Dia do Evangélico: fiéis na periferia buscam acolhimento na fé


Passados 13 anos da instituição do Dia Nacional do Evangélico – lembrado nesta quinta-feira (30), conforme a Lei 12.328, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em setembro de 2010 –, a comunicação com os fiéis protestantes ainda põe à prova a capacidade do Poder Público de se comunicar com essa população e de informá-la.

A avaliação é do teólogo Marco Davi de Oliveira, pastor batista, e autor do livro A Religião mais Negra do Brasil (Editora Ultimato, 2015).

“O poder público precisa ir pra base e conversar com os pobres. Necessita se aproximar dessas pessoas, ouvi-las. Precisa aprender a linguagem”, pontua Marco Davi em entrevista à Agência Brasil, descartando estereótipos e clichês contra os crentes.

Coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Valéria Zacarias corrobora a opinião do pastor. “Todo o grupo social tem os seus códigos, tem os seus signos”, assinala ao defender “a importância e a urgência de fazer uma comunicação segmentada.”

Na opinião dele, a comunicação do poder público precisa ser mais dirigida, “como é feita, por exemplo, no carnaval”. “O governo faz campanha direcionada para a comunidade LGBTQIA+ sobre a segurança sexual, não há impedimento legal para se fazer comunicação segmentada.”

O sociólogo Paulo Gracino Júnior, professor da Universidade de Brasília (UnB) e autor de A Demanda por Deuses (Editora Uerj/Faperj, 2015), avalia que “pastoras e pastores são interlocutores legítimos da periferia” e que é preciso abrir diálogo com representantes dos fiéis e debater os problemas das comunidades nas igrejas.

Brasília (DF) 29/11/2023 – Especial dia dos Evangélicos - Sociólogo Paulo Graciano
Foto: Paulo Graciano/Arquivo pessoal

Sociólogo Paulo Gracino Júnior diz que demandas de evangélicos vão além de questões espirituais – Paulo Gracino/Arquivo pessoal

“O evangélico é uma pessoa empoderada. Eu posso conversar com ele. Ele tem demandas, não só demanda por bens espirituais. Ele tem demanda por saneamento básico, segurança, escola. Essas coisas com o tempo desarmariam a clivagem [divisão] que há entre esquerda e movimento evangélico”, opina o acadêmico, que é especializado em política e religião.

Gracino Júnior defende que haja “mais propostas” para resolver problemas apontados pelos evangélicos e “menos fisiologia”. Ele recomenda que no diálogo se abandonem preconceitos. “Tem esse problema que é a ideia de que o evangélico é irracional. Que não vai poder conversar com ele, porque ele é alienado.”

Negras e periféricas

Ainda não estão disponíveis os dados do Censo 2022 (IBGE) sobre a religiosidade dos brasileiros, o que permitiria uma visão mais atualizada sobre quem são os fiéis. A última referência de estudiosos é uma pesquisa do Instituto Datafolha, feita em dezembro de 2020. 

De acordo com o levantamento, de cada dez brasileiros, três são evangélicos. Conforme os dados apurados, os crentes são o segundo bloco religioso mais numeroso do Brasil (31% da população), atrás apenas do percentual de pessoas que se declaram católicas (50%); mas bem acima das pessoas sem religião (10%), espíritas (3%), de credos afro-brasileiros (2%), demais crenças (3%) e ateus (1%).

O instituto quantifica que a presença dos evangélicos é bastante expressiva em todas as regiões do país: 39% no Norte, 33% no Centro-Oeste, 32% no Sudeste, 30% no Sul e 27% no Norte.

No conjunto dos protestantes, as mulheres são maioria (58%) – entre os neopentecostais a presença feminina ainda é maior (69%). Os crentes são predominantemente negros (43% pardos e 16% pretos) e tendem a ser mais jovens que os católicos: 62% dos evangélicos têm menos de 45 anos, enquanto a proporção nessa faixa etária é de 48% entre os católicos.

Estratégia de sobrevivência

“A maioria absoluta dos evangelhos é mulher negra e periférica”, sublinha o sociólogo Paulo Gracino Júnior, ao lembrar que elas são as pessoas mais vulneráveis na sociedade brasileira e precisam da fé como um recurso espiritual de sobrevivência.

“Elas veem a religião evangélica como estratégia de se manter em periferias que são extremamente violentas, extremamente machistas. A igreja é um lugar [em] que a mulher pode narrar seu sofrimento. Narrar e ser ouvida.”

Brasília (DF) 29/11/2023 – Especial dia dos Evangélicos - Personagem Pastora Valdenice Rodrigues
Foto: Pastora Valdenice Rodrigues/Arquivo pessoal

Pastora Valdenice Rodrigues conta que a igreja é como se fosse sua família – Valdenice Rodrigues/Arquivo pessoal

À fala do especialista, a fiel Valdenice Rodrigues acrescenta que, além de contar suas histórias e serem escutadas, as mulheres procuram a igreja para entenderem seus problemas, para se proteger, se sentirem mais seguras e para serem abençoadas. “A igreja para mim é uma família, sabe? É onde a gente conhece outras pessoas, onde a gente se ajuda quando precisa.”

“Ali onde eu estou, as pessoas procuram muito para receber oração. Porque querem uma resposta de Deus. A maioria está com algum problema, se não é casamento ou financeiro, é algo assim. Aí procuram a igreja e pedem oração para a pastora. Ali, elas oram e recebem a benção, depois voltam para contar a benção que receberam”, conta Valdenice.

Evangélica desde o nascimento e trabalhadora doméstica, ela mora no Areal, região suburbana a aproximadamente 11 quilômetros do centro de Brasília. Aos domingos, quando a pastora presidente da sua igreja “dá oportunidade”, Valdenice é a “pastora Val” – como se identifica nas redes sociais – e prega no Ministério Todo Poderoso, da Assembleia de Deus. “O Areal é uma comunidade carente, não é classe média, a maioria aqui é do povo. Aqui é humilde”, relata.

Conservadorismo

Valdenice é contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. “Deus fez o homem e a mulher pra constituir família. Então, nesse ponto de vista aí na Bíblia é errado. Eu respeito [casais homoafetivos], mas não concordo.” Também é contra a descriminalização do uso de drogas. “O mundo hoje já está tão difícil e se liberar isso aí vai ficar mais difícil ainda.”

Mas ela relativiza alguns valores conservadores. “Claro que se a mulher casar virgem tudo direitinho, bonitinho, isso é ótimo. Mas hoje em dia, no mundo que a gente vive, isso é difícil, nós sabemos disso, né?”

Para o professor Paulo Gracino Júnior, a adesão a valores conservadores, e eventual opção eleitoral, não faz das mulheres evangélicas brasileiras pessoas fascistas. “Não dá pra gente dizer que uma mulher preta, pobre e da periferia, é fascista. Ela não é fascista e nem massa de manobra.”

Valéria Zacarias, coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, salienta que visões de mundo como de Valdenice não são exclusivas aos crentes. “É como nos tornassem responsáveis por todo o conservadorismo brasileiro. Responsáveis por todos os retrocessos que essa nação enfrenta. Tentam nos transformar, como se a gente fosse o outro da nação”, reclama.

Brasília (DF) 29/11/2023 – Especial dia dos Evangélicos - Personagem Pastor Maeco Davi
Foto: Pastor Marco Davi/Arquivo pessoal

Pastor Marco Davi diz que poder público precisa se aproximar dos evangélicos – Marco Davi/Arquivo pessoal

Em raciocínio semelhante, o pastor Marco Davi lembra que a intolerância contra outras religiões, como as afro-brasileiras, constantemente atribuída aos crentes, é muito anterior à instalação das igrejas evangélicas no Brasil. Para ele, aliás, esse tipo de intolerância “é muito mais antiga que qualquer outra.”

Contrário a qualquer discriminação religiosa, o pastor consegue perceber até semelhanças entre manifestações de participantes de cultos e de frequentadores de terreiros.

“A questão da corporeidade é muito importante para a manifestação da africanidade. Então, há utilização do corpo, essa utilização do corpo ela está no candomblé, como também está na Igreja Pentecostal. O corpo é o instrumento de adoração, o corpo é um instrumento que exala a espiritualidade. Então, isso para mim é fantástico neste país. Tomara que tenha muitas pesquisas sobre isso, porque é bonito demais”, opina Marco Davi.

Capilaridade e capital político

Duas importantes características das igrejas evangélicas são a diversidade (de denominações e filiações) e a capilaridade urbana. Em diferentes correntes, e também de forma independente, os crentes estão espalhados pelas cidades, especialmente nos locais menos valorizados.

“Os evangélicos têm essa estratégia de se dividir e de ocupar espaços. Qualquer pequena loja do subúrbio pode virar uma igreja. Então, eles têm uma conduta ativa no espaço público”, descreve o professor Paulo Gracino Júnior, que compara: “A Igreja Católica não consegue se multiplicar de forma consistente para dar conta da dinâmica urbana rápida do Brasil.” O estudioso acrescenta que outras religiões têm ritos de iniciação, o que não é exigido para frequentar igrejas evangélicas.

Presente em todas as regiões do país, e multiplicando templos nas áreas mais populosas e carentes das cidades, onde as igrejas tradicionais não se instalaram e o Estado não protege e acolhe as pessoas, as igrejas evangélicas se tornam lugares de sociabilidade, lazer e acolhimento.

Dia do Evangélico - Cientista político Leonardo Barreto. Foto: Arquivo Pessoal

Cientista político Leonardo Barreto destaca atuação dos evangélicos na área assistencial – Leonardo Barreto/Arquivo pessoal

“Muitas dessas igrejas, senão quase todas, elas têm programas assistenciais. Elas têm questões muito fortes de combate ao vício de bebida e de droga e outros problemas que enfrentam nas periferias”, assinala o cientista político Leonardo Barreto, que já prestou consultoria a partido político na formação de quadros evangélicos para disputas eleitorais. 

A extensa malha de igrejas e o imenso contingente de fiéis no país renderam capital político em sucessivas eleições às lideranças evangélicas e seus representantes. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, em 2010, a legislatura iniciou-se com uma bancada evangélica formada por 70 deputados. Em 2014, a bancada reduziu-se para 57 parlamentares na Casa. Em 2018, o número de deputados evangélicos voltou a crescer e chegou a 85.  

Nas últimas eleições, esse número caiu para 75, mas em compensação a bancada de evangélicos no Senado Federal chegou a 13 parlamentares, o maior número da história. A contagem é do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Leonardo Barreto assinala que há diferentes tonalidades nessa representação e que a bancada evangélica atua além da defesa de valores caros aos fiéis que são seus eleitores. “Eles querem transbordar para outros segmentos.”

Mais do que serem “atores de veto” contra eventuais pautas tidas como progressistas e identitárias, as lideranças evangélicas desejam se envolver mais com a agenda econômica. “Eles têm dito que são conservadores nos costumes e que são liberais na economia”, descreve Barreto.

O cientista político é categórico ao dizer que, independentemente da disputa política, a bancada evangélica defende o regime democrático. “É da natureza deles, está no DNA deles. Afinal de contas, essa ascensão ao poder acontece justamente depois de o país voltar a ter um regime democrático.”




Fonte: Agência Brasil

TV Brasil transmite ao vivo neste sábado shows do Trem do Samba


Em comemoração ao Dia Nacional do Samba, a TV Brasil vai transmitir ao vivo neste sábado (2) os principais momentos do Trem do Samba, tradicional evento da agenda cultural carioca.

A partir das 18h, flashes ao vivo acompanham a saída do trem da Central do Brasil até Oswaldo Cruz, na zona norte da cidade, onde grandes nomes se revezam nos palcos e nas rodas de samba. À noite, a partir das 21h, a emissora pública transmitirá os shows de Martinho da Vila, Fabiana Cozza e Velha Guarda da Portela.

Para acompanhar a festa, a TV Brasil montou um estúdio no local, onde serão entrevistados artistas e também o público, sob o comando da apresentadora Bia Aparecida. A transmissão estará disponível ao vivo pela televisão, no YouTube e no aplicativo TV Brasil Play.

O Trem do Samba, idealizado pelo músico Marquinhos de Oswaldo Cruz, completa 28 anos em 2023. A festa é inspirada na viagem de trem que Paulo da Portela e outros sambistas faziam no início do século 20 para fugir da repressão da polícia ao gênero musical.

O público pode embarcar no trem trocando o bilhete pela doação de 1 quilo de alimento. Em 2022, mais de 4 toneladas de alimentos foram arrecadadas para o programa Mesa Brasil, do Serviço Social do Comércio (Sesc).

Serviço

Trem do Samba 2023 na TV Brasil

Sábado, 2 de dezembro, com flashes ao vivo na programação a partir das 18h. Transmissão dos shows a partir das 21h.

Ao vivo e on demand

Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize: tvbrasil.ebc.com.br/comosintonizar.

Seus programas favoritos estão no TV Brasil Play, pelo site tvbrasilplay.com.br ou por aplicativo no smartphone. O app pode ser baixado gratuitamente e está disponível para Android e iOS.




Fonte: Agência Brasil

Motorista embriagado é preso após colidir veículo furtado em placa de trânsito, em Indiana | Presidente Prudente e Região


No local, na altura do quilômetro 436, os agentes constataram que o condutor bateu contra uma placa de sinalização. Ao consultar o sistema, foi possível verificar que o automóvel, com placas de Presidente Prudente (SP), possuía uma queixa de furto.




Fonte: G1

Samba-raiz: sambista e intérprete machadense inspira-se em show de Oswaldo Sargentelli para criar o grupo ‘Sabirú e as Mulatas’ | Presidente Prudente e Região


Atraído pela atmosfera carnavalesca, em 1979, Sabirú tornou-se presidente da escola de samba Unidos do Jardim Paulista e, na sequência, da União da Vila Jardim Paulista, ambas em Presidente Prudente. Já na década de 90, na capital de São Paulo (SP), presidiu a escola Independente da Zona Leste e deu voz à Real Grandeza, além de testemunhar a conquista do título de campeã por todas elas.




Fonte: G1

Impacto acadêmico da ciência brasileira aumento 21% de 1996 a 2022


O impacto acadêmico da ciência brasileira no mundo cresceu 21% de 1996 a 2002 de acordo com relatório da Agência Bori feito em parceria com a empresa de análise de dados Elsevier. Segundo o levantamento, o impacto da pesquisa é medido pelo número de vezes que um artigo científico é citado em comparação com outros da mesma área no resto do mundo, em determinado período de tempo, indicador conhecido como Field Weighted Citation Impact (FWCI).

Segundo o relatório, divulgado esta semana, o FWCI da ciência brasileira passou de 0,7 em 1996 para 0,85 em 2022. Já o número de artigos científicos brasileiros publicados no período aumentou nove vezes: passou de 8,3 mil em 1996 para 74,6 mil em 2022. 

“É importante notar que, apesar do gigantesco aumento da produção científica, o Brasil tem conseguido manter a média de citações de seus trabalhos, aproximando-se cada vez mais da média mundial”, destacou o cientista de dados da Bori, Estêvão Gamba.

Os dados do relatório mostram ainda que a porcentagem de artigos científicos de autores brasileiros entre os 10% mais citados no mundo teve crescimento de 5,4% em relação ao total de artigos publicados no período. A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) lideraram as instituições brasileiras com mais artigos de seus pesquisadores entre os 10% mais citados mundialmente no período de 1996 a 2022.

“Isso significa que os cientistas de instituições de pesquisa do Brasil estão publicando cada vez mais trabalhos que estão entre aqueles que têm maior impacto acadêmico do mundo”, ressaltou o vice-presidente de Relações Acadêmicas da América Latina da editora Elsevier, Dante Cid.

O relatório considerou países que publicaram mais de 10 mil artigos científicos em 2021, o que resultou em um total de 51 países analisados. Já para análise do cenário nacional, foram consideradas todas as instituições de pesquisa do Brasil que publicaram mais de mil artigos científicos também em 2021, totalizando 35 instituições.




Fonte: Agência Brasil

Fundo Brasil apoia projetos para comunidades tradicionais


O Fundo Brasil de Direitos Humanos, organização independente e sem fins lucrativos fundada em 2006, lançou nesta semana um edital para apoiar projetos desenvolvidos por grupos, coletivos e entidades que atuam na defesa dos direitos socioambientais de comunidades tradicionais. Ao menos 20 propostas serão contempladas com um valor de até R$ 50 mil.

De acordo com a organização, o edital foi elaborado levando em conta que o apoio à resiliência de comunidades tradicionais é central na luta por justiça climática. Entre as propostas selecionadas, ao menos 10 deverão ser voltadas para a Amazônia e para o Cerrado, biomas considerados fundamentais para a retenção de carbono e consequentemente para o combate ao aquecimento global.

O edital Comunidades Tradicionais Lutando por Justiça Climática está aberto desde segunda-feira (27) e os interessados poderão encaminhar projetos até 31 de janeiro de 2024. As inscrições deve ser feitas no site da organização  As propostas podem envolver temas como direito à terra, alternativas produtivas, atividades de formação, entre outros.

Serão consideradas como comunidades tradicionais os grupos culturalmente diferenciados, que se caracterizam por formas próprias de organização social e que se relacionam com seus territórios e recursos naturais como condição fundamental para sua reprodução cultural, social, econômica e espiritual. Isso inclui indígenas, andirobeiras, apanhadores de sempre-vivas, caatingueiros, catadores de mangaba, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, caiçaras, ciganos, povos de terreiro, cipozeiros, castanheiras, faxinalenses, fundo e fecho de pasto, geraizeiros, ilhéus, isqueiros, morroquianos, pantaneiros, pescadores artesanais, piaçabeiros, pomeranos, quebradeiras de coco babaçu, retireiros, seringueiros, vazanteiros e veredeiros.

O Fundo indica que essas comunidades foram bastante afetadas pelo avanço da exploração dos biomas observado no Brasil nos últimos anos, com o crescimento das ocupações ilegais e dos conflitos agrários. Além disso, observa que são também impactadas devido à sua vulnerabilidade diante das consequências das mudanças climáticas, como a seca ou o excesso de chuvas a depender da região e do período do ano.

“Apoiar os modos de vida das comunidades tradicionais é também garantir práticas sustentáveis, com preservação da biodiversidade e promoção da resiliência dos ecossistemas, em uma estratégia ampla por justiça climática e ambiental abarcada por este edital”, sustenta a organização.

Novos editais

De acordo com o Fundo Brasil de Direitos Humanos, o edital é o primeiro a ser lançado pelo Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos e Comunidades Tradicionais, linha de apoio que deverá destinar pelo menos R$ 6 milhões nos próximos 3 anos para o fortalecimento grupos, comunidades e organizações de base que atuam na defesa de seus direitos e na proteção de territórios e recursos naturais. Novas chamadas deverão ser divulgadas posteriormente.




Fonte: Agência Brasil

Operação mostra jornada exaustiva e uso de drogas por caminhoneiros


Uma operação realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostrou que 25,47% dos motoristas profissionais trabalham mais de 13 horas por dia e 56,6% trabalham, em média entre nove e 12 horas por dia. 

A Operação Jornada Legal demonstra também que 18,87% utilizam substâncias químicas, sendo que 2,83% disseram usar diariamente. A maioria (77,2%) alega que o motivo do uso é evitar o sono. Entre aqueles que trabalham mais de 16 horas, o número dos profissionais que confirmam que utilizam algum tipo de substância sobe para 50%.  

Os entrevistados foram submetidos a testes laboratoriais para detectar qual substância foi utilizada. Segundo dados colhidos nos últimos cinco anos, a droga mais utilizada é a cocaína (70% dos motoristas), seguida por maconha (15%), opióides (10%) e anfetaminas (5%), o rebite.  

Em relação ao descanso, a Operação mostrou que 12,26% dos motoristas dormem apenas entre quatro e cinco horas por dia. A maioria (58,49%) diz que dorme entre seis e oito horas por dia. O intervalo para refeições é feito entre 30 minutos e 1 hora para 60,38% dos motoristas abordados. 

Entre os entrevistados, 47,1% disseram fazer intervalo de menos de oito horas de descanso entre um dia e outro de trabalho, o que contraria a Lei dos Caminhoneiros, que determina 11 horas de descanso. 

De acordo com dados da operação, um a cada quatro motoristas fiscalizados foram autuados por descumprirem a lei em relação ao descanso. Ao longo de 2023, foram mais de 32 mil autos de infração, o que representa cerca de 33% do total de motoristas fiscalizados (cerca de 90 mil).

O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Fernando Oliveira, explica que os caminhoneiros sofrem uma grande pressão para o cumprimento de horário de entrega de cargas, o que faz com que eles se sacrifiquem além do horário de trabalho permitido por lei. “Um condutor extenuado perde a atenção e passa a ser um risco para ele próprio e para os outros usuários da rodovia”. 

Brasília, (DF) – 29/11/2023 – Entrevista coletiva, Operação Jornada Legal, Diretor-Geral da PRF, Antônio Fernando. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

Diretor-Geral da PRF, Antônio Fernando, em entrevista para detalhar a Operação Jornada Legal – Valter Campanato/Agência Brasil

A operação colheu 106 respostas entre os dias 28 e 29 de novembro deste ano, em cinco estados  (Rondônia, Bahia, Paraná e São Paulo e Distrito Federal), em grandes entroncamentos rodoviários do país e também na Ceagesp

Tempo de espera 

O tempo de espera na fila para carregar e descarregar os itens transportados é de mais de seis horas para 37,7% dos motoristas entrevistados. Outros 15% disseram esperar entre quatro e seis horas, 15% entre duas e quatro  horas e 32% disseram esperar menos de duas horas para retirar a carga do caminhão

Em julho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucionais trechos da Lei do Caminhoneiro (Lei 13.103/2015) em relação à jornada de trabalho, horas extras, descanso diário e semanal. Também foi derrubado o ponto da lei que excluía da jornada de trabalho o tempo em que o motorista ficava esperando pela carga ou pela descarga do veículo ou para a fiscalização da mercadoria.

O STF ainda deverá modular os efeitos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5322, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTT) contra a Lei dos Caminhoneiros. 

“A modulação pelo STF vai ser muito importante para saber se esse passivo tem que ser pago. Se prevalecer o entendimento que o tempo de espera realmente é o tempo de trabalho, vai ter que ser feito esse pagamento”, disse o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira. 

Segundo o MPT, em razão das violações, o passivo trabalhista durante oito anos de tramitação do processo soma cerca de R$ 500 bilhões. 




Fonte: Agência Brasil

Cinema: Festival de Brasília exibe produções em 4k pela primeira vez


A organização da sociedade civil Amigos do Futuro e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal anunciaram, nesta quarta-feira (29), que a 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro exibirá, pela primeira vez, todos os filmes com a tecnologia 4K. A ultra definição das produções deverá apresentar melhor qualidade nas telas, com imagens mais nítidas e detalhadas. O anúncio foi feito na divulgação da programação da edição do festival, o mais antigo no Brasil. Com o tema Na Casa do Cinema Brasileiro, o evento será entre 9 e 16 de dezembro. 

Na entrevista coletiva à imprensa, no Cine Brasília, o presidente da edição do evento, Fernando Borges, comentou sobre os investimentos em tecnologia de ponta, inclusive com o novo sistema de processamento de áudio específico (Dolby) para salas de projeção, o que deve aumentar o nível do festival. 

“É algo que nunca aconteceu e isso nos elenca, inclusive, a nível Brasil, junto aos grandes festivais. A gente teve que reconfigurar a nossa estratégia de aplicação dos recursos do edital [do Governo do Distrito Federal] para que a gente fizesse um investimento alto para trazer essa tecnologia 4k.  

Os organizadores explicaram, ainda, que os filmes produzidos com qualidade inferior a 4K serão adaptados à nova tecnologia digital.  

56º Festival de Brasíia do Cinema Brasieiro - 2023. Foto: Festival de Brasília/Divulgação

56º Festival de Brasíia do Cinema Brasieiro – 2023 – Festival de Brasília/Divulgação

Recorde 

A 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro registrou recorde de inscrições de filmes inscritos: 1.269 títulos, sendo 984 curtas e 285 longas, vindos de todas as cinco regiões do Brasil. 

Entre os filmes inscritos, 50,5% foram produzidos na região Sudeste; 21,6% são do Nordeste; 16,8%, Centro-Oeste; 11,5%, do Sul; e 3,5%, do Norte. Os estados que lideram o número de filmes inscritos foram São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco.  

A organização do festival aponta que a direção dos filmes ficou a cargo de homens em 60,7% dos filmes, 0,9% trans dos diretores são homens trans. As diretoras mulheres representaram 35,6%, e 0,6% mulheres trans. As pessoas não binárias dirigem 3,4% das produções. 

A diretora artística, curadora do festiva de Brasília e também diretora e atriz Anna Karina de Carvalho comemorou a diversidade de expressões brasileiras refletidas nos filmes, inclusive com produção indígena.

“A pluralidade de vozes reflete a diversidade de quem está por trás das câmeras, essencial em um país de tantas realidades. Em tela, o urbano e o rural, as ruas e as praias, o palco e a floresta, espaços cotidianos de vivência e sobrevivência que ganham novos contornos e significados e se engrandece, quando assimilados, traduzidos e vistos assim por nós, em conjunto”, disse Anna Karina em nome das comissões julgadoras de produções de longa e de curta metragens. “Esta não é a totalidade, mas, é um pequeno recorte dela, naquele tempo e naquele lugar, com tanto a dizer e muito a permanecer”, dimensiona Anna Karina. 

Homenagem 

Neste ano, o Festival de Brasília homenageia o ator Antonio Pitanga, de 84 anos. Na noite de abertura do evento, em 9 de dezembro, o artista receberá a estatueta Candango pelo conjunto da obra, para celebrar a carreira artística de cerca de seis décadas. Em vídeo, o ator Antonio Pitanga agradeceu antecipadamente a homenagem. “O festival É sempre uma grande tribuna política, social e cultural. Ser homenageado neste festival traz um afago ao coração, de uma carreira com mais de 64 anos, fazendo mais de 80 filmes. É uma alegria ser homenageado em vida, neste festival que é histórico e tem referência no mundo”. 

Programação

Nesta quarta-feira, a comissão organizadora do 56º Festival de Brasília apresentou os títulos, equipe de direção e a sinopse dos mais de 50 filmes selecionados para o evento. 

Durante os oito dias do evento, serão exibidos seis longas-metragens e 12 curtas-metragens participantes da Mostra Competitiva Nacional, que concorrerão ao Troféu Candango, entregue na cerimônia de encerramento, no Cine Brasília.  

Além destes, outros quatro longas e oito curtas foram anunciados como concorrentes ao 25º Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, na Mostra Brasília, voltada às produções do DF. Os vencedores serão escolhidos pelo júri técnico e pelo voto popular. 

A programação do festival também contará com mais 20 títulos nas três mostras paralelas: Outros Olhares, Coproduções e Festivalzinho. 

“A programação fecha o ano de 2023 com um suco narrativo de Brasis”, destaca a diretora artística Anna Karina. 

Segundo a diretora, o título do filme de abertura será anunciado na próxima semana.

A programação do festival também será composta por cinco oficinas de formação, no formato online, por meio da plataforma Zoom (de 11 a 15 de dezembro), seminários e encontros setoriais, masterclass, atividades de aceleração de projetos para o mercado, painéis que vão discutir, entre outros, a reconstrução do cinema brasileiro, as articulações em torno da Lei Paulo Gustavo (lei complementar 195/2022), a recuperação do setor audiovisual e a retomada das políticas setoriais.  

A programação completa estará disponível, em breve, do hotsite do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com a ficha técnica de cada um dos filmes concorrentes à premiação candanga e dos participantes das mostras.   

Acessibilidade 

Outra novidade do festival de cinema da capital federal é a ampliação da acessibilidade. A organização do festival apontou que 55,6% dos filmes inscritos já contam com recursos de acessibilidade.  

De acordo com Fernando Borges, a acessibilidade do festival seguirá o conceito 360º, com tradução para Língua Brasileira de Sinais (Libras), nas cerimônias de abertura e encerramento do evento; equipe especializada para atender e guiar as pessoas com deficiência presentes; e estrutura específica para garantir o fluxo de pessoas com mobilidade reduzida em todo o espaço físico do festival. Os filmes terão legenda descritiva para pessoas surdas e audiodescrição para pessoas cegas, acessíveis por aplicativo de celular. E ainda estão agendadas sessões exclusivas com acessibilidade no Festivalzinho.  “Nem todos os filmes dispunham dessa entrega. Mas com esse nosso investimento, deixamos isso, um legado para as obras”, conta Anna Karina. 

Fomento e incentivo 

O investimento de realização do festival foi de R$ 2,75 milhões, maior que os R$ 2 milhões disponibilizados pelo edital do festival de 2022. 

O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Claudio Abrantes, explicou que a gestão dele quer planejar antecipadamente e estruturar melhor o festival, para que o evento tenha protagonismo nos próximos anos e movimente toda cadeia de produção do audiovisual, com a geração de empregos e oportunidades na cidade.

“Nós estamos olhando e planejando um festival que seja estudado, trabalhado, que a classe audiovisual seja ouvida, que as instituições que operam e que o fizeram tragam suas impressões. Acima de tudo, que a gente olhe para esse festival como um bem cultural da nossa capital da República e, portanto, merece todos o zelo, trabalho, estudo e planejamento”, frisa o secretário.

Serviço – 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 

Data: 9 e 16 de dezembro 

Valor do ingresso: R$20 (inteira); R$ 10 (meia entrada), no Cine Brasília.  

Venda limitada a dois ingressos por pessoa 

Formas de pagamento: cartões de crédito e débito, dinheiro e PIX; 

Ingressos gratuitos nas demais localidades do festival, como os Complexos Culturais de Samambaia e Planaltina. 




Fonte: Agência Brasil

Com mensagem que vai além do que os olhos podem ver, Academia Venceslauense de Letras lança terceira coletânea de textos | Presidente Prudente e Região


Se você estiver atento às linhas escritas, pode perceber que há muito mais do que não se pode ver, mas, sim, como uma simples lembrança de longa data. Esta é a mensagem que a Academia Venceslauense de Letras (AVL) quer deixar em sua terceira coletânea de textos acadêmicos, denominada “Entrelinhas”.




Fonte: G1

Rio e Santos podem ter áreas invadidas pelo mar até 2059


Um estudo da plataforma Human Climate Horizons (HCH) divulgado nesta semana indica que o nível do mar poderá subir entre 20.09 cm e 24.27 cm junto à costa brasileira, até 2059, se não forem reduzidas as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).

Desenvolvido conjuntamente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pelo Laboratório de Impacto Climático (CIL), o aplicativo reúne uma série de informações que permitem perceber os possíveis impactos das alterações climáticas em mais de 24 mil regiões do mundo.

Ao se debruçar sobre as potenciais consequências das alterações climáticas para as terras costeiras, o levantamento revela que, caso a temperatura média global continue aumentando no ritmo atual, as inundações se tornarão cada vez mais frequentes, atingindo uma área cada vez maior, onde vivem hoje cerca de 14 milhões de pessoas.

Os responsáveis pelo estudo citam como exemplo, a cidade de Santos, no litoral paulista. Na avaliação de três possíveis cenários (baixa emissão de gases de efeito estufa; emissão intermediária e emissão muito alta), a plataforma projeta que o nível do mar, na região do maior porto da América Latina, subirá, respectivamente, 22.84 cm; 24.64 cm e 27.74 cm até 2059.

Risco de inundações

“Centenas de cidades altamente povoadas enfrentarão um risco acrescido de inundações até meados do século. Isto inclui terras que abrigam cerca de 5% da população de cidades costeiras como Santos, no Brasil; Cotonou, no Benin, e Calcutá, na Índia”, informa o estudo, ao destacar que “muitas regiões baixas ao longo das costas da América Latina, África e Sudeste Asiático podem enfrentar uma grave ameaça de inundação permanente, parte de uma tendência alarmante com potencial para desencadear uma reversão no desenvolvimento humano nas comunidades costeiras em todo o mundo”.

Outro município brasileiro, citado entre os que correm o risco de ver submergir até 5% de seu território, é a cidade do Rio de Janeiro, que, nos mesmos três cenários, enfrentaria uma elevação do nível do mar da ordem de 19,13cm (baixas emissões de GEE); 20,93cm (emissões intermediárias) e 23,84cm (emissões muito altas).

A Human Climate Horizons lembra que as emissões de gases de efeito estufa decorrentes da atividade humana contribuem para elevar a temperatura média do planeta. E que o aquecimento global, por sua vez, acelera o derretimento de camadas de gelo e glaciares, resultando em um maior volume d´água e, consequentemente, no aumento da superfície dos oceanos. O que fez com que a extensão das inundações costeiras tenham aumentado nos últimos 20 anos.

A Human Climate Horizons divulgou os novos dados “hiperlocais” dias antes do início da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), evento que ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes, de 30 de novembro a 12 de dezembro.

Durante a COP28, representantes de governos, empresas e da sociedade civil devem fazer um balanço da implementação do Acordo de Paris, estabelecido na COP21, em 2015, quando cada país signatário estabeleceu metas próprias de redução de emissão de gases de efeito estufa, denominada Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês).

A NDC brasileira, atualizada em 2023, estabelece que o Brasil deve reduzir as próprias emissões em 48% até 2025 e 53% até 2030, em relação às emissões de 2005.




Fonte: Agência Brasil