ao receber essa notícia e está acompanhando de perto tudo que está sendo desenvolvido. “A gente tem se encontrado, e ele entende o que a gente vai trazer além do livro. Está sendo uma experiência muito bacana”, afirmou Haddad, que tem esperança de que Mussa desfile com a escola.

Público

A verde, vermelho e branco de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quer envolver o público na Marquês de Sapucaí, como fez em 2022, quando com o enredo Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu, foi campeã pela primeira vez no Grupo Especial das escolas de samba do Rio.

“É um enredo desafiador, porque ele não começa há 500 anos, mas há 11 mil, 22 mil anos, o que, no tempo mítico, nos leva a essa simbologia da onça. Essa força da onça encantada, entidade, divindade, que vai devorando culturas, que vai devorando todos nós. É mais um enredo que vai propor, de maneira poética, esse debate na avenida sobre quem é o brasileiro, quem somos nós aqui nessa terra indígena, que é tão múltipla. Acredito que o público vai se identificar bastante, porque o signo onça está presente no nosso dia a dia. O público, com certeza, vai se surpreender mais uma vez com a escola de Caxias”, disse Leonardo Bora à Agência  Brasil.

A Grande Rio vai brigar pelo título, afirmou o carnavalesco, ao lembrar que os componentes ganham fôlego extra por a escola ter sido campeã recentemente e, por isso, querer ficar em primeiro lugar mais uma vez. “Ganha um desejo a mais de continuar esse grande sonho coletivo, que foi a conquista do campeonato com o enredo sobre Exu.”

Samba

Os sambas inscritos serão recebidos pela escola no dia 24 deste mês, e as quatro eliminatórias da disputa na quadra estão marcada para os dias 12, 19 e 30 de setembro e a final, em 7 de outubro. Pelo que tem notado até agora, Leonardo Bora diz que os compositores estão seguindo bem na linha do que ele e o Gabriel queriam para a escola.

“Sim. É um enredo muito vasto, que tem esse teor lendário e essa narrativa que passa por diferentes visões de Brasil e de mundo. As parcerias estão viajando nisso, e mais uma vez tenho certeza de que vamos ter uma safra marcada pela diversidade, o que, para a gente, é muito importante”, completou, destacando que é a diversidade que vai tornar a disputa tão rica.

Barracão

As alegorias de 2023 foram desmontadas e as ferragens de três já começaram. Os carnavalescos estão na fase de desenho dos protótipos das fantasias. De acordo com Haddad este tem sido um ano em que a dupla está conseguindo adiantar o trabalho. “O carnaval é no início de fevereiro, a gente não pode dar mole”, completou.

Salgueiro

Outra escola tradicional, Salgueiro, quer fazer em 2024 um alerta em defesa da Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da ação de garimpeiros na sua região. A escola vai levar para a avenida o enredo Hutukara, que significa a floresta construída dos yanomami. Apesar das atrocidades sofridas pela etnia terem sido divulgadas com maior destaque mais recentemente, o carnavalesco Edson Pereira, autor do projeto do carnaval do ano que vem, disse que a escolha do enredo não se deu por causa da situação atual da etnia.

Edson Pereira carnavalesco do salgueiro

Salgueiro, do carnavalesco Edson Pereira, levará os yanomami à avenida – Acadêmicos do Salgueiro/Divulgação

“Foi um acaso mesmo, porque eu comecei a trabalhar esse enredo em setembro do ano passado e aí, já em dezembro, começou essa questão que veio aflorar na mídia. Era um enredo pertinente bem antes disso”, ressaltou o carnavalesco, em entrevista à Agência Brasil.

Edson revelou que o enredo é baseado no livro A Queda do Céu, de Davi Kopenawa, xamã e líder político do povo yanomami, para mostrar “o quanto é necessário entender que, antes do Brasil ser império, antes de existir a coroa, já existia o cocar”, que é o ponto de partida do que a escola vai apresentar na avenida.

“Temos uma dívida com os povos originários, não é só com os yanomami. Claro, a gente tem uma dívida com os yanomami, mas a gente fala também de todos os povos originários do Brasil. Esses povos lutam por uma causa não só de subsistência. Eles falam que não comem o que a gente acha ser o mais precioso, que é o ouro, o diamante, as pedras preciosas, os minérios. Eles não sobrevivem disso e, sim, da natureza e lutam pela preservação dessa natureza”, contou, acrescentando, que, por isso, o Brasil passou a ser o foco do mundo.

Mas o Salgueiro não vai ficar apenas na parte das dificuldades do povo yanomami, vai mostrar também o lado positivo da etnia. “É até um pedido do Davi Kopenawa e do Instituto Moreira Salles: que a gente mostre mais essa parte feliz, do que essa parte agressiva deles, que tentam passar, e não é verdade. Também a parte do lamento não cabe no carnaval, mas é necessária como um alerta. A gente vai ter, sim, esse alerta, mas sem a questão da dor e do lamento. Vamos mostrar uma realidade muito pertinente”, adiantou.

“Os povos originários querem ser representados, mas com felicidade também”, acrescentou.

De acordo com Edson, a comunidade salgueirense recebeu muito bem o enredo, até porque faz tempo que a escola não fala sobre indígenas. “O Salgueiro é conhecido como uma escola ligada aos temas de origem africana, mas a gente quer dar uma cambalhota em tudo isso, quer virar esse jogo.”

“O Salgueiro, enquanto escola de samba, tem obrigação de falar em todas as culturas a que a gente tem acesso. A comunidade está muito feliz”, observou.

Samba

Com base a sinopse escrita pelo ‘enredista’ Igor Ricardo, um texto explicativo do enredo divulgado pelas escolas, os compositores estão na fase de criação de sambas, que vão começar a ser selecionados em disputa na quadra em agosto.

“Provavelmente teremos mais de 30 sambas [concorrendo]. Teremos um grande problema, porque já vimos obras lindas. É um problema bom de se passar. A gente está muito feliz porque eles entenderam muito bem a proposta que queremos passar com este enredo. Acreditamos que é o caminho certo”, afirmou Edson, destacando que a participação do samba para o resultado de uma escola é de mais de 50%.

“Estamos aguardando uma disputa bem difícil. Essa é a expectativa”, acrescentou.

Barracão

Segundo o carnavalesco do Salgueiro, o cronograma de preparação dos desfiles está adiantado, tanto que os protótipos, que são os desenhos das fantasias, estão prontos há quase um mês. “A gente já está em um processo de compra de material e de execução de algumas fantasias. As alegorias também já estão desenhadas e em um processo de compra de material. É um processo bem diferente dos últimos anos”, concluiu.




Fonte: Agência Brasil

Gratuidade nos ônibus das linhas em favelas em BH passa a ser lei


A gratuidade nos ônibus do transporte coletivo municipal em 12 linhas que atendem regiões de favelas e vilas de Belo Horizonte passou a ter força de lei. O programa Tarifa Zero nas linhas foi instituído pela nova legislação do transporte urbano de ônibus da capital mineira (Lei 11.538 de 2023), sancionada no último dia 5 pela prefeitura.

As 12 linhas com passe livre transportam, em média, 433 mil passageiros por mês. No total, a cidade tem 313 linhas, segundo a prefeitura. Para utilizar o sistema gratuito, o usuário que possui o Cartão BHBus deve aproximá-lo do validador, no interior dos ônibus, para passar pela roleta, mas não há desconto de nenhum valor. Para quem não tem o cartão, a roleta é liberada pelo motorista.

Mesmo antes de se tornar lei, o passe livre para vilas e favelas estava funcionando desde abril no município, resultado de uma conciliação judicial, como uma das contrapartidas para a elevação do valor básico da passagem na cidade, que havia subido para R$ 6.

A nova lei sancionada permitiu à prefeitura voltar o valor da passagem principal para R$ 4,50 e aumentar, ainda no orçamento de 2023, os repasses às empresas de transporte em mais R$ 512 milhões. Como contrapartida, foram previstos – além da implementação do programa Tarifa Zero nas linhas de vilas e favelas, já em funcionamento – a subvenção de 100% do valor da tarifa correspondente a estudantes; o Vale-Transporte Saúde para pessoas em deslocamento para atendimento médico no Sistema Único de Saúde (SUS); o Auxílio de Transporte Social às famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica; e o Auxílio Transporte Mulher, para os deslocamentos de mulheres em situação de violência econômica ou social.

Essas medidas, no entanto, ainda precisam ser regulamentadas pela prefeitura para entrar em funcionamento – o prazo é de 90 dias a partir da data da sanção da lei.

Ao sancionar a lei, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, vetou, porém, o passe livre, aos domingos e feriados, para todas as pessoas. No projeto de lei original, aprovado pela Câmara Municipal, havia a permissão para prefeitura abrir créditos adicionais no orçamento, até o limite de R$ 25,8 milhões, para implementar a medida. O veto do prefeito, no entanto, ainda poderá ser derrubado pelos vereadores.

“Quando a tarifa zero surgiu, há dez anos, a proposta de catraca livre aos domingos e feriados não chegou nem a ser aprovada na primeira comissão da Câmara. Dez anos depois, essa emenda foi aprovada em primeiro e segundo turno, com 37 votos de 40. Isso é um avanço muito concreto”, destaca o pesquisador de mobilidade urbana André Veloso.

“O debate sobre a tarifa zero, as possibilidades concretas, avançou muito nos últimos dez anos. A gente tem hoje 76 cidades que têm essa política. Cidades governadas pela direita e pela esquerda. Tanto é que subsídio, que era um palavrão dez anos atrás, hoje é uma realidade no transporte de Belo Horizonte”, acrescentou.

Debate sobre passe livre

Bandeira levantada por movimentos populares nas grandes manifestações de junho de 2013, o fim da cobrança da passagem no transporte coletivo público urbano tem avançado nas casas legislativas e nas prefeituras de capitais do país. Além de Belo Horizonte, São Paulo é exemplo de capital em que a pauta tem ganhado espaço.

No final do ano passado, a prefeitura da capital paulista iniciou um estudo de viabilidade para a adoção do passe livre na cidade. O projeto Tarifa Zero está sendo desenvolvido pela São Paulo Transporte (SPTrans), empresa pública que faz a gestão do transporte no município. Segundo a administração municipal, o estudo ainda não está pronto.

No dia 15 de junho, vereadores de São Paulo propuseram um projeto de lei (PL) que dá passe livre parcial no município paulista, especialmente para pessoas de baixa renda: inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) e desempregados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Segundo dados do pesquisador Daniel Santini, 76 municípios brasileiros já adotaram a tarifa zero plena no transporte coletivo de ônibus. A maioria está em São Paulo e Minas Gerais: são 22 cidades paulistas e 19 mineiras.

Além de São Paulo e Belo Horizonte, outras sete capitais estão com o tema da tarifa zero em discussão na administração municipal ou nas casas legislativas: Campo Grande, Teresina, Fortaleza, Curitiba, Florianópolis, Palmas e Cuiabá.




Fonte: Agência Brasil

Moradores participam de ação voluntária para revitalizar um dos maiores fragmentos de mata atlântica de Presidente Prudente




Iniciativa em alusão ao Dia Mundial de Proteção às Florestas aconteceu neste domingo (16) e contou com limpeza ambiental, plantio de mudas e lançamento de bombas de sementes. Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Mãos na terra para semear um futuro sustentável. Esse foi um dos objetivos da ação voluntária que reuniu moradores do Bairro Residencial Moacyr Trentin na manhã deste domingo (16), em Presidente Prudente (SP).
A iniciativa contemplou ações de preservação e revitalização de uma parte do Parque Ecológico Municipal Chico Mendes, conhecida como Mata do Furquim, um dos maiores fragmentos de mata atlântica na cidade.
Cerca de 20 voluntários participaram da atividade idealizada pela Organização Não Governamental (ONG) Rede Amor e Esperança, incluindo agentes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
No local, que é alvo de descarte irregular de lixo, os participantes realizaram limpeza ambiental, plantio de mudas e lançamento de bombas de sementes. Essa é a quinta ação realizada pelo grupo desde 2021, quando a mata sofreu um incêndio de grandes proporções, atingindo 30 mil m² de reserva florestal.
“Desde 2021, quando houve o incêndio na mata, começamos a realizar ações para contribuir com a regeneração da floresta, que perdeu 80% de vegetação. Na beira da mata, tem uma rua sem saída e, por ser um lugar mais afastado, que não possui moradores próximos, o pessoal aproveita para descartar lixo de forma inadequada”, informou ao g1 o presidente da ONG, Eudes Elias da Silva.
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Ainda de acordo com ele, a ideia de revitalizar o espaço partiu dos próprios moradores, que acionaram a rede na tentativa de recuperar a mata após o incêndio.
“De lá para cá, a gente começou a fazer esse trabalho em parceria com os moradores do bairro, que têm se engajado nas ações de proteção à mata, eles têm o interesse de manter e de preservar esse local também, inclusive, com o envolvimento das crianças. A gente espera que elas possam dar continuidade a essas lições que estão aprendendo”, ressaltou.
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Esse é o caso de Jean Sanches Silva, que levou os filhos, de oito meses e 12 anos, para participarem da ação. Morador do bairro há dois anos, o desenvolvedor enfatizou ao g1 a importância desse projeto não só para a natureza, mas também para os próprios moradores.
“É uma iniciativa importante, porque precisa estar tudo limpo. O local está abandonado. Há, por exemplo, o perigo do mosquito da dengue, algo que já é um problema municipal, então, é uma iniciativa que promove limpeza para que a gente consiga ter um ambiente mais agradável para os nossos filhos poderem brincar”, disse.
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
‘Clima melhor’
Valdice Pereira foi o primeiro morador a se instalar no Bairro Residencial Moacyr Trentin e disse que, constantemente, flagra pessoas descartando lixo de forma irregular no local. De acordo com ele, os resíduos sólidos mais encontrados são móveis velhos, restos de construção, roupas, colchões e lixo caseiro.
“A gente quer criar um clima melhor, porque a turma só vem aqui para jogar lixo e desmatar. A gente está tentando coibir isso. A gente vê Presidente Prudente, uma cidade bonita, só que o pessoal parece que não gosta do município e vive descartando lixo na rua. Tem pessoas que vêm até com crianças”, observou ao g1.
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Para além de revitalizar o espaço, a iniciativa, que faz alusão ao Dia Mundial de Proteção às Florestas, celebrado nesta segunda-feira (17), também é preventiva, já que o fragmento de mata atlântica é berço da fauna e da flora prudentinas.
“A gente está fazendo isso para prevenir um novo incêndio. Há nascentes na mata, a área em volta dela existe para a proteção de uma nascente. Nosso objetivo é conscientizar a população para não descartar lixo nesse local, porque pode prejudicar o solo, pode prejudicar a água e os animais que têm na floresta”, concluiu Eudes Elias da Silva.
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
Revitalização da Mata do Furquim, em Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1

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Fonte: G1

Ninguém acerta sorteio e prêmio da Mega-Sena acumula de novo


Em sorteio na noite deste sábado (15), nenhum apostador acertou os seis números do concurso 2611 da Mega-Sena. Foram sorteados os números: 04-12-18-21-25-49. Ao todo, 178 apostas conseguiram acertar cinco números e vão ganhar R$ 25.434,22. Outros 9.213 bilhetes fizeram quatro dezenas e vão receber R$ 702.

Sem vencedores, o prêmio principal acumulou para cerca de R$ 50 milhões no próximo sorteio, que será realizado na quarta-feira (19), às 20h, pelo horário de Brasília. A aposta simples, com seis dezenas marcadas, custa R$ 5.




Fonte: Agência Brasil

Bienal: autores LGBTQIA+ conquistam visibilidade e comemoram audiência


O primeiro livro de Juan Jullian (foto), Meu Querido Ex, só existia em versão digital na Bienal do Livro de 2019. O jovem escritor carioca, de 24 anos na época, tinha se autopublicado na Amazon e investido em marcadores de livros e broches de divulgação para ir em busca de leitores em todos os dias do evento. “Eu ia na fila de outros autores, hoje amigos meus, e falava: ‘você gosta do livro dele? Então, provavelmente você vai gostar do meu’.”

Os esforços dele e os de outros autores LGBTQIA+ para divulgar seus trabalhos naquele ano, porém, foram alvo de um ataque que partiu da própria prefeitura do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella determinou o recolhimento de livros com personagens LGBTQIA+, por considerar que uma história em quadrinhos de super-heróis (Os Vingadores, a Cruzada das Crianças), era imprópria, por retratar um beijo entre dois adolescentes do sexo masculino. “Livros assim precisam estar embalados em plástico preto e lacrado, informando o conteúdo”, disse na época o prefeito, por meio de nota oficial.

Fiscais da Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) chegaram a ir ao Riocentro para fazer a apreensão dos livros, mas a reação à censura fez com que todos os mais de 20 mil exemplares da HQ se esgotassem em menos de 40 minutos após a abertura da bienal. A organização da feira literária recorreu à Justiça, mas o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Claudio de Mello Tavares, decidiu a favor da prefeitura. Coube ao Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a decisão de garantir a liberdade para a feira literária, em decisão liminar que saiu apenas no dia do encerramento do evento.

Apesar de violenta, a tentativa de silenciar histórias com pessoas LGBTQIA+ em 2019 teve um efeito reverso naquele ano e nos anos seguintes. Segundo a organização do evento, a Bienal do Livro de 2019 vendeu o triplo de exemplares de obras como a HQ censurada, com personagens LGBTQIA+. Para Juan, que distribuía os broches para divulgar seu livro, a surpresa foi uma onda de leitores que o transformou em um autor best-seller. Em um único dia, foram mais de 10 mil downloads.

“Foi uma combinação dos esforços que eu vinha fazendo para a divulgação com esse momento de boom que a gente não tinha como esperar. Meu Querido Ex fez parte daquele momento. Foi um dos mais baixados naquela época e chegou a pegar o primeiro lugar no ranking geral na Amazon”, lembra o autor, que, só então, chamou a atenção de grandes editoras e passou a ser publicado pela Galera Record.

“Por conta da violência e daquele episódio extremamente homotransfóbico, meu livro chegou a espaços a que ele não teria chegado.”

Protagonistas LGBTQIA+

Juan Jullian foi autor convidado da Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2021, e volta ao evento de 2023 para divulgar sua terceira obra, Viralizou, recheada de referências à cultura pop e a tretas da internet. No enredo, uma funkeira e um jornalista de celebridades que destruiu a carreira dela se unem para sobreviver em meio a um apocalipse zumbi – ele não esconde que a inspiração foi a briga entre a cantora Anitta e o colunista Léo Dias. Assim como em seus dois livros anteriores, o protagonismo da história é de pessoas LGBTQIA+, e a proposta do autor é construir com a literatura um lugar de liberdade e celebração para a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero.

“Voltar a esse espaço [Bienal do Livro] em um lugar de protagonismo e podendo celebrar as nossas narrativas é sempre simbólico. Houve uma mudança absurda entre o perfil das mesas e autores convidados da bienal antes de 2019 e nessas duas últimas edições. O evento está ficando mais diverso, refletindo mais a pluralidade da audiência, e é bem feliz fazer parte disso”, diz o escritor.

Na bienal de 2023, marcada para o período de 1º a 10 de setembro, o escritor vai participar da mesa Mundos Paralelos, em 2 de setembro, que vai retratar como a diversidade na literatura jovem adulta vai além de falar de romance homoafetivo, e pode trazer o protagonismo LGBTQIA+ em outros gêneros, como a fantasia, a ficção científica e o terror. O público que Juan Jullian tem em mente quando escreve seus livros se parece com ele: jovem, não branco e LGBTQIA+, mas ele acredita que a literatura tem a capacidade de gerar empatia e mostrar que afetos, sofrimentos e outras questões da vida são universais.

“Antes, nos eventos, eu sempre me chocava com uma quantidade enorme de mulheres com entre 30 e 40 anos no público. Mas eu pensei: que tolo eu estou sendo. Apesar de ser a história de um menino gay e negro que quer superar um ex-namorado, é uma história sobre um coração partido. E todo mundo, independentemente de orientação sexual, sabe como é sofrer por um coração partido”, afirma. “Eu acho que a literatura tem um papel fundamental de gerar empatia. É mais fácil se emocionar com uma realidade que não é a sua ou temas que não fazem parte do seu dia a dia quando você vê em uma história do que quando você lê um artigo sobre aquilo. Você se coloca nos sapatos do personagem.”

Corpos diversos

A distopia também está no enredo de Corpos Secos, de Natalia Borges Polesso. A autora lésbica e não binária venceu o prêmio Jabuti de 2021, na categoria Romance de Entretenimento, ao retratar personagens diversos que tentam sobreviver em um Brasil pós-apocalíptico.

“Geralmente, a gente vê um fim do mundo muito hétero, com machões que vão entrar numa espaçonave e evitar um cataclisma. E eu não quero isso, eu quero pensar nas coletividades, compostas também por pessoas que são marginalizadas, pensando sua identidade de gênero e em como isso afeta o nosso viver”, define a autora, que defende uma diversidade de corpos ainda mais rica, com personagens com doenças crônicas e deficiências.

“Romances com pessoas com epilepsia, pessoas com diabetes, e outros corpos que não sejam tão normativos. A gente vive com tantos atravessamentos, tantas questões que nos fazem seres complexos. As questões de gênero e sexualidade estão enredadas – com essa palavra bonita mesmo, de enredo – com corpos não normativos, corpos distintos, pensando em recortes de raça e classe. E vejo a literatura contemporânea se preocupando cada vez mais nisso.”

É com esse ponto de vista que a autora vai participar da mesa Inventar Futuros, no dia 9 de setembro. O protagonismo LGBTQIA+ está presente em todas as obras da autora gaúcha, desde Amora. O livro rendeu outro prêmio Jabuti, na categoria Conto, com uma série de histórias de amor entre mulheres. A proposta de dar visibilidade ao amor entre lésbicas e mulheres bissexuais se mantém em Extinção das Abelhas, outra obra distópica lançada pela autora e que a aproximou de um público mais amplo.

Natalia Borges Polesso já venceu dois prêmios Jabuti
Crédito: Divulgação/Ana Reis

Autora Natalia Borges Polesso já venceu dois prêmios Jabuti – Divulgação/Ana Reis

Extinção das Abelhas tem sido amplamente lido. Já fui em grupo de psicanálise, grupo de apicultores, grupo de ecologistas, em escolas. É um livro que tem feito um caminho quase aleatório”, conta ela, que defende que a literatura com protagonismo LGBTQIA+ também é universal e pode provocar identificação em todos, mas sem que isso signifique apagamento. “Quando eu escrevi Amora, às vezes, me diziam em clubes de leitura, achando que estavam me elogiando: ‘Nossa, que lindo que é o seu livro, nem vejo que as mulheres são lésbicas. Pra mim, é sobre amor’. E eu respondia: ‘Então, você está vendo errado, porque as mulheres são lésbicas. Qual é o problema de ver isso? O que você está vendo, então?’.”

Mais que uma reação

Na sua segunda participação na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, Natalia acredita que a diversidade na curadoria do evento fez a diferença para que ele se tornasse mais inclusivo desde os ataques de 2019. “São curadores que estão prestando atenção no que está acontecendo e que não estão nos convidando só porque somos escritores LGBTQIA+, mas porque somos escritores LGBTQIA+ contemporâneos que estão sendo lidos, têm um público, estão participando de prêmios e têm uma carreira”, elogia ela.

Além da reação do evento à tentativa de censura, Natália destaca que houve uma resposta de influenciadores, leitores, jornalistas e diversas outras pessoas comprometidas com a liberdade e a diversidade na literatura. Essa resposta aconteceu durante os ataques à bienal de 2019 e depois deles, com o fortalecimento da participação de autores LGBTQIA+ no mercado.

“A comunidade leitora e o mercado editorial se fizeram presentes nessa resposta. Apesar de o nosso sistema cultural público ter sido destruído nos últimos anos, eu acho que nossa sede por cultura e por leitura só aumentou nesses últimos anos”, afirma. “É muito ruim a gente ter que reagir a uma opressão ou alguma coisa que nos agride e nos afeta, não só na nossa produção literária, mas na nossa existência. Fico contente que, nesses espaços, as pessoas que estão ali estão ligadas nisso e fazendo esses convites. Eu não gosto de pensar que isso é só uma resposta, porque isso tem a ver com nossos desejos. Não pode ser só uma resposta a uma violência.”

Finais felizes

Assim como Juan e Natalia, o escritor Pedro Rhuas entrou na programação oficial da bienal de 2021 e retorna em 2023. Rhuas, porém, também vai se apresentar como músico, já que, além de autor do best-seller Enquanto Eu não te Encontro, lançou o álbum Contador de História, que passou dos 500 mil streamings no Spotify. O autor conta que estará presente em todos os dias da feira literária, lançando seu próximo romance, que ainda não teve o título divulgado.

“É muito interessante que na literatura as pessoas LGBTQIA+ têm buscado histórias em que elas possam performar suas identidades de maneiras que nunca foram possíveis antes”, conta ele, que tenta proporcionar esse espaço de celebração e acolhimento com seus livros: “Os leitores querem sair do lugar comum de pessoas LGBTQIA+ que apenas sofrem e estão lidando com os preconceitos no seu dia a dia. Na literatura, meu trabalho tem sido muito disso, proporcionar a pessoas LGBTQIAP+ histórias de aquecer o coração, sem fugir de pautas importantes, mas nos dando a alegria que por muito tempo foi roubada.”

Criado na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte, Ruas propôs com Enquanto Eu não te Encontro, seu primeiro livro, uma história de amor gay e nordestina, se apropriando da linguagem das comédias românticas para criar seu universo. “O livro ressoou com muitas pessoas por trazer essa representatividade, uma história alegre, que não tem medo de ser exagerada, que usa clichês que não eram nossos, que traz protagonismo nordestino, trapalhadas, comédia.”

Pedro Rhuas vai lançar novo livro na Bienal do Rio de Janeiro. Foto: Divulgação/Olga Gonzales

Pedro Rhuas vai lançar novo livro na Bienal do Rio de Janeiro – Divulgação/Olga Gonzales

Assim como seus leitores, que anseiam por representatividade regional, o escritor sentia a distância do eixo Rio-São Paulo como um bloqueio para se ver representado e também para conseguir publicar. A oportunidade surgiu por meio de um concurso literário do grupo Companhia das Letras, o que possibilitou que ele se inserisse apesar da ausência de uma rede de contatos no mercado literário.

“É somente através desse concurso literário que encontro a possibilidade de acessar esse mercado tradicional. Do contrário, ainda é muito difícil, com a estrutura que está posta, que vozes que não sejam da Região Sudeste, sobretudo, tenham a possibilidade de enviar suas histórias e conseguir uma publicação.”

O sucesso com o público jovem adulto faz com que seus leitores estejam sempre interagindo nas redes sociais, mas o contato direto na bienal, na visão dele, é único. O próprio evento tem um sentido especial para ele, que participou pela primeira vez, ainda como blogueiro literário, após juntar dinheiro em uma vaquinha.

“É um momento muito especial em que a gente enxerga o rosto das pessoas que são apaixonadas pelas nossas histórias, ou mesmo de pessoas que vão conhecer as nossas histórias e que se sentem intrigadas a conhecê-las pessoalmente na bienal. É um momento em que a gente tira o filtro do virtual”, comemora ele, que também festeja o fortalecimento da literatura LGBTQIA+ apesar das tentativas de silenciamento.

“A bienal de 2023 é a continuidade à resposta a esse ato de censura extremamente covarde contra a comunidade LGBTQIAP+. Fico honrado em voltar ao evento ao lado de escritores LGBTQIAP+ do Brasil e do mundo, mostrando que nossa existência em espaços como a bienal é algo permanente e não mudará. Tentaram calar obras, escondê-las na bienal, mas nossas obras ganharam ainda mais espaço e ainda mais destaque. Não só na bienal, mas no espaço nacional da produção de literatura para o público jovem. Voltar à bienal e divulgar minhas obras no evento é simbólico no sentido de que minha presença reforça essa resposta”, completa.




Fonte: Agência Brasil

Bienal do Rio: literatura jovem adulta LGBTQIA+ brilha após censura


O primeiro livro de Juan Jullian (foto), Meu Querido Ex, só existia em versão digital na Bienal do Livro de 2019. O jovem escritor carioca, de 24 anos na época, tinha se autopublicado na Amazon e investido em marcadores de livros e broches de divulgação para ir em busca de leitores em todos os dias do evento. “Eu ia na fila de outros autores, hoje amigos meus, e falava: ‘você gosta do livro dele? Então, provavelmente você vai gostar do meu’.”

Os esforços dele e os de outros autores LGBTQIA+ para divulgar seus trabalhos naquele ano, porém, foram alvo de um ataque que partiu da própria prefeitura do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella determinou o recolhimento de livros com personagens LGBTQIA+, por considerar que uma história em quadrinhos de super-heróis (Os Vingadores, a Cruzada das Crianças), era imprópria, por retratar um beijo entre dois adolescentes do sexo masculino. “Livros assim precisam estar embalados em plástico preto e lacrado, informando o conteúdo”, disse na época o prefeito, por meio de nota oficial.

Fiscais da Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) chegaram a ir ao Riocentro para fazer a apreensão dos livros, mas a reação à censura fez com que todos os mais de 20 mil exemplares da HQ se esgotassem em menos de 40 minutos após a abertura da bienal. A organização da feira literária recorreu à Justiça, mas o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Claudio de Mello Tavares, decidiu a favor da prefeitura. Coube ao Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a decisão de garantir a liberdade para a feira literária, em decisão liminar que saiu apenas no dia do encerramento do evento.

Apesar de violenta, a tentativa de silenciar histórias com pessoas LGBTQIA+ em 2019 teve um efeito reverso naquele ano e nos anos seguintes. Segundo a organização do evento, a Bienal do Livro de 2019 vendeu o triplo de exemplares de obras como a HQ censurada, com personagens LGBTQIA+. Para Juan, que distribuía os broches para divulgar seu livro, a surpresa foi uma onda de leitores que o transformou em um autor best-seller. Em um único dia, foram mais de 10 mil downloads.

“Foi uma combinação dos esforços que eu vinha fazendo para a divulgação com esse momento de boom que a gente não tinha como esperar. Meu Querido Ex fez parte daquele momento. Foi um dos mais baixados naquela época e chegou a pegar o primeiro lugar no ranking geral na Amazon”, lembra o autor, que, só então, chamou a atenção de grandes editoras e passou a ser publicado pela Galera Record.

“Por conta da violência e daquele episódio extremamente homotransfóbico, meu livro chegou a espaços a que ele não teria chegado.”

Protagonistas LGBTQIA+

Juan Jullian foi autor convidado da Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2021, e volta ao evento de 2023 para divulgar sua terceira obra, Viralizou, recheada de referências à cultura pop e a tretas da internet. No enredo, uma funkeira e um jornalista de celebridades que destruiu a carreira dela se unem para sobreviver em meio a um apocalipse zumbi – ele não esconde que a inspiração foi a briga entre a cantora Anitta e o colunista Léo Dias. Assim como em seus dois livros anteriores, o protagonismo da história é de pessoas LGBTQIA+, e a proposta do autor é construir com a literatura um lugar de liberdade e celebração para a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero.

“Voltar a esse espaço [Bienal do Livro] em um lugar de protagonismo e podendo celebrar as nossas narrativas é sempre simbólico. Houve uma mudança absurda entre o perfil das mesas e autores convidados da bienal antes de 2019 e nessas duas últimas edições. O evento está ficando mais diverso, refletindo mais a pluralidade da audiência, e é bem feliz fazer parte disso”, diz o escritor.

Na bienal de 2023, marcada para o período de 1º a 10 de setembro, o escritor vai participar da mesa Mundos Paralelos, em 2 de setembro, que vai retratar como a diversidade na literatura jovem adulta vai além de falar de romance homoafetivo, e pode trazer o protagonismo LGBTQIA+ em outros gêneros, como a fantasia, a ficção científica e o terror. O público que Juan Jullian tem em mente quando escreve seus livros se parece com ele: jovem, não branco e LGBTQIA+, mas ele acredita que a literatura tem a capacidade de gerar empatia e mostrar que afetos, sofrimentos e outras questões da vida são universais.

“Antes, nos eventos, eu sempre me chocava com uma quantidade enorme de mulheres com entre 30 e 40 anos no público. Mas eu pensei: que tolo eu estou sendo. Apesar de ser a história de um menino gay e negro que quer superar um ex-namorado, é uma história sobre um coração partido. E todo mundo, independentemente de orientação sexual, sabe como é sofrer por um coração partido”, afirma. “Eu acho que a literatura tem um papel fundamental de gerar empatia. É mais fácil se emocionar com uma realidade que não é a sua ou temas que não fazem parte do seu dia a dia quando você vê em uma história do que quando você lê um artigo sobre aquilo. Você se coloca nos sapatos do personagem.”

Corpos diversos

A distopia também está no enredo de Corpos Secos, de Natalia Borges Polesso. A autora lésbica e não binária venceu o prêmio Jabuti de 2021, na categoria Romance de Entretenimento, ao retratar personagens diversos que tentam sobreviver em um Brasil pós-apocalíptico.

“Geralmente, a gente vê um fim do mundo muito hétero, com machões que vão entrar numa espaçonave e evitar um cataclisma. E eu não quero isso, eu quero pensar nas coletividades, compostas também por pessoas que são marginalizadas, pensando sua identidade de gênero e em como isso afeta o nosso viver”, define a autora, que defende uma diversidade de corpos ainda mais rica, com personagens com doenças crônicas e deficiências.

“Romances com pessoas com epilepsia, pessoas com diabetes, e outros corpos que não sejam tão normativos. A gente vive com tantos atravessamentos, tantas questões que nos fazem seres complexos. As questões de gênero e sexualidade estão enredadas – com essa palavra bonita mesmo, de enredo – com corpos não normativos, corpos distintos, pensando em recortes de raça e classe. E vejo a literatura contemporânea se preocupando cada vez mais nisso.”

É com esse ponto de vista que a autora vai participar da mesa Inventar Futuros, no dia 9 de setembro. O protagonismo LGBTQIA+ está presente em todas as obras da autora gaúcha, desde Amora. O livro rendeu outro prêmio Jabuti, na categoria Conto, com uma série de histórias de amor entre mulheres. A proposta de dar visibilidade ao amor entre lésbicas e mulheres bissexuais se mantém em Extinção das Abelhas, outra obra distópica lançada pela autora e que a aproximou de um público mais amplo.

Natalia Borges Polesso já venceu dois prêmios Jabuti
Crédito: Divulgação/Ana Reis

Autora Natalia Borges Polesso já venceu dois prêmios Jabuti – Divulgação/Ana Reis

Extinção das Abelhas tem sido amplamente lido. Já fui em grupo de psicanálise, grupo de apicultores, grupo de ecologistas, em escolas. É um livro que tem feito um caminho quase aleatório”, conta ela, que defende que a literatura com protagonismo LGBTQIA+ também é universal e pode provocar identificação em todos, mas sem que isso signifique apagamento. “Quando eu escrevi Amora, às vezes, me diziam em clubes de leitura, achando que estavam me elogiando: ‘Nossa, que lindo que é o seu livro, nem vejo que as mulheres são lésbicas. Pra mim, é sobre amor’. E eu respondia: ‘Então, você está vendo errado, porque as mulheres são lésbicas. Qual é o problema de ver isso? O que você está vendo, então?’.”

Mais que uma reação

Na sua segunda participação na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, Natalia acredita que a diversidade na curadoria do evento fez a diferença para que ele se tornasse mais inclusivo desde os ataques de 2019. “São curadores que estão prestando atenção no que está acontecendo e que não estão nos convidando só porque somos escritores LGBTQIA+, mas porque somos escritores LGBTQIA+ contemporâneos que estão sendo lidos, têm um público, estão participando de prêmios e têm uma carreira”, elogia ela.

Além da reação do evento à tentativa de censura, Natália destaca que houve uma resposta de influenciadores, leitores, jornalistas e diversas outras pessoas comprometidas com a liberdade e a diversidade na literatura. Essa resposta aconteceu durante os ataques à bienal de 2019 e depois deles, com o fortalecimento da participação de autores LGBTQIA+ no mercado.

“A comunidade leitora e o mercado editorial se fizeram presentes nessa resposta. Apesar de o nosso sistema cultural público ter sido destruído nos últimos anos, eu acho que nossa sede por cultura e por leitura só aumentou nesses últimos anos”, afirma. “É muito ruim a gente ter que reagir a uma opressão ou alguma coisa que nos agride e nos afeta, não só na nossa produção literária, mas na nossa existência. Fico contente que, nesses espaços, as pessoas que estão ali estão ligadas nisso e fazendo esses convites. Eu não gosto de pensar que isso é só uma resposta, porque isso tem a ver com nossos desejos. Não pode ser só uma resposta a uma violência.”

Finais felizes

Assim como Juan e Natalia, o escritor Pedro Rhuas entrou na programação oficial da bienal de 2021 e retorna em 2023. Rhuas, porém, também vai se apresentar como músico, já que, além de autor do best-seller Enquanto Eu não te Encontro, lançou o álbum Contador de História, que passou dos 500 mil streamings no Spotify. O autor conta que estará presente em todos os dias da feira literária, lançando seu próximo romance, que ainda não teve o título divulgado.

“É muito interessante que na literatura as pessoas LGBTQIA+ têm buscado histórias em que elas possam performar suas identidades de maneiras que nunca foram possíveis antes”, conta ele, que tenta proporcionar esse espaço de celebração e acolhimento com seus livros: “Os leitores querem sair do lugar comum de pessoas LGBTQIA+ que apenas sofrem e estão lidando com os preconceitos no seu dia a dia. Na literatura, meu trabalho tem sido muito disso, proporcionar a pessoas LGBTQIAP+ histórias de aquecer o coração, sem fugir de pautas importantes, mas nos dando a alegria que por muito tempo foi roubada.”

Criado na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte, Ruas propôs com Enquanto Eu não te Encontro, seu primeiro livro, uma história de amor gay e nordestina, se apropriando da linguagem das comédias românticas para criar seu universo. “O livro ressoou com muitas pessoas por trazer essa representatividade, uma história alegre, que não tem medo de ser exagerada, que usa clichês que não eram nossos, que traz protagonismo nordestino, trapalhadas, comédia.”

Pedro Rhuas vai lançar novo livro na Bienal do Rio de Janeiro. Foto: Divulgação/Olga Gonzales

Pedro Rhuas vai lançar novo livro na Bienal do Rio de Janeiro – Divulgação/Olga Gonzales

Assim como seus leitores, que anseiam por representatividade regional, o escritor sentia a distância do eixo Rio-São Paulo como um bloqueio para se ver representado e também para conseguir publicar. A oportunidade surgiu por meio de um concurso literário do grupo Companhia das Letras, o que possibilitou que ele se inserisse apesar da ausência de uma rede de contatos no mercado literário.

“É somente através desse concurso literário que encontro a possibilidade de acessar esse mercado tradicional. Do contrário, ainda é muito difícil, com a estrutura que está posta, que vozes que não sejam da Região Sudeste, sobretudo, tenham a possibilidade de enviar suas histórias e conseguir uma publicação.”

O sucesso com o público jovem adulto faz com que seus leitores estejam sempre interagindo nas redes sociais, mas o contato direto na bienal, na visão dele, é único. O próprio evento tem um sentido especial para ele, que participou pela primeira vez, ainda como blogueiro literário, após juntar dinheiro em uma vaquinha.

“É um momento muito especial em que a gente enxerga o rosto das pessoas que são apaixonadas pelas nossas histórias, ou mesmo de pessoas que vão conhecer as nossas histórias e que se sentem intrigadas a conhecê-las pessoalmente na bienal. É um momento em que a gente tira o filtro do virtual”, comemora ele, que também festeja o fortalecimento da literatura LGBTQIA+ apesar das tentativas de silenciamento.

“A bienal de 2023 é a continuidade à resposta a esse ato de censura extremamente covarde contra a comunidade LGBTQIAP+. Fico honrado em voltar ao evento ao lado de escritores LGBTQIAP+ do Brasil e do mundo, mostrando que nossa existência em espaços como a bienal é algo permanente e não mudará. Tentaram calar obras, escondê-las na bienal, mas nossas obras ganharam ainda mais espaço e ainda mais destaque. Não só na bienal, mas no espaço nacional da produção de literatura para o público jovem. Voltar à bienal e divulgar minhas obras no evento é simbólico no sentido de que minha presença reforça essa resposta”, completa.




Fonte: Agência Brasil