Desfile de 7 de setembro emociona público


A professora Jamile Demenciano, de 37 anos, se emociona ao lembrar do avô e dos desfiles de 7 de setembro que assistiam juntos quando era criança, no interior do Rio de Janeiro. Ela veio do entorno do Distrito Federal, onde mora agora, para o evento na Esplanada dos Ministérios, nesta quinta-feira (7).

“Isso é civismo, independente de questão ideológica. Meu avô é falecido e estou aqui também por ele. Eu falava pra ele que um dia ia a Brasília ver o desfile, então, pra mim, é emocionante este momento”, disse.

Este ano, o slogan da semana é Democracia, soberania e união.

Para Jamile, é um tema necessário. “Fala da paz que a gente busca e soberania do nosso país, porque sabemos que ele é lindo e é de todos os brasileiros”, disse.

O clima estava tranquilo nas imediações do desfile e foi possível circular confortavelmente. Mas quem escolheu chegar um pouco mais tarde, por volta das 8h30, reclamou da limitação de público nas arquibancadas. Muitos não conseguiram entrar e tiveram que recorrer a algum dos telões espalhados na área externa.

Brasília (DF), 07.09.2023 – O motorista José Eustáquio, 73, foi assistir ao desfile paramentado. Foto: Renato Ribeiro/Rádio Nacional

O motorista José Eustáquio, 73 anos, foi assistir ao desfile paramentado. Foto: Renato Ribeiro/Rádio Nacional

Não é o caso de José Eustáquio, motorista de 73 anos, que chegou às 6h da manhã. Morador de Taguatinga, ele estava entre a minoria de pessoas que escolheu vestir a camisa amarela da seleção brasileira de futebol. Muitos, entretanto, agitavam bandeiras do Brasil.

“Fiz questão de vir pra celebrar a democracia. Colocar a camisa verde e amarela, apoiando o governo democrático e popular que elegemos”, disse. “Deus acima de qualquer coisa, como eles diziam antes. Mas Brasil acima de tudo, a democracia juntamente com essa grandeza que é esse país e o povo brasileiro tão sofrido”, acrescentou.

Já o educador de trânsito José Maria do Nascimento, de 52 anos, não conseguiu acessar as arquibancadas. Ele veio de Fortaleza, como faz todos os anos para o 7 de setembro, e comparou o evento de hoje com o do ano passado.

“O desfile é tradicional, independentemente de política. Ano passado estava aqui, este ano novamente. Senti, ano passado, que o pessoal estava mais agitado, aglomerado; este ano está mais tranquilo. O Brasil tem que voltar a girar, como era antes. De 2020 para cá mudou muita coisa, em relação ao respeito às decisões dos outros. Quando a mulher diz ‘não’ para um homem, ele tem que aceitar. Quando as urnas deram um ‘não’, as pessoas têm que respeitar”, disse, citando as eleições presidenciais de 2022 que elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O jardineiro Derisvan Lima da Silva, de 38 anos, também sempre frequentou os desfiles cívicos na Esplanada, exceto nos últimos quatro anos. Agora, em 2023, ele disse que sentiu seguro novamente e trouxe a filha Lorena, de 4 anos.

“Me sinto feliz onde estou hoje. Eu me sinto mais seguro hoje, Brasília precisa dessa tranquilidade”, disse à Agencia Brasil.

A secretária Ivone Divina Marçal Dias, de 64 anos, também escolheu se vestir de amarelo e lembrou de quando assistia os desfiles com o pai, quando eles ainda aconteciam na Avenida W3, outra via do Plano Piloto.

“Hoje vim de amarelo. Essa cor é de todos nós”, disse. “Gosto de tudo, do povo, da alegria das pessoas. Não importa o que você defende, é um dia importante para todos, é a nossa pátria, a nossa liberdade e daqui pra frente só vamos querer o melhor”, acrescentou.

Muitas famílias ocuparam o gramado da Esplanada dos Ministérios e puderam ver a tradicional apresentação da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira, que encerra o desfile e é um dos pontos altos do evento cívico. O clima era de entusiasmo com as acrobacias das aeronaves.

Ao fim do desfile, as filhas da farmacêutica Marcela Souza Machado, de 42 anos, escolheram seus momentos favoritos. Além da Esquadrilha, foram eleitos a torre humana e o desfile de alunos das escolas públicas.

Foi a primeira vez que Marcela esteve no evento e disse que pretende voltar.

“Gostei bastante. Agora, vamos caminhar e ver a exposição”, disse. Mesmo quem não acompanhou o desfile oficial, teve acesso à exposição de veículos militares, instalada na área externa do evento, no gramado da Esplanada dos Ministérios.

Cerca de 50 mil pessoas compareceram ao evento nesta quinta-feira (7), segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência. De acordo com Polícia Militar do Distrito Federal, não houve registro de ocorrências.




Fonte: Agência Brasil

Defesa nacional terá R$ 52,8 bilhões para equipamentos e tecnologias


Projetos de defesa nacional e monitoramento das fronteiras vão receber R$ 52,8 bilhões nos próximos anos, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Desse total, R$ 27,8 bilhões serão alocados até 2026 e outros R$ 25 bilhões depois desse período. 

Os investimentos do PAC serão direcionados a equipamentos aéreos, navais e terrestres, como aeronaves cargueiro, caças Gripen, helicópteros leves e de médio porte, construção de submarinos e navios-patrulha, viaturas blindadas, e implantação de sistemas de controle de faixa de fronteira. Segundo o Ministério da Defesa, atualmente, o setor representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera 2,9 milhões de empregos, diretos e indiretos.

O valor total destinado ao Eixo Defesa é considerado adequado pelo professor José Luis da Costa Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, é importante que o Brasil invista em equipamentos. “As Forças Armadas brasileiras são muito mal equipadas. Esse investimento é importante não só para a garantia da soberania territorial brasileira e profissionalização do Exército, mas também para que a gente possa desenvolver uma tecnologia na indústria da defesa, que vai gerar bons empregos”, avalia.

O Exército terá R$ 12,4 bilhões para ações de pesquisa, desenvolvimento e aquisição de equipamentos. Uma das frentes é a compra de 714 viaturas blindadas sobre rodas e sobre lagartas com sistemas de armas e comunicações. Também está prevista a compra de 10 helicópteros de emprego geral e nove veículos aéreos não tripulados, além da modernização de seis helicópteros Pantera.

Os recursos também vão servir para o desenvolvimento do Programa Estratégico Astros, que promove pesquisa, desenvolvimento e implantação de uma unidade de mísseis táticos de cruzeiro de longo alcance.

Para a Marinha, os recursos previstos para seis projetos são de R$ 20,6 bilhões.

Entre eles está a construção do primeiro submarino nuclear do país, previsto para estar concluído em 2029, além da construção do estaleiro e da base naval para esse submarino. Outros três submarinos convencionais de propulsão diesel-elétrica também estão previstos

Para Oreiro, ter um submarino movido a propulsão nuclear é importante para a defesa do Brasil. “Somos um país que tem uma enorme plataforma continental e o Brasil precisa ter uma arma de capacidade de dissuasão. Essa é a grande vantagem do submarino nuclear, ele pode ficar submerso por meses a fio e isso dá um potencial de dissuasão contra ameaça de qualquer inimigo externo”, diz.

Também está prevista a continuação das obras do Complexo Naval de Itaguaí (RJ) e a construção de 11 navios e quatro fragatas, que serão usados em ações de inspeção naval e fiscalização e para a proteção do tráfego marítimo.

As ações para a Aeronáutica terão R$ 17,bilhões. Entre elas está a aquisição e produção de 34 aeronaves de caça multiemprego (F-39 Gripen NG), para ampliar a capacidade da FAB nas tarefas de controle aeroespacial, interdição, inteligência, reconhecimento e proteção da força. Em maio deste ano, foi inaugurada a linha de produção da aeronave Gripen na fábrica da Embraer, na cidade de Gavião Peixoto, interior de São Paulo.

Outras nove aeronaves tipo cargueiro estão no orçamento. O objetivo é a realização de missões de transporte aéreo logístico em território nacional ou global, reabastecimento, evacuação aeromédica e combate a incêndio em voo.

Também estão previstos no PAC R$ 2,4 bilhões para projetos do Estado-Maior, como a compra de helicópteros leves e de médio porte, que servirão para missões de treinamento, e operações em ambientes marítimos na Marinha.

Segundo o professor Oreiro, além da importância do ponto de vista do desenvolvimento econômico, o investimento na Defesa é fundamental para a soberania nacional, especialmente no momento global atual. “Em um contexto de transição geopolítica e de muita instabilidade como estamos vendo, com o acirramento da rivalidade entre China e Estados Unidos, é bom o Brasil ter o mínimo de capacidade de autodefesa, coisa que no momento não temos”.




Fonte: Agência Brasil

Ato cívico-militar celebra o Dia da Independência do Brasil no Tiro de Guerra, em Presidente Prudente




Durante a cerimônia, nesta quinta-feira (7), foi realizado o hasteamento da bandeira, seguido do hino nacional e da independência. Ato cívico-militar celebrou o Dia da Independência do Brasil no Tiro de Guerra, em Presidente Prudente (SP)
Bruna Bonfim/g1
Um ato cívico-militar no Tiro de Guerra de Presidente Prudente (SP), celebrou o Dia da Independência do Brasil nesta quinta-feira (7).
A cerimônia contou com autoridades militares e políticas, membros da Ordem DeMolay, Filhas de Jó, escoteiros e população.
Conforme o subtenente Márcio Barbosa dos Santos, responsável pelo Tiro de Guerra de Presidente Prudente, a celebração do dia 7 de Setembro visa enaltecer o amor pela pátria.
“Hoje estamos comemorando 201 da independência do nosso país. É um dia muito importante para todo brasileiro, nós militares e aqui o Tiro de Guerra, que é uma escola de civismo e cidadania. Uma das coisas que a gente faz é aprender a amar a pátria”, ressaltou dos Santos em entrevista ao g1.
Durante a cerimônia, iniciada às 9h, foi realizado o hasteamento da bandeira, seguido do hino nacional e da Independência do Brasil.
Ainda conforme o subtenente, o Tiro de Guerra tinha expectativa de receber 400 pessoas durante o evento.
Natália Vieira era uma delas e disse que foi até o local para celebrar a data marcante para a pátria e comemorar junto com a população prudentina.
“Falo sobre a importância da data de hoje, que é comemorar a Independência do Brasil, mais um aniversário da Independência, mais um ano. A gente veio para comemorar, para mostrar essa importante data de hoje e a gente veio aqui para poder comemorar junto com o pessoal”, informou.
Além de comemorar o Dia da Independência, o autônomo Arnaldo Pereira também esteve no Tiro de Guerra para prestigiar o filho, que é soldado do Exército Brasileiro.
“É muito importante ressaltar e fortalecer o patriotismo do Brasil. Ressaltando todos os símbolos, bandeira, exército e todos os órgãos militares. (Vim) Para prestigiar o meu filho monitor, o Pereira. Não só porque eu sou pai dele, mas é um excelente soldado, que está cumprindo o TG e prestigiar também todos os outros que estão aqui”, informou Arnaldo.
Ainda durante a cerimônia, houve discursos do subtenente Márcio Barbosa dos Santos e do secretário municipal de cultura de Presidente Prudente, Yuri Reis.

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Fonte: G1

Carro com 20 mil maços de cigarros contrabandeados capota na Rodovia Raposo Tavares, em Presidente Epitácio




Acidente de trânsito foi registrado nesta quinta-feira (7) e o motorista do veículo fugiu. Carro com carga de cigarros contrabandeados capota, em Presidente Epitácio (SP)
Polícia Rodoviária
Um carro com carga de cigarros contrabandeados capotou, na madrugada desta quinta-feira (7), no km 654 da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), em Presidente Epitácio (SP).
Segundo a Polícia Rodoviária, uma equipe foi acionada para atender um acidente de trânsito e, após chegar no local, constatou que o carro havia capotado e ficou parado na via.
O condutor do automóvel fugiu do local e o carro transportava, no compartimento de carga e no banco traseiro, cerca de 20 mil maços de cigarros de origem estrangeira e sem documentação fiscal.
Ainda conforme a Polícia, o veículo e os cigarros foram apreendidos e o tráfego de automóveis na via não foi afetado devido ao acidente.

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Fonte: G1

Sobe para 39 o número de mortos pelas chuvas no Rio Grande do Sul


Subiu para 39 o número de mortos por causa das chuvas intensas e enchentes que atingiram várias cidades do Rio Grande do Sul. Duas pessoas morreram nos municípios de Cruzeiro do Sul e Imigrantes.

Do total de óbitos, 14 ocorreram em Muçum, nove em Roca Sales, quatro em Cruzeiro do Sul, três em Lajeado, dois em Estrela e Ibiraiaras tem duas mortes cada; e Mato Castelhano, Passo Fundo, Encantado, Santa Tereza e, agora, Imigrantes tem um óbito cada.

A Defesa Civil do estado divulgou um boletim atualizado na manhã desta quinta-feira. Nove pessoas continuam desaparecidas.

As chuvas causadas pelo ciclone extratropical inundou cidades, derrubou pontes, destruiu lojas e deixou vários estragos na infraestrutura do estado.

Nas redes sociais, um vídeo mostra quando dois homens, em um barco, passam ao lado de um grupo de porcos que se abrigou no telhado de uma casa. Em outro, aparece uma ovelha pendurada em um fio de luz.

Até o momento, 79 municípios foram afetados, deixando 2,500 pessoas desabrigadas e 3.500 desalojadas. No total, foram resgatadas 2.745 pessoas.




Fonte: Agência Brasil

Desfile de 7 de Setembro sinaliza para volta da harmonia e comemoração


A decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de colocar como tema da semana da Pátria o slogan Democracia, Soberania e União sinaliza para a volta da principal data comemorativa à temática republicana e para a harmonia, após a mudança no perfil do desfile nos últimos anos, quando a celebração do 7 de setembro foi usada politicamente pelo então presidente Jair Bolsonaro para ameaçar instituições democráticas. A opinião é de especialistas ouvidos pela Agência Brasil.

Para o professor Heraldo Makrakis, pós-doutor em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, o governo acertou ao escolher um tema que reforça o sentido de democracia.

“Todo ato cívico tem seu cunho político, no entanto, ele deve ser realizado de forma protocolar, como todo ato de governo. O que parece diferenciar a proposta atual das as anteriores, fazendo alusão ao governo Jair Bolsonaro, é que o tema dado de antemão indica ser mais republicano, porque tem um tema representando preâmbulo constitucional e não grandes discursos sobre pátria, família e Deus que são temáticas sem vínculo com um ponto protocolar da Constituição.”

O professor diz ainda que o ex-presidente usava o espaço institucional em seu benefício, alimentando a retórica de que as Forças Armadas estavam subordinadas a ele, não ao cargo que ocupava, e para atacar adversários.

“Isso é uma retórica para o seu público e foi feita, no meu entendimento, de uma forma desconcertante. Se de um lado ele afirmava que jogava dentro das quatro linhas da Constituição Federal, do outro utilizava o palanque e o momento cívico-político, que deveria ser protocolar, para destratar autoridades. Não me parece adequado e nada protocolar”, pontuou.

Ênfase na democracia

O pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, que conta com pesquisadores do Brasil, Argentina e Índia, e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Ananias Oliveira tem avaliação similar. Oliveira que pesquisa sobre militares, democracia e política, disse à Agência Brasil que a temática consolida a ideia de respeito e democracia.

“A temática escolhida para 7 de setembro é muito interessante porque dá ênfase à democracia, à soberania e à união, ou seja, o entendimento de paz e de respeito e também à soberania”, afirmou.

“A gente tem que entender que há uma concepção de democracia nossa, da sociedade civil, e a dos militares e isso tem que ser trabalhado. Esse distanciamento tem que ser feito. O que o Bolsonaro fazia era atentar contra a democracia em um dia que era para inspirar a Democracia”, completou Oliveira que apontou ainda que as ações do ex-presidente contavam com “anuência e apoio dos militares ou de militares de alta patente, das cúpulas hierárquicas”.

Oliveira considera ainda que, ao desdobrar o desfile em quatro eixos temáticos – Paz e Soberania, Ciência e Tecnologia, Saúde e Vacinação e Defesa da Amazônia –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma importante contraposição ao governo anterior, mostrando o que é “viver na democracia”.

“Acho importante o Lula fazer isso em contraposição ao que foi o desastroso governo do Bolsonaro. E essa contraposição é essencial para mostrarmos como é viver na democracia, para mostrar como é viver sem estar em estado de guerra, porque, antes, a população era sempre atacada. O que Lula faz com isso é trazer uma ideia de paz, de harmonia, entre os entes, a sociedade”, afirmou.

Doutrina militar

O historiador e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Daniel Aarão Reis considera que o tema é importante, ainda mais considerando os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que contaram com a participação de militares.

“Certamente, vamos ter uma atmosfera diferente da que prevalecia durante o governo Bolsonaro. Mas ainda penso que, no que diz respeito aos militares, a democracia brasileira precisa avançar muito no sentido de fazer com que os militares e a sociedade passem a considerar os fardados como funcionários públicos fardados, nada menos, nada mais do que isso. A ideia dos militares como anjos tutelares da República enraizou-se muito e será um trabalho de fôlego reverter isso”, disse Reis à Agência Brasil.

Para o historiador, o Brasil ainda conviverá com a sombra da tutela ou do golpismo militar enquanto a formação dos integrantes das Forças Armadas não passar por uma profunda reformulação da doutrina, ainda baseada nos resquícios da guerra fria e na ideia do “inimigo interno”.

“Precisamos começar pela reformatação dos currículos militares, condicionados ainda, em grande medida, pela cultura da guerra fria e de suas atualizações: guerra híbrida, etc. A chave de tudo encontra-se na formação dos militares, a começar pelas Agulhas Negras e pelas demais escolas de formação de oficiais. Eles são ensinados a manter esta tradição de anjos tutelares. Enquanto isso não mudar, a república democrática não se consolida”, disse.

A reformulação da doutrina também é apontada por Makrakis e Oliveira como essencial para redesenhar o papel que as Forças Armadas devem cumprir no Estado.

“Há um entendimento orgânico para o comportamento dos militares e, nos meus ensaios, ele se deve muito às doutrinas militares – como a doutrina da guerra da quarta geração [em que o inimigo não é necessariamente outra nação, podendo ser um grupo terrorista ou organizações criminosas] – e ao gerencialismo, doutrinas que, para os militares, é a realidade revelada. Então a questão é: se está na doutrina, o militar não questiona. Se está na doutrina e alguém vai dar uma palestra de que os militares são um poder moderador, ele ‘firmou doutrina’, como se diz, e isso vai fazer parte do sistema de doutrina dos militares e eles jamais vão questionar esses pontos”, refletiu Makrakis.

Oliveira aponta que o pensamento militar é condicionado para que eles se vejam como tutores da democracia, uma construção que vem desde a proclamação da República.

“O problema é que eles entendem que tem que participar quase como um quarto poder ou como um poder de tutela no projeto nacional, no projeto de país”, disse Oliveira.

“Temos que mudar a compreensão de defesa, a ideia de defesa nacional para que o lugar dos militares seja bem específico: eles são técnicos, são operacionais. Eles têm que participar ativamente e intelectualmente da concepção de parte da estratégia de defesa nacional, mas a estratégia de defesa nacional, programa, projeto de nação, são elementos do governo civil, do estado civil. Eles são a parte técnica operacional da defesa”, afirmou.

Para o pesquisador essa mudança passa pela reformulação do currículo e das escolas de formação, como a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

“Isso envolve reformular currículo da Aman, plano de estratégia de defesa com participação da sociedade civil e desmilitarizar o estado, especialmente o Ministério da Defesa. Ele é um órgão civil, mas boa parte dos cargos ainda são de militares na alta cúpula”, disse.

“A gente tem que recolocar ou colocar as Forças Armadas dentro do papel institucional que lhes cabe, mas que foi sendo precarizado nas relações entre o governo civil e os militares ao longo dos últimos anos. Quando [o ex-presidente] Michel Temer nomeia para a Defesa um general [Joaquim Silva e Luna] ele desvirtua, ataca a democracia, as instituições democráticas, porque o Ministério da Defesa é uma forma de controle civil das Forças Armadas”, concluiu Oliveira.

Atos antidemocráticos

Uma das consequências dessa politização das Forças Armadas pode ser observada, segundo Oliveira, no comportamento dos militares em relação aos acampamentos em frente aos quartéis e nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que contaram com a participação ativa de militares.

“As Forças Armadas foram negligentes de maneira proposital com os acampamentos. Acredito que o Exército não esperava um evento daquele porte, acho que eles previam que poderia acontecer alguma coisa, mas não daquele porte e daquela maneira e ficou claro que eles acobertaram os golpistas. Eles acobertaram, participaram ativamente porque protegeram e isso fez com que a sociedade percebesse eles como participantes daquele 8 de janeiro, principalmente o Exército. As cúpulas hierárquicas tentam negar, mas o fato é que deixaram terroristas em frente aos quartéis e não fizeram nada para tirá-los de lá”, afirmou.

Para Makrakis é preciso que a sociedade compreenda que o controle civil sobre as Forças Armadas é um mecanismo adotado em democracias modernas.

“As carreiras que são típicas de estado [como os militares], por essas particularidades, possuem um estatuto próprio que tem que ter mecanismos para serrem fiscalizados. Nas nações democráticas em que existe o conceito de controle civil sobre as forças militares, isso não significa civil dando ordem para os militares, isso implica justamente mecanismos para verificar se há as politicas publicas que incluem o cumprimento desse estatuto estão sendo seguidas”, disse.




Fonte: Agência Brasil

Vagas de estágio oferecem oportunidades para estudantes do ensino superior no Oeste Paulista com bolsa-auxílio de até R$ 1,3 mil




Há chances para alunos de administração, comunicação, engenharia de produção e química. Ciee disponibiliza vagas de estágio para Presidente Prudente (SP) e região
Bruna Bonfim/g1
O Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) de Presidente Prudente (SP) está com vagas abertas, nesta quinta-feira (7), para alunos dos ensinos técnico e superior no Oeste Paulista. A bolsa-auxílio varia entre R$ 600 e R$ 1,3 mil.
Há chances para as seguintes áreas:
Arquitetura e Urbanismo: alunos cursando do 4º ao 5º semestre. São 30 horas semanais e a bolsa-auxílio é de R$ 1 mil. O interessado deve residir em Presidente Prudente ou região.
Técnico em Farmácia: alunos cursando do 1º ao 5º semestre. São 30 horas semanais e o valor da bolsa-auxílio é de R$ 600. O interessado deve residir em Presidente Prudente ou região.
Química: alunos cursando do 1º ao 6º semestre. São 30 horas semanais e o valor da bolsa-auxílio é de R$ 800. O interessado deve residir em Lucélia (SP) ou região.
Administração: alunos cursando do 3º ao 6º semestre. São 30 horas semanais e a bolsa-auxílio é de R$ 900. O interessado deve residir em Adamantina (SP).
Comunicação: alunos cursando do 1º ao 6º semestre. São 30 horas semanais e a bolsa-auxílio é de R$ 900. Interessado deve residir em Presidente Prudente ou região.
Engenharia de Produção: alunos cursando do 3º ao 6º semestre. São 30 horas semanais e o valor da bolsa-auxílio é de R$ 1.130. O interessado deve residir em Regente Feijó (SP) ou região.
Administração: alunos cursando do 1º ao 7º semestre. São 30 horas semanais e o valor da bolsa-auxílio é de R$ 1.300. O interessado deve residir em Presidente Prudente.
Serviço
O Ciee solicita que os interessados fiquem atentos ao celular, pois a instituição oferece as vagas através de ligação pelo número (18) 3003-2433.
Mais informações sobre as oportunidades e as vagas também podem ser consultadas pela internet ou pelo mesmo telefone.
Em Presidente Prudente, o Centro de Integração Empresa-Escola fica no Edifício Plaza, na, Rua Francisco Gomes, nº 75, sala 705, na Avenida 14 de Setembro, no Jardim Paulistano.

Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.




Fonte: G1

Para historiador, independência criou nação fundada na escravidão


A Independência do Brasil em relação a Portugal criou uma nação “fundada na escravidão”, analisa o historiador Rafael Domingos Oliveira, que faz parte do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Afro-América. Em 1822, o então príncipe regente do Brasil, Dom Pedro I, declarou a quebra da relação colonial com a metrópole europeia e emancipou o país. A escravidão legal só séria extinta décadas depois, em 1888.

Romper com a dominação direta de Portugal exigiu, segundo o historiador, costurar acordos com os proprietários de terras que tinham a produção movida pela mão de obra escravizada. Foi essa articulação que permitiu também que o país não se fragmentasse, como aconteceu com as colônias de dominação espanhola.

“Há linhas interpretativas muito consistentes que afirmam, por exemplo, que a independência foi construída sob um pacto de manutenção da escravidão. A integridade do território dependia, em boa parte, da defesa irrestrita dos interesses da classe senhorial. Nesse sentido, a independência em relação à Coroa Portuguesa significou para a população negra escravizada mais escravidão. A nação surgiria, assim, fundada na escravidão.”, explica Oliveira, como a construção do Brasil como país independente está fortemente ligada ao modelo de produção baseada na exploração da população escravizada.

Logo após o fim da escravidão institucionalizada, o Império acabou deixando de existir, com a Proclamação da República em 1889.

Porém, o fim da monarquia não se refletiu, necessariamente, em melhorias nas condições de vida das pessoas negras. “Outros pactos das classes senhoriais e da elite se seguiriam ao longo da nossa história. Em todos eles, a população negra foi mantida na exclusão, na escassez e no genocídio”, acrescenta Oliveira.

Apesar dessas considerações, o historiador também acha importante lembrar que a declaração de independência aconteceu em um contexto de diversas revoltas populares contra a opressão que a colonização exacerbava.

“É necessário olhar com cuidado para essa perspectiva, afinal existiram muitas revoltas e tensões sociais antes, durante e após o 7 de setembro que evidenciam a importância da participação popular e dos projetos que se esboçavam no período, mesmo que todos tenham sido suplantados”, pondera.

Indígenas continuam sem terras

O historiador indígena e professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, Casé Angatu (foto de destaque acima), lembra que a emancipação do Brasil como nação também não trouxe benefícios aos povos originários, que desde 1500 tiveram os territórios invadidos pelos europeus. “Que independência foi essa? Ela foi feita por um herdeiro da corte portuguesa que não mudou o quadro existente de racismo, de genocídio e etnocídio sobre os povos indígenas e a população negra”, enfatiza.

Do mesmo modo, o professor destaca que foi mantida a desigualdade social, com a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários.

“Não alterou a situação latifundiária do Brasil. Não houve uma reforma agrária, que em outros países ocorreu”, diz sobre a uma situação que foi mantida mesmo após o fim do Império.

Estado Plurinacional

Até hoje, os povos originários ainda lutam, segundo Angatu, para terem os direitos reconhecidos no país. “A nossa verdadeira independência está para ser feita. Quando a gente fala de independência a gente fala de Estado nacional. O Estado brasileiro tem quer perceber que esse país é formado por povos. Assim como alguns estados na América-Latina já trabalham com a ideia de Estado multiétnico. Era isso que o Brasil tinha que perceber, que aqui são vários povos, que é multiétnico, plurinacional, na verdade”, diz.

Em 2009, a Bolívia fez uma reforma constitucional em que se tornou um Estado Plurinacional, como forma de reconhecer a diversidade étnica e cultural do país.




Fonte: Agência Brasil

Rádio MEC comemora 100 anos com 10 horas de programação temática


Para celebrar o centenário da Rádio MEC neste 7 de setembro, uma programação especial destaca conteúdos marcantes dos 100 anos da emissora no ar. Ao longo do dia, o público confere depoimentos de profissionais que marcaram época e trechos de programas históricos a serviço da educação e da cultura.

Com 10 horas de atrações diversificadas, a faixa temática das 8h às 18h contempla a divulgação científica, a música de concerto, os programas para a infância, as séries educativas e culturais, a literatura, o teatro, o cinema, a música popular, o choro e o jazz.

O presidente da EBC, Hélio Doyle, destaca que os 100 anos da MEC é a comprovação de que as previsões pessimistas sobre o fim do rádio não se concretizaram.

“O rádio se revitaliza, se renova. E a [Rádio] MEC, como sempre fez, continuará se adaptando e sendo um meio de comunicação relevante e de qualidade, que orgulha a sociedade brasileira e a EBC.”

O especial ainda tem a participação de mensagens de ouvintes. Os interessados podem acompanhar ao vivo no dial em rede AM e FM, no aplicativo Rádios EBC ou ainda no site da emissora pública. Clique aqui e saiba como sintonizar a emissora.

Acervo e depoimentos

A extensa programação preparada pela equipe da Rádio MEC para a data comemorativa utiliza material raro e exclusivo preservado no acervo para contar a trajetória da emissora. Cronologicamente, a produção resgata desde a iniciativa inovadora da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro até os dias atuais.

Os comunicadores que conduzem essa homenagem são Raquel Ricardo e Rui Vasconcelos. Os ouvintes poderão conferir depoimentos de produtores e apresentadores que são lembrados com carinho e seguem vivos na memória afetiva dos fãs que acompanham a Rádio MEC.

Além dos profissionais, o especial conta com depoimentos de artistas como Fernanda Montenegro, que destaca alguns dos programas sobre cinema e literatura que ela mesma apresentou na emissora. Helena Theodoro e Marlene Blois falam sobre a vocação educativa ao destacar o trabalho do Projeto Minerva. A programação infantil e a literatura ganham uma viagem histórica pelas ondas sonoras na voz de Tim Rescala, Adriana Ribeiro, Ruy Castro e Katy Navarro.

A relevância musical da Rádio MEC é lembrada ainda pelo depoimento de especialistas como Ricardo Cravo Albin, Haroldo Costa, Jota Carlos e Arthur da Távola (in memória), entre outros. Quando o assunto diz respeito aos programas de jazz, a atração retoma desde Paulo Santos, uma referência no rádio com seu Encontro com o Jazz, até o Jazz Livre!, produção contemporânea atualmente apresentada por Sidney Ferreira.

Para o gerente-executivo de Rádio da EBC, Thiago Regotto, comemorar os 100 anos da Rádio MEC tem um significado que vai além da programação especial. “Hoje, celebramos a resistência de uma emissora que passou por vários momentos da nossa sociedade, soube se adaptar, nunca se afastou do seu público e nunca perdeu seu objetivo: comunicar para educar”, disse.

Ouvintes e parceiros

A programação especial é apenas uma das iniciativas para comemorar o centenário da Rádio MEC. Neste mês, a emissora ainda é celebrada com uma ópera inédita, exposição, cerimônia de premiação e debate com ouvintes e parceiros.

Na próxima semana, nos dias 13 e 14 de setembro, o destaque é a apresentação inédita do espetáculo O Sonho de Edgard, ópera de Adriano Pinheiro. A produção será executada no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O Prêmio Rádio MEC é a atração seguinte da emissora pública. A solenidade de reconhecimento dos vencedores será realizada na Sala Cecília Meireles no dia 25 de setembro. Logo depois, nos dias 26 e 27, o Encontro de Ouvintes e Parceiros da Rádio MEC debate o presente e o futuro da emissora, na Casa da Ciência. O espaço recebe até 9 de outubro a mostra que valoriza a história de 100 anos da emissora.




Fonte: Agência Brasil

Desfiles de 7 de setembro reforçam imaginário de força


Militares, fardas, equipamentos de guerra, aviões que fazem desenhos com fumaça no ar. Assistir aos desfiles nas capitais do país, seja presencialmente, seja pela televisão, faz parte da programação de muitos brasileiros no dia 7 de setembro. Os desfiles marcam as comemorações oficiais da Independência do Brasil, praticamente desde a proclamação, em 1822, mas nem sempre tiveram o mesmo formato. Eles foram se transformando ao longo do tempo, assim como os significados que carregam e as disputas que representam.  

“Os desfiles sempre ocorreram, mas não de maneira planejada, organizada e centralizada como conhecemos hoje. Havia desfiles por diversas razões e várias motivações, mas somente a partir da República [em 1889], que começam a ter a organização mais próxima do que conhecemos hoje. Foi com Getúlio Vargas, na década de 1930, que passaram a se constituir como ato de construção cívica, com uma grande participação militar, mas também com grande participação civil, principalmente nos estados e municípios”, explica o professor emérito do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eurico de Lima Figueiredo.

Rio de Janeiro (RJ), 30/08/2023 - Entrevista com Eurico de Lima Figueiredo, professor de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Entrevista com Eurico de Lima Figueiredo, professor de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) – Fernando Frazão/Agência Brasil

O professor diz que os desfiles não são exclusividade do Brasil. A inspiração de Vargas, por exemplo, é o estadista e líder militar francês Napoleão Bonaparte. Vargas governou o Brasil em dois períodos: entre 1934 e 1945, quando o mundo passava pela Segunda Guerra Mundial, e 1951 e 1954. “Ele estava muito atento à necessidade de mantermos a integridade nacional, estava ligado à ideia de que tínhamos que cultivar nossa nação, nosso nacionalismo, até porque passa a cultivar, em relação aos Estados Unidos e Europa a ideia de que o Brasil poderia ter sua própria vontade”, diz.

Para o público nacional, era importante, segundo Figueiredo, cultivar a ideia de força.

“A ideia da força é atrativa para o imaginário. Você não se identifica com a fraqueza, você se identifica com a força. Essa força que nos representa no nosso imaginário”.

Celebrações e pompa

De acordo com a historiadora Adriana Barreto, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), os desfiles foram mudando ao longo dos anos. Segundo ela, o historiador Hendrik Kraay, que estudou a invenção do Grito do Ipiranga como dia da independência do Brasil, mostra que no ano seguinte, em 1823, a data de 7 de setembro já era oficialmente reconhecida com festejos no Rio de Janeiro.

Além disso, Barreto diz que o Condy Raguet, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, registrou que o 7 de setembro de 1823 foi celebrado na corte do Rio de Janeiro “com pompa militar, civil e religiosa”. “Mas, a gente precisa sempre ficar atento à historicidade dessas informações e fatos. Primeiro ponto: naquela época, todas as grandes festas cívicas eram celebradas recorrendo-se a elementos militares, civis e religiosos. Em todas elas, sempre tinha uma parada militar, tiros de artilharia e um Te Deum, um ofício de ação de graças. Outro ponto importante é o significado de ‘militar’ no início do século XIX”, ressalta.

Barreto explica que há um conjunto de palavras desse universo (tais como: militar, exército, forças armadas, bem como a maior parte das patentes de oficiais) que geram muitos problemas de interpretação. “Se a gente consulta um dicionário da época, a palavra militar nas primeiras décadas do século XIX só existia como adjetivo – por exemplo, “vida militar” e “ordens militares” – ou como verbo, “vitórias em que alguns militaram”. Ninguém se identificava ‘eu sou um militar’, como uma profissão. Já a palavra exército, no dicionário, tinha apenas uma definição: ‘grande número de tropas juntas’”, diz.

Dessa forma, de acordo com a historiadora, as paradas militares se referiam a um universo diferente do atual. O exército incluía as tropas de linha, as milícias e as ordenanças. As duas últimas se tratavam de cidadãos armados. As milícias ainda eram treinadas, mas as ordenanças, não. “Então, em uma “parada militar”, era possível encontrar um número grande de pessoas comuns, que exerciam vários ofícios e que, após a Constituição de 1824, foram definidas como cidadãos brasileiros”.

Comemorações e disputas

Para o professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), João Paulo Pimenta, por se tratarem de comemorações oficiais, os desfiles, atualmente, não têm um apelo popular grande, principalmente porque estão costumeiramente associados com as Forças Armadas e por terem sido utilizados pelo regime autoritário durante a ditadura militar de 1964 a 1985.

“Eles [os desfiles] são um dispositivo de identidade, de reprodução do pertencimento dos indivíduos a uma coletividade. É por isso que os desfiles continuam existindo mesmo que eles não sejam muito populares, com algumas exceções. Existem desfiles que são bastante populares no Brasil, como o 2 de Julho na Bahia, que também rememora a Independência do Brasil. Este é um desfile tradicionalmente popular, mas o 7 de Setembro, não”, diz o professor.

Pimenta observou ainda que nos últimos anos no Brasil o dia 7 de Setembro vem sendo disputado por diferentes grupos políticos e setores da sociedade. “O que aconteceu nos últimos anos é que o governo de Jair Bolsonaro manipulou numa escala pouco comum esses desfiles para o seu próprio proveito. Lembrando que em 2021 o desfile foi cancelado e ocorreu um ato em favor do então presidente e em 2022 existiu esse desfile de forma praticamente privada, de campanha de sua tentativa de reeleição”, diz.

O professor defende que há outras formas de comemorar a independência. Para isso, segundo ele, seria necessário, em primeiro lugar, diminuir progressivamente o papel das Forças Armadas no evento, podendo até mesmo eliminá-las do desfile.

“Em segundo lugar, promovendo uma série de ações nos estados, valorizando as datas locais da Independência, como na Bahia, no Maranhão, no Pará, e articular isso tudo numa agenda de comemorações. E em terceiro lugar chamar diversos setores da sociedade com o maior número possível de representação popular”.

Adriana Barreto também diz acreditar que seja necessária uma mudança na relação das Forças Armadas com as estruturas de poder. “O que vemos hoje com clareza, após essa politização escancarada das Forças Armadas [ocorrida recentemente no governo de Jair Bolsonaro], é que essa relação precisa mudar, é viciosa e se reproduz geracionalmente. As Forças Armadas são parte da burocracia do Estado. A relação não pode ser de mundos (militares e civis) apartados e em oposição. Como burocracia, e burocracia armada, ela precisa estar rigorosamente submetida ao poder civil. A relação não pode ser horizontal, menos ainda de oposição. Do contrário, a sociedade pode se tornar refém daqueles que deveriam protegê-la, de seus próprios militares”, defende.




Fonte: Agência Brasil