Poluição faz Rio Tietê formar espuma em cidades do interior


Cidades do interior do estado de São Paulo cortadas pelo Rio Tietê voltaram a registrar nesta semana a formação de uma espessa espuma branca sobre as águas do rio. Uma das cidades mais atingidas é Salto, onde a espuma chegou a tomar quase que a totalidade do curso d’água nas proximidades da cachoeira que dá nome à cidade.

De acordo com a diretora de Políticas Públicas do Instituto SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, a espuma é causada pelos fosfatos e fósforo presentes em produtos biodegradáveis domésticos como o sabão, detergente, saponácio, pasta de dente e shampoo, despejados em grande quantidade no esgoto da região metropolitana da cidade de São Paulo.

O Rio Tietê, que corre no sentido do interior, carrega esses produtos em sua água. Nas cidades com corredeiras ou cachoeiras ocorre a formação de espuma espessa em razão da agitação e consequente oxigenação da água. A concentração dos produtos é maior na atual época do ano, quando o rio está com menor volume de água, devido a pouca quantidade de chuvas.

“Você imagina 22 milhões de pessoas da região metropolitana de São Paulo usando esses produtos. O sistema de tratamento de esgoto não trata isso. Trata matéria orgânica, fezes e urina. Então esses componentes biodegradáveis, que são ricos em fosfato, eles se concentram na água”, destaca.

Segundo Ribeiro, a espuma que sai da água carrega com ela demais poluentes do rio e pode ser perigosa para os moradores das suas proximidades. “As pessoas podem respirar os poluentes na forma de espuma e então se contaminar com bactérias e outros poluentes que estão na água e que vem com essas espumas. Por isso que se fala já há algum tempo que essas espumas são tóxicas”.

A diretora do SOS Mata Atlântica ressalta que a situação deve ser combatida na origem, ou seja, no controle da quantidade de fósforo e fosfatos permitidos nos produtos. “O que outros países fizeram que a gente não faz? Combater o problema na origem, diminuindo, com normas e resoluções, a concentração de fósforo e fosfato dos produtos biodegradáveis”. “Nossa legislação já fez essa redução de algumas décadas para cá, porém, com as mudanças climáticas, a gente precisa rever essa resolução de novo”, acrescenta.

A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo disse em nota que trabalha em conjunto com os municípios paulistas para melhorar a condição do rio. “A previsão é que, até 2026, sejam investidos R$ 5,6 bilhões na ampliação da rede de saneamento básico, desassoreamento, gestão de pôlderes [muros de contenção, diques], melhorias no monitoramento da qualidade da água, entre outras medidas que irão ampliar a qualidade do rio na região de Salto e ao longo de toda a sua extensão”.

A pasta disse ainda que os episódios de formação de espuma ocorrem por conta de parcelas de esgotos urbanos ainda não adequadamente tratados, oriundos de municípios localizados antes da cidade de Salto, na bacia do Alto Tietê.

A prefeitura de Salto informou que monitora a situação do rio e orienta a população a evitar se aproximar do rio, principalmente quando estiver com espuma. “A poluição afeta, além do meio ambiente, notadamente a fauna silvestre que depende do rio, o turismo e a economia da cidade. Ressalte-se ainda, que essa é uma poluição para a qual Salto não dá causa, uma vez que Salto trata quase 100% do esgoto, mas, assim como todas as cidades do Médio Tietê, recebe o rio em péssimas condições”.




Fonte: Agência Brasil

Com celebração festiva, Teatro Oficina recebe velório de Zé Celso


Com as portas abertas e uma multidão de pessoas, o Teatro Oficina se prepara para a última despedida de José Celso Martinez Corrêa. Despedida que é feita com muito choro de saudade, mas também com muitos abraços, festa, música, dança, palmas e diversas folhas, que balançam no ar seguindo o movimento das mãos. Nesta quinta-feira (6), o Bixiga, tradicional bairro da capital paulista onde está localizado o teatro, se despede de um dos maiores nomes da cultura brasileira. O ator e dramaturgo Zé Celso, 86 anos, morreu em consequência de um incêndio que atingiu o apartamento dele. 

As redes sociais do Teatro Oficina informaram que o velório terá início às 23h e seguirá até as 9h desta sexta-feira (7). O rito será aberto ao público e serão organizadas filas para possibilitar a entrada de todos que desejarem no teatro. A Rua Jaceguai ficará fechada para a passagem de carros e um telão foi montado na rua.

A despedida ocorre da forma como Zé Celso vivia: cercado de amor e espalhando alegria. No início desta noite, ainda esperando pela chegada do corpo do diretor, amigos e atores do Oficina organizaram um grande cortejo pelo palco, o qual foi concebido pela arquiteta Lina Bo Bardi. Palco esse que inovou a concepção de teatro ao colocá-lo no centro, como se fosse um corredor, com a plateia nas laterais, se enfrentando como se estivessem em um ringue. “O cenário no ringue representa a metáfora da luta”, dizia Zé Celso sobre a premiada arquitetura do teatro.

Homenagens

O cortejo desta noite percorria todo o corredor do Oficina e chegava à rua, convidando as pessoas para a última homenagem ao dramaturgo. “Bixiga hoje é só arranha-céu. E não se vê mais a luz da Lua. Mas a Vai-Vai está firme no pedaço. É tradição e o samba continua”, cantavam.

A homenagem se estendeu para a rua, em frente ao teatro, onde escreveram no chão: “Zé Celso Vive!”. E também chegou pela forma de diversas flores, que foram enviadas para celebrar o grande nome do teatro brasileiro. Uma das coroas que estava no local havia sido enviada pelo casal Ana Estela e Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda.

O cantor Otto foi um dos que foram até o Oficina para homenagear o dramaturgo. “Zé Celso é uma inspiração, um mestre. O que será do Brasil sem a figura do Zé Celso, sem essa pessoa que vem há anos e anos tomando parte, influenciando, mostrando? Estamos aqui no Oficina, que é eterno, um legado muito grande. Foi uma tragédia. Mas o teatro é renovação, é esperança e celebração. Zé Celso sempre celebrou.”

Otto disse que pretende continuar a luta de Zé Celso pela construção do Parque do Bixiga, ao lado do Teatro Oficina, alvo de disputa com o apresentador Silvio Santos, que é o dono do terreno. “Estamos juntos com os meninos do Oficina e vamos lutar pelo Parque do Bixiga”, declarou.

Para ele, o legado de Zé Celso passa pela “arte, pela verdade, pela democracia, pela existência, pela celebração da vida e pela justiça social”.

Saudade

Quem também esteve hoje no Teatro Oficina e recebeu muitos abraços e afeto foi o ator Ricardo Bittencourt, que esteve com Zé Celso no apartamento no momento do incêndio. “Está todo mundo lamentando e eu também lamento a perda desse artista inigualável. Mas eu perco meu irmão, eu perco a minha casa, o meu lar. Minha amizade com o Zé e o Marcelo (Drummond, marido de Zé Celso) é coisa de 35 anos, mas com muita intimidade”, contou.

Ele lembrou o diretor como referência de família. “Eu perco a minha referência de família mais forte, meu lugar no meu mundo. Desde que a minha mãe morreu, meu lugar no mundo era a casa do Zé e do Marcelo. Minha dor é a dor de família. Eu perco um irmão, meu grande irmão”, disse ele.

Incêndio

À Agência Brasil, Bittencourt contou como foi o momento durante o incêndio. “Eu estava dormindo no meu quarto e acordei com a impressão de que o céu de São Paulo estava no meu quarto. Fiquei olhando e não entendia aquela fumaça. Achei que estavam queimando lixo na rua. E quando saí do quarto, e cheguei na sala, havia mais fumaça e estava mais escuro. O apartamento era conjugado. Eu olhei e comecei a ver uma coisa parecida com fogo, uma coisa escura”, relatou.

Ele encontrou Zé Celso já sendo levado por outro amigo. “Fui andando e vi um corpo no chão, muito queimado, o [também ator] Victor [Rosa] puxando [esse corpo]. E eu associei que era o Zé, mas eu não realizei na hora. Eu sabia, mas ao mesmo tempo não sabia. Não sei o que aconteceu comigo. Não consegui ter uma interpretação. Aquelas imagens não faziam sentido. E comecei a andar por esse espaço e fui vendo que era fogo mesmo. Fui então na porta do apartamento e vi que o prédio estava uma loucura, as pessoas correndo, gritando”, contou.

Em um dos momentos dessa intensa correria, Zé Celso estava no hall que dava para o elevador, deitado. “O Zé me pediu a mão e eu fui para o chão e fiquei segurando a mão dele por um tempo. E começou a cair alguns pedaços de teto na minha cabeça. Eu olhava para aquilo e comecei a pensar no meu filho. Segurei a mão dele e, nesse momento, os Bombeiros vieram, me levaram pela escada e então não vi mais o Zé, porque me colocaram em uma ambulância e o Zé foi para outra.”

Marcelo contou que ficou internado por ter inalado fumaça. E disse acreditar que o incêndio tenha começado com o aquecedor que havia no quarto de Zé Celso. “No quarto dele, não havia nada além desse aquecedor. No corredor havia muitos materiais como livros e cadernos. Parte desses cadernos, que não chegaram a ser digitalizados, foi perdida. Mas ainda não temos noção do que foi perdido”.

Estes foram os últimos momentos que Ricardo teve com Zé, mas ele prefere ter como última lembrança do amigo o que ocorreu antes do incêndio. “A gente tinha o hábito de jantar juntos todos os dias. O Marcelo dorme mais cedo, mas eu sou uma insônia eterna, e o Zé também. A gente tinha o hábito de jantar entre 2h e 3h da manhã. E, nesse dia, a gente estava tomando um sorvete de cupuaçu, que ele amava”, lembrou. Nesse jantar, a última conversa que tiveram foi sobre um telefonema feito pela cantora Daniela Mercury, que deixou o dramaturgo imensamente feliz.

Segundo ele, a cantora falou sobre um projeto para editar as obras de Zé Celso. “São dezenas de peças que nunca foram publicadas. E o Zé sempre quis publicar. Essa era uma luta nossa. E a Daniela tinha conseguido isso”, contou. “Brindamos [a essa notícia] com sorvete de cupuaçu”.

Ricardo conta que Zé Celso foi dormir feliz com a notícia. “No dia seguinte a gente ia começar a agilizar essa coisa que ele estava querendo há muito tempo, que era publicar suas obras.”

Outra lembrança que ele guarda do amigo, e que considera como a maior homenagem já feita ao dramaturgo, foi o casamento dele com Marcelo Drummond, que ocorreu há exatamente um mês, no dia 6 de junho. “Estavam todas as pessoas da vida dele. Zé fez a triagem de toda a lista dos convidados. Foram as pessoas que ele quis. Acreditamos que tenha dado quase 500 pessoas e todas se despediram dele assim – e ele todo feliz. Ele chegou a dizer que foi a grande noite da vida. Essa grande homenagem aconteceu em vida”, disse, emocionado.




Fonte: Agência Brasil

Amazônia tem redução de 33% em áreas sob alerta de desmatamento


Após cinco anos consecutivos de alta, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia teve queda de 33% no primeiro semestre de 2023, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Os números são considerados preliminares e foram coletados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora alterações na cobertura florestal.

Segundo o secretário executivo do ministério, José Paulo Capobianco, a redução é importante por reverter a tendência de alta que era contabilizada no segundo semestre de 2022, quando houve aumento de 54% na área sob alerta de desmatamento na Amazônia.

Considerado um dos meses de maior risco de desmatamento por estar no período seco, junho deste ano teve uma queda de 41% na área sob alerta, se comparado a igual mês do ano passado.

“Esse número é importante porque estamos em uma época com uma incidência de nuvens menor na Amazônia. Isso quer dizer que os dados têm um grau de assertividade muito maior do que períodos mais chuvosos. É um número com maior confiança de que o satélite conseguiu ver o desmatamento. E é muito importante também porque representa uma queda expressiva em um mês em que ocorre aumento do desmatamento ao longo da série histórica.”

Apesar disso, a queda ainda não garante que haverá diminuição no balanço anual das áreas sob alerta de desmatamento. Esse levantamento é contabilizado entre 1º de agosto de um ano e 31 de julho do ano seguinte, o que faz com que os seis últimos meses do governo anterior ainda sejam levados em conta nos dados que serão divulgados de forma definitiva em novembro deste ano.

“Esse número significa dizer que o esforço de reverter a curva de crescimento foi atingido. Nós revertemos. O desmatamento não está em alta. Se vamos conseguir uma redução neste semestre que compense a herança do semestre anterior e do governo anterior, não sabemos, porque vai depender do resultado de julho”, disse o secretário.

O balanço apresentado também mostra que Mato Grosso superou o Pará como estado com maior área sob alerta de desmatamento, com 34% do total contabilizado. O estado contrariou a tendência regional e teve aumento de 7,1% na área sob alerta de desmatamento no primeiro semestre de 2023.

“O Mato Grosso será objeto de ações muito importantes e parcerias”, prometeu o secretário.

Capobianco avaliou que a queda no desmatamento está ocorrendo nos estados da Amazônia como um todo, e não apenas em algumas regiões. No Amazonas, a redução da área sob alerta chegou a 55,2% no primeiro semestre deste ano, o que foi resultado de uma ação concentrada do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), especialmente na parte sul do estado.

Em Rondônia, a diminuição proporcional do desmatamento foi de 55,8%. E no Pará, de 32,6%.

O levantamento apresentado mostrou que 50% dos registros se concentram em 20 municípios considerados altamente críticos para o desmatamento. Entre eles, sete estão em Mato Grosso, seis no Pará, seis no Amazonas e um em Rondônia.

Alerta em alta no Cerrado

Diferentemente da Amazônia, o Cerrado teve aumento de 21% na área sob alerta de desmatamento no primeiro semestre de 2023, segundo o Deter/Inpe. Apesar dessa alta acumulada no primeiro semestre, o mês de junho teve queda de 14%, o que pode indicar o início de um declínio após um mês de maio que registrou alta de mais de 80% no alerta de desmatamento na região.

“O Cerrado já tinha entrado como um alerta importante, e agora esses dados mostram que a ação no bioma se tornou tão urgente e importante quanto na Amazônia, e é algo que está sendo desenvolvido com muita intensidade”, destacou Capobianco.

No caso do Cerrado, 81% do desmatamento está concentrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia, conhecidos como região Matopiba. Entre eles, o maior peso está na Bahia, que concentra 28% das áreas sob alerta no bioma.

Fiscalização

Na apresentação dos dados, o Ibama complementou que o número de autos de infração neste semestre subiu 166% na Amazônia, com a aplicação de R$ 2,3 bilhões em multas, em 3.341 autos de infração. Já no Cerrado, foram 417 autos de infração, com R$ 113,8 milhões em multas.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por sua vez, aplicou 1.141 autos de infração na Amazônia no primeiro semestre, o que representa um aumento de 348% sobre a média dos primeiros semestres dos quatro anos anteriores, com R$ 125 milhões em multas. Já no Cerrado, foram 56 autos de infração e R$ 13,4 milhões em multas, números muito menores devido à menor presença de unidades de conservação no bioma.

Juntos, os dois órgãos de fiscalização apreenderam mais de 6 mil cabeças de gado em área de desmatamento ilegal na Amazônia.

Decisão política

Brasília (DF), 06/07/2023 – A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante coletiva de imprensa, fala sobre desmatamento florestal na amazônia. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva fala sobre desmatamento na Amazônia – Valter Campanato/Agência Brasil

Ao abrir a apresentação, a ministra Marina Silva destacou que os resultados positivos obtidos na Amazônia são fruto de recursos intangíveis e tangíveis, sendo esses últimos as equipes, orçamento e capacidade de implementação das decisões políticas tomadas.

“Tem os recursos intangíveis, que é a decisão de o presidente Lula assumir na campanha, após a campanha e como uma política de governo a continuidade da ideia de que a política ambiental brasileira será uma politica transversal”, disse. “A decisão política de fazer um enfrentamento da questão da mudança do clima e do combate ao desmatamento, para alcançar desmatamento zero até 2030. Isso é intangível, mas altamente potente.”

A ministra disse que os decretos assinados por Lula já no primeiro dia de governo começaram a recuperar as atribuições e competências dos órgãos de controle ambiental, revertendo o apagão institucional que se estabelecia no setor.

“Isso dá autonomia para que pudéssemos ter uma equipe que sabe o que fazer, como fazer e quando fazer. Ter essa equipe técnica é algo que faz a diferença para que a gente possa fazer o enfrentamento de questões tão relevantes.”




Fonte: Agência Brasil

Mulheres negras são mais expostas ao racismo ambiental, diz quilombola


As mulheres quilombolas são mais vulnerabilizadas aos efeitos das mudanças climáticas e da falta de políticas públicas. A opinião é da secretária-executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Selma Dealdina.

A indiferença com as comunidades tradicionais pode ser chamada de “racismo ambiental”, segundo explica. Ela vai tratar do tema no Festival Latinidades, nesta sexta (7), às 10h, no auditório 2 do Museu da República, em Brasília. O evento conta com o apoio da Empresa Brasil de Comunicação EBC.

“Os homens saem para as grandes cidades para trabalhar, enquanto que as mulheres ficam para cuidar da roça. São mais vulneráveis aos efeitos das mudanças de clima. Ainda são invisibilizadas no papel de quem deve cuidar da família e do campo”, afirma. Ela avalia que o Latinidades é uma realização que garante discussão de visibilidade das demandas das mulheres negras. “É um debate importante do clima ao racismo ambiental”, opina.

A coordenadora de Justiça Racial e de Gênero na Oxfam Brasil, Tauá Pires, que também estará presente no Latinidades, entende que a responsabilidade das mulheres nas comunidades tradicionais excede o campo do trabalho.

Ela destaca que as mulheres têm uma liderança fundamental. Não somente na questão do trato da terra, mas na dinâmica social, já que uma comunidade quilombola se organiza de uma forma diferente do que ocorre em centros urbanos. Na lógica comunitária, a terra não pertence a uma pessoa, mas às famílias.

Para a pesquisadora, o que está em jogo não é só o desmatamento ou a derrubada da floresta. “Mas é também como os recursos naturais são preservados e  utilizados para o bem social”, observa.

Nesse sentido, o racismo ambiental é um fato. “Quando a gente observa as pessoas que moram nesses territórios, são em sua maioria não brancas. A gente está falando de comunidades tradicionais com maioria negra e mais atingidas pelas emergências, como enchentes e secas”, enfatiza.

Responsabilidade

Ela identifica que são as mulheres que assumem maior responsabilidade comunitária e familiar porque cuidam, por exemplo, dos mais velhos e das crianças. “Então o racismo acaba atingindo de maneira diferente as mulheres”, opina.

Nesse sentido, Selma Dealdina salienta que as comunidades quilombolas buscam – a partir do exemplo das pessoas mais velhas – explicar diariamente a necessidade da preservação da natureza. “A gente tem que tentar sobreviver e enfrentar a invasão do agrotóxico, do desmatamento, das queimadas…”.

Afinal, as comunidades que vivem da agricultura familiar devem assimilar o cuidado como prática viva. Segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 6,5 mil comunidades quilombolas em 24 estados do país.

É possível, segundo Selma, constatar o racismo ambiental nas demonstrações de injustiças nas proximidades de comunidades dos quilombolas.

“Por que alguém coloca um aterro sanitário no território quilombola? Ou uma linha de energia elétrica sem beneficiar a comunidade? Ninguém coloca um gasoduto cortando a fazenda de um grande fazendeiro ou em um latifúndio brasileiro. Isso é racismo”, exemplifica.

Resistência ambiental

Os grupos quilombolas, diz Selma, são espaços de resistência. “Na minha comunidade (na cidade de São Mateus, no Espírito Santo), o rio secou. Minha família não parou de plantar e a água voltou a aparecer”. Foi plantando a bananeira às margens do Rio Angelim e o rio reapareceu.

“Hoje, as pessoas podem pescar e as crianças podem tomar banho”, comemora Selma. Ela contextualiza que as mudanças climáticas afastaram os mais jovens do trabalho no campo, inclusive com o avanço das plantações de eucalipto nas cercanias de comunidades quilombolas.

“Entendo que a gente precisa discutir como incentivar os jovens a ficar na roça e com possibilidade de geração de emprego e renda. Esse é o nosso grande desafio”, opina. Ela testemunha que houve, no campo, uma mudança de comportamento das chuvas.

Para a coordenadora da Oxfam Brasil, Tauá Pires, as comunidades quilombolas oferecem exemplos de práticas ambientais. A pesquisadora diz que a resistência passa pela influência da mulher.  “Os povos e comunidades tradicionais, na verdade, fazem um trabalho de preservação não só da floresta, mas da própria vida. Estão ajudando para que a situação não fique pior”, finaliza.




Fonte: Agência Brasil

Festival Latinidades começa em Brasília com bênçãos ancestrais


“O mais velho chegou, T’ojú Labá pede agô, chama o povo pra ver o afoxé de Ogum Megê!” Este foi o canto entoado pelos integrantes negros do Afoxé Ogum Pá, na bênção ancestral que marcou a abertura do 16º Festival Latinidades Festival de Mulheres Negras, Latino-Americanas, do Caribe e Diáspora Negra, nesta quinta-feira (6), em Brasília. O cortejo espalhou água de cheiro pelo percurso, dentro do Museu Nacional da República, e fez a plateia dançar e orar. 

Em 2023, o lema é “Por um futuro que respeite a ancestralidade, a Mãe Terra e os direitos ancestrais de negros e indígenas”. Nesta edição, pela primeira vez, o festival ocorrerá em quatro capitais: começa em Brasília e segue para o Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador entre 6 e 30 de julho. A iniciativa conta com o apoio da Empresa Brasil de Comunicação – EBC.

A Mãe Dora ty Oyá, líder de uma casa de candomblé no Distrito Federal, abriu os caminhos na cerimônia de instalação do evento e jogou água de cheiro em direção aos presentes até chegar ao palco. A baiana, que mora em Brasília desde a década de 1970, quis passar uma mensagem com o ritual. “Estamos falando de mulheres negras, do empoderamento de mulheres. Para a gente, é muito importante, interessante, prazeroso e bonito. O público ouviu uma percussão boa, uma pessoa com voz bonita e músicas maravilhosas que falam da nossa religiosidade, de nossas lutas, do nosso empoderamento”, destacou.

Brasília-DF - 06.07.2023 - Apresentações artísticas do grupo Afoxé Ogum Pá, durante abertura do Festival Latinidades 2023. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Grupo Afoxé Ogum Pá participou da abertura do Festival Latinidades 2023, em Brasília. Foto Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Oração

Representando os povos originários do continente americano, a liderança indígena do território Araribóia, Cíntia Guajajara, chamou os ancestrais em quatro cantos de oração. Descalça no palco do festival, empunhando um chocalho e enfeitada com adornos coloridos, Cíntia pediu proteção na reza.

A liderança relembrou que seus ancestrais já tinham conexão com o criador de todas as coisas. “Antes da chegada dos europeus, do catecismo, da chegada do evangelismo nas comunidades indígenas, os povos indígenas já tinham religião própria, já tinham forma de conectar com o criador, de pedir a proteção, de fazer as rezas. E aqui eu fiz e pedi bênçãos a vocês”, explicou.

Criado em 2008, o festival faz parte do chamado Julho das Pretas, que comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha – 25 de julho. No Brasil, a data também homenageia a resistência da heroína negra Tereza de Benguela, liderança quilombola do Quariterê, localizado na fronteira entre Mato Grosso e Bolívia. Tereza de Benguela é considerada exemplo de força e de organização para mulheres que sobrevivem às sequelas da colonização europeia.

O Festival Latinidades é realizado pelo Instituto Afro-Latinas. A diretora do evento, Jaqueline Fernandes, reivindicou o bem viver das mulheres negras, latinas e caribenhas. “Enquanto o bem viver não for para todas as pessoas, não é viável. O bem viver pressupõe equidade de gênero, raça, luta antirracista, a contraposição ao modelo exploratório da natureza e dos seres humanos. Também é uma cosmovisão indígena, que se encontra com pensamentos e com formulações de mulheres negras. Cada vez mais o festival toma a parte da América Latina para se contrapor a esse sistema capitalista exploratório e predatório”, assegurou.

Em 2023, o festival homenageia Verônica Braga, popularmente conhecida como Vera Verônica, a primeira rapper do Distrito Federal. Em meio às comemorações dos 50 anos da cultura hip hop no mundo e 44 anos no Brasil, a artista ressalta que sua música é voz ativa contra o racismo e machismo há 31 anos. E que o Festival Latinidades ajuda a ecoar os manifestos.

“O Festival Latinidades surge na urgência de nós, mulheres negras, termos voz, de poder falar, consumir nossas roupas, nossos cabelos, nossa cultura, nossa alimentação. Esse festival traz a ancestralidadee a cultura de matriz africana. Hoje, o Festival Latinidades é referência mundial”, frisou.

Contra o racismo

Na plateia do auditório do Museu da República formada, principalmente por mulheres, sentaram-se pessoas de diversas idades. A pedagoga e mestre em Educação, Janaína da Silva, levou ao  evento a filha mais velha, de 11 anos, Dandara Luana da Silva, e explica o motivo de, como mãe negra, educar os dois filhos contra o racismo.

“Infelizmente, como mãe negra, eu não ensino meus filhos somente sobre como escovar os dentes, como se comportar na sociedade e a importância dos estudos. Eu também tenho que ensinar como que eles vão identificar e também se proteger contra o racismo e preconceito. Na minha casa, a gente fala sobre a questão racial o tempo inteiro”, revela.

A pedagoga destacou a importância de conhecer suas origens e de estar entre as pessoas que considera como suas. “Com respeito à ancestralidade, a gente tem que valorizar os que vieram antes porque eles abriram caminhos. A gente, agora, está perpetuando e continua lutando para que os resultados realmente apareçam efetivamente para a nossa população”, disse.

A filha Dandara Luana compreende a mensagem repassada. “Pesquiso sobre a cultura negra com a minha família e na internet e eu acho isso muito importante,” relatou.

A angolana Petra Percheiro, que há sete anos mora no Brasil, foi ao festival com a filha brasileira de um ano e um mês e justificou: “Eu quero que ela tenha, desde pequena, o contato com o nosso povo, contato com as histórias, pois ela está aqui como ouvinte e observadora.”

O Festival Latinidades 2023 segue até domingo, em Brasília. A programação completa está disponível no site. São debates, palestras, oficinas, vivências, painéis, conferências, lançamentos literários, rodada de negócios, desfiles e apresentações de dança, teatro e música. As inscrições para as atividades são gratuitas.




Fonte: Agência Brasil

Confira galeria de imagens de Zé Celso


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Veja na galeria abaixo algumas imagens da carreira de Zé Celso Martinez, um dos mais revolucionários dramaturgos do Brasil. Zé Celso morreu na manhã desta quinta-feira (6), após um incêndio ter atingido o apartamento em que morava.




Fonte: Agência Brasil

Campanha do Agasalho arrecada doações de roupas e cobertores neste sábado, no Parque do Povo, em Presidente Prudente



Ponto de coleta será na Avenida 14 de Setembro, 2.128, e funcionará das 15h às 20h. Um mutirão no formato de drive-thru destinado à arrecadação de doações de peças de roupas e cobertores para a Campanha do Agasalho será realizado neste sábado (8), das 15h às 20h, no Parque do Povo, em Presidente Prudente (SP).
O ponto de coleta será em frente a um estabelecimento comercial localizado na Avenida 14 de Setembro, 2.128.
O chamado “Pit Stop da Solidariedade” é promovido pelo grupo de voluntários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), com o envolvimento do Fundo Social de Solidariedade e da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil.
Podem ser doados agasalhos, cobertores, gorros, cachecóis, meias e luvas em bom estado de conservação, os quais serão destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade social e entidades assistenciais.

Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.




Fonte: G1

Tinder terá canal em português para facilitar investigação de crimes


O Grupo de Atuação Especializada do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e o aplicativo Tinder fecharam acordo para que a plataforma implemente um canal de comunicação em língua portuguesa, funcionando 24 horas por dia e sete dias por semana, para atender a autoridades policiais, promotores de justiça e juízes de direito.

O canal deverá entrar em funcionamento na próxima segunda-feira (10). De acordo com o MP, a ferramenta facilitará a solicitação de dados da plataforma e o envio de informações relativas a ordens judiciais.

“O objetivo é viabilizar respostas mais rápidas a requisições relativas a dados associados à localização de vítimas de crimes em andamento e de agentes criminosos responsáveis pela sua prática, observados os parâmetros fixados no Marco Civil da Internet e na legislação correlata”, disse o MP, em nota.

O aplicativo tem sido utilizado para o chamado “golpe do Tinder”. Nele, pessoas à procura de um relacionamento acabam sendo sequestradas ou extorquidas. Suspeitos criam perfis falsos e marcam encontros em locais propícios para o crime. De acordo com a polícia, os criminosos costumam observar usuários que ostentam alto poder econômico nas redes sociais e marcam encontros abordando as vítimas em ruas desertas.

Uma forma de se proteger é evitar vincular o perfil no aplicativo de relacionamento com as outras redes sociais como Facebook e Instagram, e também não aceitar encontros em locais ermos.




Fonte: Agência Brasil

Processos seletivos abertos pelo IBGE têm mais de 20 vagas no Oeste Paulista; salários passam dos R$ 3 mil




Inscrições seguem até o dia 19 de julho, com uma taxa de R$ 42,20 para ambos cargos. Censo do IBGE visitou 5.568 cidades brasileiras
Tânia Rego/Agência Brasil
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) abriu inscrições para dois processos seletivos, que possuem 24 vagas, ao todo, disponíveis na região de Presidente Prudente (SP), para os cargos de Agente de Pesquisas e Mapeamento (APM) e Supervisor de Coleta e Qualidade (SCQ). As remunerações para os cargos variam entre R$ 1.387,50 e R$ 3,1 mil.
As inscrições seguem até às 23h do dia 19 de julho, pela internet. A taxa de inscrição custa R$ 42,20 para ambos cargos.
Além do valor bruto, as remunerações terão acréscimos de benefícios, como auxílio-alimentação, de R$ 658, auxílio-transporte e auxílio pré-escolar. A jornada de trabalho será de 40 horas semanais, ou seja, 8 horas diárias para os dois cargos.
Os interessados no cargo de APM devem possuir nível médio completo. O cargo de SCQ exige, além do ensino médio completo, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria B. Também há reserva de vagas para pessoas pretas e pardas e Pessoas com Deficiência (PCDs).
Veja abaixo as cidades que têm vagas disponíveis no Oeste Paulista:
Vagas no Oeste Paulista
Processo
Os processos seletivos serão compostos por prova objetiva, de caráter eliminatória e classificatório, que será realizada no dia 17 de setembro. O resultado final será divulgado no dia 23 de outubro.
A prova para o cargo de APM terá as seguintes disciplinas:
Língua Portuguesa
Matemática e Raciocínio Lógico
Ética no Serviço Público; e
Geografia.
Já a prova para o cargo de SCQ será composta por questões sobre as seguintes disciplinas:
Língua Portuguesa
Matemática e Raciocínio Lógico
Ética no Serviço Público
Noções de Informática
Noções de Administração e Situações Gerenciais; e
Geografia.
Clique aqui para ver o edital nº 03/2023 completo do processo seletivo para Agente de Pesquisas e Mapeamento, e aqui para ver o edital nº 04/2023 completo do processo seletivo para Supervisor de Coleta e Qualidade.
O que faz cada função?
Um Agente de Pesquisas e Mapeamento deve visitar domicílios e estabelecimentos de qualquer natureza, como: comerciais, industriais, agropecuários, de serviços e órgãos públicos, em locais selecionados de acordo com o tema a ser pesquisado, para a coleta de dados visando à realização de pesquisas de natureza estatística e entre outras.
O Supervisor de Coleta e Qualidade, por sua vez, deve:
organizar, planejar e executar atividades estabelecidas no cronograma de trabalho;
gerenciar os trabalhos desenvolvidos nas agências de coleta de acordo com o cronograma previsto para as pesquisas e levantamentos;
acompanhar o desenvolvimento da coleta dos dados das pesquisas e levantamentos, buscando a qualidade da informação; e
controlar a produção e a qualidade das atividades de coleta e levantamentos e entre outras.

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Fonte: G1

Motorista suspeito de matar irmãos depois de invadir contramão e chocar caminhonete contra carro segue internado e preso no Hospital Regional | Presidente Prudente e Região


Após 13 dias, o motorista, de 33 anos, suspeito de ter invadido a contramão com uma caminhonete e, embriagado, colidido contra o carro em que estavam dois irmãos, de 54 e 56 anos, que morreram em decorrência do acidente de trânsito, no km 650,400 da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), em Presidente Epitácio (SP), segue internado no Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente (SP). Mesmo hospitalizado, ele está preso sob escolta da Polícia Militar.




Fonte: G1